Pedrinho Guareschi *
Uma das melhores pesquisas (e análises) que tenho visto nos últimos meses é a do Instituto Vox Populi sobre os "sentimentos e expectativas a respeito da economia". É impressionante. Para maiores detalhes remeto à Carta Capital, 03/06/20115, pg. 53, um artigo de Marcos Coimbra, a quem peço permissão para fazer uso de alguns dados.
A constatação da pesquisa é que a quase totalidade dos brasileiros, depois de ser bombardeada durante tanto tempo com a noção de "crise", perdeu a capacidade de enxergar com realismo a situação da economia. Vejam os dados impressionantes:
- A respeito da quantia imaginada para comprar, DAQUI A UM MÊS, o que se compra hoje com 100 reais, 98% desconfiam de que vão precisar mais, ou MUITO MAIS: 73% temem uma alta superior a 10%. Quase a metade. 47%, estima uma inflação acima de 20%. E 35% receiam que os preços subirão mais de 30%. Num mês! Que tal?
- Perguntados sobre como estará a situação NO FIM DO ANO, 1% dizem que os preços subirão em média 5%. Outro 1%, estima uma alta entre 5 a 10%. Resumindo: 1% errou para menos, e 1% está na média. Agora vejam: 98% ERRARAM PARA MAIS, DESMESURADAMENTE: quase a metade, se apavora com a perspectiva de uma inflação superior a 50%! E destes, um terço fantasia uma inflação de 80%!
- Quanto ao desemprego HOJE: apenas 7% sabem que hoje o desemprego é menos de 10%. Um quarto (25%) acredita que o desemprego varia de 10 a 30%. E 38% imaginam que a proporção de brasileiros sem emprego ultrapassa 40%!
- Desemprego NO FIM DO ANO: 40% acreditam que o desemprego em dezembro vai castigar METADE DA POPULAÇÃO ATIVA!
Pergunto: - Como explicar uma aberração dessas? Agora, se você assiste o noticiário da "Grande Mídia", não vai estranhar que as pessoas achem que estamos "em crise". Exemplo foi o Jornal Nacional de ontem à noite (dia 03 de junho) sobre o tema, com mais de 5 minutos de duração, entrevistando donas de casa "apavoradas", escolhidas especialmente para as entrevistas. O clima é de crise assustadora!
- Segunda pergunta: até quando é possível SUPORTAR uma mídia assim? Onde o limite? Uma mídia que diz o que quer, quando quer, quanto quer, como quer, quantas vezes quiser, a uma imensa população que não tem voz, nem vez, para poder dizer sua palavra. É possível continuar sem que seja regulamentado o que aConstituição Brasileira de 1988 diz que "não pode haver monopólios, nem oligopólios", que o primeiro princípio dos meios eletrônicos é EDUCAR a população, INFORMAR com isenção?
Volto ao título do comentário: Minha opinião (minha, por favor, não aceite, mas pense!) é que temos aqui um excelente exemplo de COMO FABRICAR ASSUSTADOS, PARA PRODUZIR INSATISFEITOS... Contra quem? Interessa a quem? Responda você mesmo!
É o que psicólogos sociais ao analisarem estratégias de manipulação e dominação chamam de "profecias auto-realizadas": diga que vai ser assim... e as pessoas, apavoradas, acabam realizando a profecia!
http://fepoliticaetrabalho.blogspot.com.br/2015/06/fabricar-assustados-para-produzir.html
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