resistência
Após dois meses, petistas mantêm mobilização no STF contra prisões e julgamento
Em dezembro, apoiadores de condenados no caso lavaram a estátua que simboliza a Justiça como protesto
Brasília – Diante de um sol forte, o tempo é de aumentar o número de bandeiras e ampliar as mobilizações. Com esse pensamento, os militantes petistas que mantêm acampamento há 44 dias em área próxima ao prédio do Supremo Tribunal Federal (STF), fazem reuniões para decidir se promovem ato público ou manifestação ainda esta semana. O objetivo é lembrar que, nesta quarta-feira (15), a decretação da prisão dos primeiros condenados na Ação Penal 470 completa dois meses e o sistema prisional determinado para eles durante a condenação, o semiaberto, ainda não foi cumprido.
O protesto, conforme explicaram, é contra a própria ação penal e a forma como foi realizado o julgamento por parte do STF, o fato do ex-ministro José Dirceu e do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares ainda não terem sido autorizados a trabalhar – e, assim, iniciar o semiaberto – e para que o ex-deputado José Genoino tenha sua pena revertida para regime domiciliar em caráter definitivo.
A articulação iniciou uma programação de debates com parlamentares, advogados e professores que se prontificaram a ir até o local para conversar com os acampados e visitantes uma vez por semana.
O participante de abertura, na última quinta-feira, foi o ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalg, que foi advogado de todos os condenados. O debate desta semana ainda está sendo montado, conforme contou um dos organizadores, o microempresário Pedro Henrichz, que integra a direção do PT no DF.
As preocupações do momento, porém, estão em torno de acompanhar a campanha de arrecadação de recursos para ajudar a pagar o valor da dívida estipulada pela Justiça a Genoino, cujo prazo se encerra dia 20. E, também, dar um reforço e mostrar companheirismo nos próximos acontecimentos resultantes da AP, com expectativa da prisão do ex-presidente da Câmara dos Deputados, deputado João Paulo Cunha (PT-SP), que pode vir a ser decretada nos próximos dias.
"Estamos fazendo um esforço de concentração em revezamentos, inclusive com colegas de outros estados, para acompanhar os companheiros. Fizemos isso quando foram presos Dirceu, Genoino e Delúbio e precisamos estar ao lado de João Paulo. Não será diferente com ele", afirmou um dos participantes do acampamento, Jáder Fernandes, integrante da Juventude do PT no Distrito Federal.
DF e outros estados
O acampamento conta com 20 pessoas que ficam no local todos os dias, mediante revezamentos para que possam ir em suas casas e trabalhar, e recebe uma média de 40 militantes diariamente. O local já recebeu petistas de São Paulo, Goiás, Paraná, Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Santa Catarina.
Nesta semana juntaram-se aos acampados dois catarinenses, dois paulistas, um paraense e duas cariocas. "Todos são militantes petistas que viajaram a Brasília apenas com essa finalidade de juntar-se a nós", contou Pedro Henrichz.
Henrichz esteve no Rio de Janeiro na última semana representando o acampamento, para participar de um comitê do partido em solidariedade aos condenados. Ele estará em São Paulo quinta-feira (16), quando comitê semelhante será criado em Osasco.
Inicialmente, o grupo ficou em pequeno número, acampado em frente à sede da Polícia Federal, em 15 de novembro. Poucos dias depois, se deslocou para a frente do presídio da Papuda, onde estão os petistas condenados.
No dia 26 do mesmo mês, se transferiram para a área ao lado do STF, onde estão até hoje. Integram esse movimento, médicos, profissionais liberais, servidores públicos, estudantes universitários e estudantes secundaristas, com idades entre 24 e 30 anos.
Até o início do recesso, em dezembro, eles constantemente vinham recebendo o apoio de parlamentares e membros de outras entidades como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e a Central de Movimentos Populares (CMP), entre outros.
"Não houve um movimento com os militantes do PT, realizado em Brasília nos últimos dois meses, em que os participantes não tivessem pedido para visitar o acampamento e se solidarizar com o pessoal. Isso aconteceu por ocasião do Congresso Nacional do partido, num encontro que reuniu vereadores de todo o país em novembro, durante o Fórum Mundial de Direitos Humanos e até mesmo em seminário do Ministério do Trabalho que trouxe técnicos para cá", afirmou o professor universitário Paulo Andrade, mestrando da Universidade de Brasília (UnB) e servidor do Legislativo.
"Somos uma mobilização multipartidária. Recebemos por aqui pessoas de várias instituições e legendas", acrescentou Jáder Fernandes.
Véspera de Natal
O grupo tem realizado reuniões desde a última semana e se articulado para a continuidade da mobilização a partir de agora. Os acampados têm se articulado e recebido doações para a compra de lanches e outros produtos básicos.
O acampamento também conta com a presença dos filhos de Genoino, Miruna, Ronan e Mariana, que têm ido até lá algumas vezes para agradecer pelos apoios recebidos e reforçar a mobilização.
"Não exigiremos nada mais que o cumprimento da lei, que defenderá o direito inviolável de que nossos companheiros sejam incorporados de maneira plena ao regime semiaberto, condição que lhes permitira prosseguir trabalhando, estudando e produzindo para a sociedade", enfatiza trecho da nota divulgada pelos militantes em dezembro passado, quando realizaram passeata pela Esplanada dos Ministérios. Segundo deixaram claro nesta manhã, o tom será mantido e a mobilização não tem prazo para acabar.
http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2014/01/militantes-petistas-intensificam-mobilizacao-em-acampamento-ao-lado-do-stf-7584.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário