Depois de terem consumado a nomeação de interventores 'confiáveis' para comandar as 'reformas de austeridade' na Itália e na Grécia, os mercados abriram a semana esfolando o Tesouro de Roma. Nesta 2ª feira, investidores ressabiados aceitavam comprar títulos públicos italianos, mas exigiram juros acima de 6%, superiores à média dos últimos meses. Taxas desse calibre vão drenar para os rentistas toda a economia que o interventor Mario Monti obtiver com o plano de arrocho social ditado pelos credores e o FMI, que inclui cortes de gastos com a infância e a velhice, a elevação da idade de aposentadoria e privatizações. Seria colocar o país sob o julgo de um colonialismo financeiro indissociável de um alto risco político. O que se presencia na Itália ilustra o clássico conflito de interesses entre os impulsos irrefletidos dos capitalistas individuais e a segurança mais geral do sistema. A incapacidade de coordenação é um apanágio de uma engrenagem que, deixada à própria sorte, exuda crises de superprodução (ontem de mercadorias, hoje de capitais). Resulta daí que nomes excessivamente 'amigáveis', como os de Monti e Papademos, talvez não tenham êxito em salvar o capitalismo dos próprios capitalistas.Em dúvida, os mercados optam pelo assalto imediato aos cofres públicos.
(Carta Maior; 2ª feira, 14/11/ 2011)
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