Perícia limpou arma e modificou local onde promotor argentino morreu, mostra vídeo
Do Opera Mundi
Um vídeo divulgado na noite do último domingo (31), pelo jornalista argentino Jorge Lanata, mostra uma gravação feita pela Polícia Federal na qual peritos limpam o sangue contido na arma que matou o promotor argentino Alberto Nisman, encontrado sem vida em meados de janeiro e cuja causa da morte ainda é desconhecida. "Eu nunca tive nenhuma dúvida de que mataram Nisman. Mas nunca poderemos saber porque a cena foi contaminada", disse o apresentador.
Nisman morreu antes de apresentar uma denúncia na qual acusaria a presidente Cristina Kirchner de ter acobertado o suposto papel do Irã no atentado contra uma entidade judaica que aconteceu em Buenos Aires e deixou 85 pessoas mortas, em 1994. A A Justiça, posteriormente, negou abrir processo contra ela.
Perícia
A gravação mostra diversos peritos pisando sobre a poça de sangue que se encontra no banheiro onde estava o corpo, além de diversos profissionais trabalhando sem luvas ou proteção para os calçados. Após a ação, o banheiro fica completamente modificado, com uma série de pegadas que não são originais da cena do crime. A própria promotora responsável pelo caso, Viviana Fein, também pisa sobre o sangue.
Pelo menos três outras inspeções foram realizadas no apartamento, sem que se encontrassem provas suficientes para determinar o ocorrido.
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O vídeo mostra ainda que o carregador da arma está limpo, enquanto a arma está completamente suja de sangue. O perito, no entanto, retira o carregador e o manipula com as mãos sujas de sangue, que estava contido na arma, sujando-o. A ação pode ter complicado a identificação de digitais que não sejam de Nisman.
Além disso, outro ponto controverso é o fato de a arma do crime não apresentar nenhuma digital de Diego Lagomarsino, o técnico em informática que disse ter entregue o material a Nisman e inclusive, o teria ensinado a manejar o equipamento. Logo, deveria conter suas digitais, já que em seu depoimento, deixou claro que tocou a arma.
Já o médico legista apresentado por Lagomarsino, Mariano Castex, declarou que não houve "nada de anormal" no procedimento realizado no apartamento de Nisman, ressaltando que os peritos agiram com "profissionalismo" e ressaltou que, embora o vídeo seja real, as imagens estão editadas.
Outro lado
A promotora responsável pelo caso, e que estava no momento da gravação, Viviana Fein, se defendeu, na manhã desta segunda-feira (01/06), dizendo que a limpeza parcial da arma foi feita para identificá-la e garantiu que a cena não foi contaminada. "Se eu não tivesse entrado no banheiro, teriam dito que não poderia atestar tudo o que ocorreu ali", disse, em declarações à rádio Vorterix.
Com relação ao controverso fato de limpar a arma com papel higiênico, a fiscal esclareceu que se tratou de "localizar a numeração da arma e seu calibre (…). Em qualquer procedimento policial é preciso identificar a numeração da arma" e ressaltou que caso o procedimento não tivesse sido feito, poderia ter sido questionada a autenticidade do armamento apresentado. Ela assegurou ainda que no prazo de um mês terá "todas as respostas" para determinar a causa da morte do promotor.
Para o chefe de gabinete da presidente Cristina Kirchner, Aníbal Fernández, o vídeo não muda nada, "apenas exibe a tarefa que faz a perícia" e ressalta que todas as forças de segurança presentes respondiam "única e exclusivamente à promotora Viviana Fein".
Computador
Outro ponto controverso da investigação se deve ao fato de que a perícia informática realizada no computador portátil de Nisman revelou que o mesmo foi usado pouco depois da hora estimada de sua morte, como informou o jornal La Nación ontem.
O acesso local, não remoto, teria acontecido às 20h07 (em Brasília) do dia 18 de janeiro, quando o promotor já estava morto, mas seu corpo, com um tiro na cabeça, ainda não tinha sido descoberto no banheiro de seu apartamento de Buenos Aires.
As investigações detectaram que foram introduzidos três pen-drives na máquina e os investigadores suspeitam que informações podem ter sido apagadas, segundo revelaram as fontes ao jornal. No entanto, existe a possibilidade de o horário do computador ter sido manipulado.
Apesar de a investigação ser sigilosa, há alguns meses aconteceu um outro vazamento, no qual foi revelado que o computador fora usado na manhã do domingo em que Nisman morreu para consultar seu e-mail e as manchetes de alguns jornais argentinos.
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