quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
A outra história do "mensalão" Por Renata Mielli, no sítio do Centro de Estudos Barão de Itararé:
Paulo Moreira Leite foi uma das poucas vozes dissonantes na cobertura do mensalão. O resultado de um trabalho jornalístico sério e que mostra os inúmeros erros do julgamento da Ação Penal 470 – um julgamento político como frisa em toda oportunidade – é o livro A outra história do mensalão, lançado na noite desta terça-feira no Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, numa coletiva para blogueiros e para a mídia alternativa.
Moreira Leite não esconde o orgulho deste trabalho “o que eu estou conquistando é uma coisa chamada liberdade”. E alerta que o julgamento do mensalão, na verdade, ainda não terminou. “Depois das sentenças brutais, o próximo passo é investigar o ex-presidente Lula”.
Ao longo de duas horas de debate o jornalista respondeu questões sobre o mensalão, mas também sobre o ambiente político no Brasil, o papel da mídia na disputa política atual, se há espaço para algum tipo de golpe político como ocorreu em países vizinhos (Honduras e Paraguai), a necessidade de haver uma democratização do Poder Judiciário e dos Meios de Comunicação.
Sentenças brutais e sem base em fatos
Para o jornalista todo esse processo abre precedentes preocupantes, “pois concedeu penas severas com provas que estão longe de ser substanciais. A teoria do domínio de fato junta fatos que não conseguem ser provados”. Ele cita os inúmeros exemplos como a já comprovada ausência de recursos públicos – como aponta parecer do Tribunal de Contas da União e auditorias do Banco do Brasil.
Outro problema é a perda da independência entre os poderes. “O supremo trouxe para si a tarefa de decidir sobre o mandato dos deputados. Isso afeta a divisão de poder. Temos um órgão que não é eleito pelo voto popular decidindo sobre mandatos soberanamente eleitos pelo povo”, chama atenção.
Ele está convencido que houve muitas injustiças neste processo. Ao ser questionado sobre o mensalão tucano ele diz não haver comparação. “O que representa o Eduardo Azeredo para a história da luta política nacional? Ele não tem o mesmo papel que José Genoino e José Dirceu que combateram a ditadura, que foram presos, torturados, exilados. Eles tiveram seus direitos desrespeitados antes e depois da democracia e isso é irreparável. O mesmo tribunal que não julgou os crimes cometidos pela ditadura contra o Genoino, agora julga o deputado e o condena”.
Oposição desaprendeu a ganhar na democracia
Na opinião de Moreira Leite, o processo do mensalão é a primeira derrota política do presidente Lula desde a eleição de 2002. “É preciso entender que as pessoas que foram vencidas em 2002, depois foram vencidas em 2006, derrotados em 2010 e mais uma vez derrotados em 2012 estão muito irritados. Os adversários estão procurando todas as maneiras para ganhar, porque eles desaprenderam a ganhar na democracia. Eles nem têm candidatos. Lançaram até o Joaquim Barbosa. A questão é que a burguesia não aceita mais fazer concessões. Não aceita mais os avanços conquistados, que são mínimos e já deveriam ter sido feitos há muito tempo”, avalia.
Sobre um certo silêncio dos aliados e do partido dos réus, que poderia ter enfrentado de forma mais aberta o embate político ele diz: “Muita gente não estava entendendo o que estava acontecendo. Demoraram muito para acordar e enfrentar o debate”.
A mídia expressa seu interesse de classe
A luta pela democratização da comunicação é fundamental para a sociedade, afirma o jornalista, mas ele não vê esse avanço num curto prazo. “Se pelo menos conseguíssemos fazer valer o que já está na Constituição, já seria um bom avanço”, aponta, mas em seguida alerta: “De toda forma, não basta mexer na lei, tem que criar um público”.
Moreira Leite disse que a mídia expressa um interesse de classe, e por isso a outra classe precisa ter outra mídia para dar vazão a suas ideias, suas notícias, e cativar um público.
Isso porque para ele o Brasil está vivendo um momento de radicalização da política, no qual as ideias não podem mais ser disfarçadas.
Transmissão ao vivo
O debate, que foi transmitido ao vivo pela TVT, teve uma audiência de mais de 2 mil internautas, que buscaram uma outra informação sobre o episódio político que marcou o ano de 2012.
Paulo Moreira Leite foi uma das poucas vozes dissonantes na cobertura do mensalão. O resultado de um trabalho jornalístico sério e que mostra os inúmeros erros do julgamento da Ação Penal 470 – um julgamento político como frisa em toda oportunidade – é o livro A outra história do mensalão, lançado na noite desta terça-feira no Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, numa coletiva para blogueiros e para a mídia alternativa.
Moreira Leite não esconde o orgulho deste trabalho “o que eu estou conquistando é uma coisa chamada liberdade”. E alerta que o julgamento do mensalão, na verdade, ainda não terminou. “Depois das sentenças brutais, o próximo passo é investigar o ex-presidente Lula”.
Ao longo de duas horas de debate o jornalista respondeu questões sobre o mensalão, mas também sobre o ambiente político no Brasil, o papel da mídia na disputa política atual, se há espaço para algum tipo de golpe político como ocorreu em países vizinhos (Honduras e Paraguai), a necessidade de haver uma democratização do Poder Judiciário e dos Meios de Comunicação.
Sentenças brutais e sem base em fatos
Para o jornalista todo esse processo abre precedentes preocupantes, “pois concedeu penas severas com provas que estão longe de ser substanciais. A teoria do domínio de fato junta fatos que não conseguem ser provados”. Ele cita os inúmeros exemplos como a já comprovada ausência de recursos públicos – como aponta parecer do Tribunal de Contas da União e auditorias do Banco do Brasil.
Outro problema é a perda da independência entre os poderes. “O supremo trouxe para si a tarefa de decidir sobre o mandato dos deputados. Isso afeta a divisão de poder. Temos um órgão que não é eleito pelo voto popular decidindo sobre mandatos soberanamente eleitos pelo povo”, chama atenção.
Ele está convencido que houve muitas injustiças neste processo. Ao ser questionado sobre o mensalão tucano ele diz não haver comparação. “O que representa o Eduardo Azeredo para a história da luta política nacional? Ele não tem o mesmo papel que José Genoino e José Dirceu que combateram a ditadura, que foram presos, torturados, exilados. Eles tiveram seus direitos desrespeitados antes e depois da democracia e isso é irreparável. O mesmo tribunal que não julgou os crimes cometidos pela ditadura contra o Genoino, agora julga o deputado e o condena”.
Oposição desaprendeu a ganhar na democracia
Na opinião de Moreira Leite, o processo do mensalão é a primeira derrota política do presidente Lula desde a eleição de 2002. “É preciso entender que as pessoas que foram vencidas em 2002, depois foram vencidas em 2006, derrotados em 2010 e mais uma vez derrotados em 2012 estão muito irritados. Os adversários estão procurando todas as maneiras para ganhar, porque eles desaprenderam a ganhar na democracia. Eles nem têm candidatos. Lançaram até o Joaquim Barbosa. A questão é que a burguesia não aceita mais fazer concessões. Não aceita mais os avanços conquistados, que são mínimos e já deveriam ter sido feitos há muito tempo”, avalia.
Sobre um certo silêncio dos aliados e do partido dos réus, que poderia ter enfrentado de forma mais aberta o embate político ele diz: “Muita gente não estava entendendo o que estava acontecendo. Demoraram muito para acordar e enfrentar o debate”.
A mídia expressa seu interesse de classe
A luta pela democratização da comunicação é fundamental para a sociedade, afirma o jornalista, mas ele não vê esse avanço num curto prazo. “Se pelo menos conseguíssemos fazer valer o que já está na Constituição, já seria um bom avanço”, aponta, mas em seguida alerta: “De toda forma, não basta mexer na lei, tem que criar um público”.
Moreira Leite disse que a mídia expressa um interesse de classe, e por isso a outra classe precisa ter outra mídia para dar vazão a suas ideias, suas notícias, e cativar um público.
Isso porque para ele o Brasil está vivendo um momento de radicalização da política, no qual as ideias não podem mais ser disfarçadas.
Transmissão ao vivo
O debate, que foi transmitido ao vivo pela TVT, teve uma audiência de mais de 2 mil internautas, que buscaram uma outra informação sobre o episódio político que marcou o ano de 2012.
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