A foto acima, de Wagner Guilherme Adler/divulgação, começou a circular pelas redes sociais segunda-feira. Tentava expor uma ação sofrida por integrantes da Batalha da Estação, encontro do movimento hip hop caxiense acontecido domingo à tarde, no Largo da Estação. Foi no fim da tarde, depois das 18h. Os encontros de MCs, rappers, b.boys, b.girls e simpatizantes têm rolado pro ali há algum tempo. São as novas manifestações culturais geradas nas metrópoles, que sinalizam as expressões artísticas e inquietações sociais desse extrato da sociedade. É o grito do gueto, como se fala costumeiramente.
Batalhas de MCs têm gerando artistas importantes e hoje consagrados na MPB como Emicida e Criolo. Criolo, aliás, se apresenta em Caxias sexta-feira, na All Need, Master Hall. Em entrevista que me concedeu na semana passada, cuja íntegra deve ser publicada sexta-feira no Pioneiro impresso, ele diz que o hip hop salvou sua vida, mudou seu status social, o fez compreender o mundo, ressignificar sua trajetória. Ele tem circulado pelo mundo mostrando sua música, afirmando suas conquistas geradas pelo hip hop.
— Todos os dias agradeço pelo rap ter me escolhido. Lá atrás, quando eu falava que cantava rap, o povo ria de mim — afirmou.
O grafite, outro elemento dessa cultura, tem ajudado muita gente a construir uma alternativa artística e profissional. Estas são, sim, legítimas e importantes contribuições do movimento hip hop para a cultura aqui em Caxias, na região, no estado, no país, no mundo.
Uma prova de que essa moçada vem se organizando e tentando demarcar seu espaço foi a realização, há duas semanas, da 4ª Semana Hip Hop Caxias, e a aprovação de dois projetos daqui no edital do gênero da Funarte – Fundação Nacional das Artes, do Ministério da Cultura.
Um deles é do coletivo feminino Elo Delas, que vai lançar a Revista da Rua – Rima Impressa em 2015 com novidades, street art e trabalhos sociais inclusivos. Outro projeto é do D'Guria Crew, das b.girls Jéssica Viganó e Fernanda Rieta, que fará ações nas comunidades com saraus de literatura marginal, festival gastronômico da favela, vídeo debates e murais coletivos temáticos.
Até terça-feira à tarde não havia nenhum Boletim de Ocorrência registrado contra a ação. Portanto, o debate é em outra instância. Qual, como, por que, quando, onde? Tudo exige reflexão e determinação de diálogo.
Então, pensando nessa possível abordagem truculenta, existe a necessidade de refletirmos sobre possíveis comportamento discriminatórios, excludentes, preconceituosos. Afinal, ali, no Largo da Estação, ora com as batalhas de MCs, ora com shows sertanejos, festas de música eletrônica, festivais e tais, transitam as várias facetas da comunidade. Harmonizar este convívio, conviver com as diferenças, é fundamental.
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