"A América Latina perde um de seus maiores líderes"
Para o professor de relações internacionais da UFABC Igor Fuser, mesmo com a morte de Chávez, a revolução na Venezuela continua
07/03/2013
Vivian Fernandes,
De São Paulo, da Radioagência NP
"Para as forças progressistas do mundo inteiro, Chávez foi o dirigente que mostrou que a revolução é possível. A Venezuela é hoje o país do mundo mais próximo daquilo que pode ser definido como uma revolução. Revolução como um processo profundo, radical, de transferência de poder e de riqueza de elites privilegiadas para a classe trabalhadora, para as grandes massas da população", explica o professor.
Fuser ressalta as mudanças nos indicadores sociais durante o governo Chávez. Ele cita que o índice de pobreza extrema no país caiu de 20% para 8,5% e o de pessoas na pobreza diminui de 30% para 23%. O número de alunos matriculados no ensino médio aumentou mais de 50% e o analfabetismo praticamente terminou.
"A grande mudança, o que a gente precisa ver antes de qualquer coisa, é o que significou o Chávez para aquelas pessoas que mais interessam, que são os venezuelanos, para a maioria da população: os trabalhadores. Para essas pessoas, a experiência do Chávez significou uma transformação espetacular", afirma.
Revolução bolivariana
Ainda sobre o significado da revolução bolivariana da Venezuela, Fuser destaca uma de suas características, que é ser uma revolução pacífica que conta com o apoio das Forças Armadas (fruto da origem militar de Chávez), associada à grande participação popular.
"O Chávez aponta um caminho, um caminho de uma revolução popular, com uma participação muito ampla, muito profunda da população, das classes populares, dos moradores das comunidades. E uma revolução que acontece na democracia, preservando-se a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa", explica.
Autonomia e Integração regional
A chegada de Chávez à presidência da Venezuela, em 1999, inaugurou um período em que outros governos progressistas se elegeram pela região. Consideradas as diferenças entre os mandatos, o professor destaca o início de um novo ciclo na história latino-americana.
"Existe de uma forma amplamente generalizada, um movimento de busca de maior autonomia internacional, autonomia em relação aos Estados Unidos, e um compromisso muito maior entre os governos e suas populações", analisa.
Sucessão
O cenário que se desenha com a morte de Chávez não se mostra incerto na visão de Fuser. Com a eleição prevista para ocorrer nos próximos 30 dias, como dita a Constituição, a continuidade da política chavista através de Nicolás Maduro é o mais provável em sua opinião.
"A ideia de que a morte do Chávez ia levar a uma situação de caos, de tumulto na Venezuela, de luta desenfreada pelo poder; o que nós estamos vendo é exatamente o contrário. É uma população tranquila, triste, chorando a morte do seu grande líder, e numa situação bastante definida. Haverá eleições, o sucessor designado pelo Chávez, Nicolás Maduro, será o candidato. As pesquisas todas apontam, ele é o grande favorito para ganhar as eleições", afirma.
Até a nova eleição, o vice Nicolás Maduro assumiu a presidência.
Despedida
Diversos líderes políticos internacionais manifestaram pesar pelo falecimento do líder venezuelano. A presidenta brasileira Dilma Rousseff declarou que "o presidente Chávez foi, sem dúvida, uma liderança comprometida com seu país e o desenvolvimento dos povos da América Latina". E que ele é "um amigo do povo brasileiro".
O funeral do dirigente ocorre nesta sexta-feira (8), do qual participarão diversos presidentes de países latino-americanos, como o boliviano Evo Morales, o uruguaio José Mujica e a argentina Cristina Kirchner, que já se encontram na Venezuela.
Foto: Prensa Presidencial
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