Pesquisas indicam vitória do candidato Maurício Funes, da Frente Farabundo Marti. Mas paira no ar a ameaça de fraude. El Salvador tem cerca de 5 milhões e 800 mil habitantes. Estão registrados para votar cerca de 4 milhões e 337 mil habitantes. A quantidade de eleitores, num país com a demografia de El Salvador, só é possível se o "padrão eleitoral" incluir mortos, eleitores fantasmas e eleitores com mais de um registro. Resultado deve ser conhecido no início da noite deste domingo.
Valter Pomar (*)
Os salvadorenhos vão às urnas neste domingo para eleger. A expectativa é de vitória de Maurício Funes, candidato da Frente Farabundo Marti. As últimas pesquisas dão a ele 8,9 pontos de vantagem frente ao candidato da Arena: 42,3% contra 33,4%. As mesmas pesquisas apontam uma simpatia de 48,4% em favor de Funes, contra 35,45 em favor do candidato da Arena.
Ao mesmo tempo, paira no ar a ameaça de fraude. El Salvador tem cerca de 5 milhões e 800 mil habitantes. Estão registrados para votar cerca de 4 milhões e 337 mil habitantes. A quantidade de eleitores, num país com a demografia de El Salvador, só é possível se o "padrão eleitoral" incluir mortos, eleitores fantasmas, eleitores com mais de um registro, etc.
Uma auditoria feita por um magistrado do Tribunal Eleitoral do país apontou a existência de 100 mil mortos, que continuam nas listas de votação. A mesma auditoria encontrou 300 mil pessoas sem domicílio conhecido. Foram localizados casos de eleitores com dois registros distintos. E registros eleitorais em que a foto do eleitor no registro é distinta da foto que consta do documento.
Em El Salvador, os eleitores votam por "apellido". Ou seja: voce vota no seu município, mas as urnas são organizadas pelo seu sobrenome. Ou seja: dois vizinhos, se tiverem sobrenomes começando por "Z" e por "A", votam em locais distintos. Isto prejudica os eleitores pobres, que têm dificuldades para se locomover até o local de votação.
Nas recentes eleições de janeiro, bem como nos últimos dias, constatou-se um fluxo de "eleitores" vindos de países vizinhos, para votar, com documentos falsos, na eleição de El Salvador. Empresários reuniram seus trabalhadores e disseram que registrassem (com máquinas fotográficas embutidas em celulares) seu voto; quem votasse em Funes e na FMLN, seria demitido.
Por fim, há notícias de que partidários da Arena pretendem tumultuar os locais de votação, após o meio-dia, naqueles locais onde há forte votação em favor de Funes.
A Arena controla 3 dos 5 magistrados do Tribunal eleitoral (que é composto por indicação dos partidos, portanto o 3x2 é institucionalizado).
A FMLN venceu por uma margem de 100 mil votos a eleição de janeiro de 2009. Maurício Funes recebe apoio de setores que em janeiro não votaram na FMLN. Logo, a fraude é o único mecanismo disponível para a direita. A FMLN tem 200 mil militantes mobilizados em todo o país. Milhares de observadores internacionais já estão no país. O governo dos EUA declarou (diferente da eleição passada) que não apóia nenhuma candidatura e que tratará igualmente com quem vencer.
O atual presidente e seu candidato disseram que aceitarão o resultado eleitoral, se Funes vencer. As urnas fecham as 17h (horário local). Às 18h30 é provável que já saibamos o resultado. Às 19h30 deve sair o primeiro boletim oficial. O fundamental é saber se a mobilização popular e a organização da campanha de Funes conseguirão suplantar a fraude.
(*) Valter Pomar é Secretário de Relações Internacionais do Partido dos Trabalhadores e está em El Salvador acompanhando a eleição presidencial.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=15825
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