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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

11.8.07

Agora, também nas bancas

Pronta edição em papel do
Le Monde Diplomatique Brasil.
Jornal publicará livros e terá,
na internet, caderno especial
para debater temas brasileiros.
Por trás das novidades,
uma articulação editorial inédita
entre entidades da sociedade civil
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Tudo o que é novo deveria estimular o jornalismo, mas há uma satisfação especial em difundir certas notícias. Quase oito anos após surgir no Brasil, e quinze meses depois de seu relançamento, Le Monde Diplomatique prepara, para as próximas semanas, três iniciativas que multiplicarão o seu alcance. Em 6 de agosto, chega às bancas uma edição em papel, com tiragem de 40 mil exemplares. Pouco depois, sairá o primeiro número de uma série de livros temáticos de bolso. Em setembro, começa a ser construído, na internet, o Caderno Brasil, um conjunto de canais participativos para debater em profundidade o país, a globalização e as alternativas. As novidades vêm num momento em que a mídia convencional vive uma crise de credibilidade junto a parte importante de seu público. E são possíveis porque duas organizações da sociedade civil (o Instituto Paulo Freire e o Instituto Pólis) construíram uma articulação inédita, visando atuar no terreno das comunicações – de forma autônoma, mas em colaboração.
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Ao Instituto Pólis caberá produzir a edição impressa. “É preciso preencher um espaço que está vazio na imprensa brasileira, oferecendo um olhar crítico e analítico sobre o mundo e o Brasil”, acredita Sílvio Caccia Bava, coordenador-geral do Pólis e agora também diretor da edição impressa do Le Monde Diplomatique. O número de agosto procura responder a este desafio. Na matéria de capa – uma entrevista –, o lingüista norte-americano Noam Chomsky descreve os mecanismos por meio dos quais a mídia procura construir consensos que reproduzem as lógicas do capitalismo. Chomsky nota, sempre apoiado em uma profusão de dados sociológicos e históricos, que muitas vezes esta construção se faz contra o senso comum. Pesquisas revelam, por exemplo, que 75% dos norte-americanos seriam favoráveis a um acordo com o Irã, que substituísse as crescentes ameaças de Washington àquele país – e uma maioria consistente defende a redução do orçamento militar. Contudo, assim como ocorreu nos preparativos para a guerra contra o Iraque, os jornais reproduzem freqüentemente, e quase sempre de modo acrítico, as provocações por meio das quais a Casa Branca procura apontar Teerã como uma ameaça à segurança dos EUA.

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Dezessete outros textos compõem o número de lançamento. Além da matéria de capa, foram taduzidos do original francês autores como Armand Mattelart, Bernard Cassen, Pierre Lévy e o romancista inglês John Berger. Entre os temas debatidos estão o papel dos intelectuais na era da internet, os esforços da indústria farmacêutica para criar medicamentos que podem se tornar armas de guerra, a redescoberta das literaturas indianas (um texto já publicado na edição eletrônica). A edição é enriquecida com artigos de colaboradores brasileiros, como José Tadeu Arantes (que é o editor da versão impressa e entrevista Antanas Mokus, “o homem que reinventou Bogotá”); Roberto Kishinami (que traz subsídios para o debate sobre o etanol); Márcio Santili (num texto que debate alternativas para a Amazônia); Ferréz (uma crônica mordaz sobre a emergência da cultura das periferias, suas possibilidades e contradições) e o próprio Sílvio Caccia Bava (que especula sobre a crise do neoliberalismo na América Latina). Impressa em papel acetinado e de alta gramatura, a edição tem 40 páginas e é vendida a R$ 8,90.

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Uma série de livros temáticos e um site cada vez mais visitado
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Em 13 de agosto, uma semana após o lançamento da edição mensal impressa, chega às livrarias Alternativas ao Aquecimento Global, primeiro livro temático publicado pelo projeto Le Monde Diplomatique Brasil. Ao longo de sete artigos (em 128 páginas), a obra constrói um ponto de vista original, em relação a um dos temas contemporâneos mais cruciais. Os textos recusam-se a aceitar a postura fatalista (e, portanto, paralisante...) que passou a predominar na mídia, depois que se tornou impossível negar a elevação das temperaturas terrestres. Argumenta-se, ao contrário, que o futuro está em aberto. Há alternativas: é perfeitamente possível evitar a catástrofe climática – desde que a humanidade esteja disposta a superar as lógicas sociais destrutivas que caracterizam o capitalismo. O livro estará à venda também pela internet. Impresso em papel reciclável, custará R$ 15. Já é possível ler uma breve
resenha, que apresenta o sentido da obra e de cada um de seus textos.
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Uma nova edição temática será lançada a cada três meses. Além de publicarem artigos inéditos de autores brasileiros (no primeiro número, Ladislau Dowbor e Antonio Martins), elas apóiam-se na biblioteca de quase 2 mil textos (e mais de quinhentos temas) que Le Monde Diplomatique Brasil vem constituindo, na internet, desde seu lançamento, em 1999. A circulação destes textos é regida pelos princípios expressos no conceito de conhecimento compartilhado. Disponíveis em www.diplo.org.br/temas), eles podem ser lidos e reproduzidos livremente, desde que citada a fonte. A edição impressa oferece o conforto do papel e a praticidade do formato de bolso.
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Tanto os livros temáticos quanto a edição eletrônica estão sob responsabilidade do Instituto Paulo Freire (IPF). “Vivemos na época das redes. A profundidade e o espírito crítico de Le Monde Diplomatique precisam estar ligados, no Brasil, às ações pela transformação social. E a internet permite esta associação”, afirma Moacir Gadotti, diretor geral do IPF. Sua fala antecipa o sentido das mudanças por que passará o site do jornal.
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Relançado em maio do ano passado, ele vem alcançando, desde então, índices expressivos de audiência – em julho, foram 11 mil textos lidos em média, a cada dia, por um total de 74,9 mil visitantes. A partir de setembro, o site abrigará também o Caderno Brasil – um espaço onde a análise qualificada das questões mais decisivas da atualidade, marca registrada do Le Monde Diplomatique, estará articulada com as principais características da comunicação compartilhada: interatividade, livre circulação de conhecimentos, geração de inteligência coletiva.

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No Caderno Brasil, altermundismo e comunicação compatilhada
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Caderno Brasil terá dois objetivos editoriais permanentes. Ao examinar a realidade brasileira e internacional além das aparências, procurará identificar em especial as possibilidades de mudança social, de interromper as lógicas da dominação, de construir relações de igualdade e reciprocidade. Ao mesmo tempo, buscará tornar visíveis as ações transformadoras já em curso – inclusive as desprezadas pela mídia de mercado, que reconhece como política apenas o que se dá nos espaços institucionais e estatais.
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Estes objetivos serão alcançados em duas fases. Na primeira, que começa em setembro, Caderno Brasil abrirá espaço para um conjunto de colaboradores que expressam, por suas ações ou reflexão, a possibilidade de um mundo e um país novos. Alguns dos convidados são conhecidos pelo papel destacado que desempenham na construção do pensamento crítico: entre outros, o economista Ladislau Dowbor, o filósofo Paulo Arantes, o sociólogo José Luiz Fiori, a arquiteta Ermínia Maricato, a jornalista Elisabeth Carvalho. Caderno Brasil não pretende se limitar, contudo, aos nomes que já freqüentam o debate político. Uma das características mais marcantes de nossos dias é a emergência novos temas e novas vozes. Por isso, também estão sendo convidados personagens como Dalton Martins, do MetaReciclagem e Escola do Futuro; Fátima Mello, das campanhas contra a ALCA e por novas relações de comércio; Marcelo Branco, das comunidades de software livre; Ronaldo Lemos, do Creative Commons. O escritor Rodrigo Gurgel organizará uma seção de literatura. O site também difundirá o trabalho de artistas plásticos, numa iniciativa coordenada por Chico Linares, Guilherme Werner (do ateliê Espaço Coringa) e Yili Rojas. Além de indicar possíveis colaboradores, os leitores poderão intervir num Blog da Redação.
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Numa segunda etapa, a interatividade será ainda mais densa. O jornal abrirá canais para participação direta dos leitores. Uma revista acadêmica multidisciplinar, coordenada por Ladislau Dowbor, abrigará a produção de boa qualidade das universidades brasileiras, muitas vezes desconhecida por falta de meios de difusão. Os avanços, impasses e perspectivas dos movimentos pela transformação social terão uma seção própria, onde os próprios ativistas poderão relatar experiências e refletir sobre ela. A Agenda Social Brasileira permitirá compor, como num mosaico contruído interativamente, um quadro das iniciativas desenvolvidas pela sociedade civil. A Biblioteca que o site já dispõe será ampliada, para agregar, em cada tema, publicações virtuais e impressas que produzem material de qualidade a respeito.

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Para trocar opiniões sobre o Caderno Brasil e ajudar a construí-lo, está sendo aberto, a partir de hoje, um endereço eletrônico específico:
cadernobrasil@diplo.org.br. Será uma satisfação receber e debater, desde já, as sugestões, críticas e acréscimos dos leitores ao projeto.
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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz