A mídia latino-americana é cada vez mais igual, de um país a outro: age como um bloco político e ideológico de direita, cada vez mais homogêneo. Faz oposição cerrada, em bloco, em países como o Brasil, a Argentina, a Bolívia, a Venezuela, o Equador. Isto é, se opõe frontalmente ao processo de transformações em curso no continente.
No segundo turno das eleições presidenciais brasileiras, Marco Aurélio Garcia pegou no nervo, quando disse duas coisas aos funcionários dessa mídia em uma entrevista coletiva, absolutamente verídicas e inquestionáveis: que em um país como a Espanha, quem quiser ler um jornal de esquerda compra o El País, quem quiser ler um jornal de direita compra o ABC. Enquanto que, no Brasil, todos os jornais são da mesma filiação ideológica, de direita. O outro comentário feito por Garcia foi dizer a esses empregados dos órgãos da imprensa oligárquica que o PT se ocupa da sua democracia interna, e que eles se ocupassem da democracia – absolutamente inexistente – nas redações onde trabalham.
Mas cada vez mais podemos contornar esses órgãos – que cada vez mais parecem ser redigidos por uma única pessoa, assemelhando-se todos entre si – e buscar fontes alternativas de informação e discussão. A necessidade de informação local pode nos levar a assinar um jornal, mas podemos informar-nos pela internet. Assim, contribuímos para a irresistível decadência de tiragem dos jornais, que este ano descerão da casa dos 200 mil exemplares diários, e deixamos de "financiar" suas campanhas direitistas.
Claro que temos os órgãos impressos alternativos, como Carta Capital, Brasil de Fato, Caros Amigos, Forum, entre outros. Mas é bastante útil acessar e ler diariamente ao melhor jornal do continente – o La Jornada, do México (www.jornada.unam.mx), de acesso gratuito, especialmente na sua cobertura internacional e da América Latina em particular, assim como os artigos de debate e a cobertura da situação mexicana.
Da mesma forma, é bastante útil a leitura do Página 12, da Argentina (www.pagina12.com.ar), também de acesso gratuito. Esses jornais são a melhor fonte para seguir cotidianamente a situação na Bolívia, no Equador, na Venezuela, em Cuba – em suma, nos países que perturbam a hegemonia da direita no continente, tanto do império quanto do oligopólio midiático de cada país e que, por isso, são vítimas especiais das deformações e das campanhas desqualificadoras.
O espanhol El Pais – este de acesso restrito (www.elpais.com.es) - também é fonte que pode resultar útil, embora sobre a Venezuela e Cuba seja particularmente hostil.
Na internet se pode encontrar muitas páginas alternativas, além de Carta Maior (www.cartamaior.com.br), inclusive as de jornalistas que trabalham na mídia tradicional – como Paulo Henrique Amorim (www.ig.com.br), Luis Nassif , além do blog do próprio Mino Carta, na página da Carta Capital (www.cartacapital.com.br), entre outros que ajudam a diversificar a informação.
Entre as publicações internacionais, é indispensável a leitura do Le Monde Diplomatique, que pode ser encontrado na página do UOL. Da mesma forma, a revista estadunidense The Nation (www.thenation.com) tem textos muito bons. Como revistas teóricas, há várias boas no Brasil, dentre elas Margem Esquerda (www.boitempoeditorial.com.br), Crítica Marxista (www.revan.com.br). Dentre as revistas teóricas internacionais, considero a melhor a New Left Review, que tem edição em inglês e em castelhano, acessíveis na página www.newleftreview.org).
Aqueles que tenham outras sugestões de fontes alternativas, de qualquer tipo, que favoreçam uma informação crítica e plural, além de promover debates frutíferos com visões progressistas, podem escrever, para que enriqueçamos a informação coletiva nesta luta contra o monopólio da palavra e pela criação de consensos democráticos no Brasil.
Postado por Emir Sader, em 17/02/2007 às 17:52
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