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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

11.2.16

Romaria da Terra

10/fev./2016, 19h22min

No coração do latifúndio gaúcho, trabalhadores celebram a terra e o herói indígena Sepé Tiaraju

Foto: Leandro Molina

Foto: Leandro Molina

Catiana de Medeiros

Da Página do MST

"Este é um momento de reflexão, oração e agradecimento por tudo o que a terra nos dá. É onde viemos buscar novas forças e renovar nossa fé para seguir produzindo e trabalhando no campo, porque a luta pela vida e a terra é diária e eterna", explicou a assentada da reforma agrária Adriana de Almeida, 39 anos, enquanto acompanhava romeiros e romeiras na caminhada da 39ª Romaria da Terra.

O evento aconteceu na terça-feira (9), em São Gabriel, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, região conhecia como o coração do latifúndio gaúcho, que tem em sua marca a monocultura de soja transgênica e o uso abusivo de agrotóxicos. Mas São Gabriel também tem histórias de luta e resistência: é onde as forças da segurança do Estado matou o Sem Terra Elton Brum da Silva, em 2009, durante reintegração de posse da Fazenda Southall. Hoje, o município conta com oito assentamentos e abriga 700 famílias Sem Terra que produzem arroz agroecológico e outros alimentos livres de venenos.

Foi em São Gabriel que também tombou o herói indígena Sepé Tiaraju e seus 1,5 mil companheiros que lutavam em defesa da terra, do seu povo e de uma vida pacífica em seu território. Esta edição da romaria, organizada pela Comissão da Pastoral da Terra (CPT-RS) com o apoio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Diocese de Bagé e Conselho Indigenista Missionário (Cimi), provocou a reflexão sobre os 260 anos do martírio, completados no dia 7 de fevereiro.

Foto: Leandro Molina

Foto: Leandro Molina

Na caminhada, cerca de 12 mil trabalhadores do campo e da cidade fizeram suas orações e acompanharam o legado deixado por Sepé e os indígenas massacrados. Ela iniciou na Sanga da Bica, no Centro da cidade, onde o herói foi morto, e encerrou no Parque Tradicionalista Municipal.

Durante o trajeto, ocorreram sete paradas em celebração às reduções jesuíticas: São Francisco de Borja, São Nicolau, São Miguel Arcanjo, São Lourenço Mártir, São João Batista, São Luiz Gonzaga e Santo Ângelo Custódio. Já no parque, romeiros e romeiras participaram de missa celebrada pelo bispo da Diocese de Bagé, Dom Gílio Felício.

Este ano a romaria teve como tema "Cuidar da Terra, Casa Comum". Conforme Simonne Pegoraro, da coordenação da CPT-RS, além de lembrar o martírio de Sepé, o intuito foi refletir sobre a relação do homem com a terra e o meio ambiente diante da realidade de esgotamento, exploração e violência.

"Temos muito a aprender com os povos indígenas, quilombolas e camponeses, que têm em suas raízes o cuidado e a preservação da terra, e que não a vê como objeto de exploração, mas que se vê como parte dela", argumentou Simonne.

Demarcação de terras indígenas

Integrando a programação da romaria, entre os dias 5 e 9 de fevereiro, para celebrar a luta de Sepé Tiaraju e discutir a questão indígena no Brasil, cerca de 700 índios Guarani e Kaiowá do RS, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Argentina participaram do 10º Encontro do Povo Guarani.

Segundo o cacique Santiago Franco, da Aldeia Yuy Poty, localizada no município de Barra do Ribeiro (RS), o principal tema abordado foi a demarcação de terras no país, o qual corresponde hoje às mais importantes e urgentes bandeiras erguidas pelos indígenas.

Foto: Leandro Molina

Foto: Leandro Molina

"Nossa maior preocupação é com a demarcação do nosso território, que está paralisado por falta de atitude do governo. Nós vivemos com muitas dificuldades e queremos saúde, educação e que o governo reconheça nossa cultura e o direito que temos de viver como brasileiro e de termos liberdade", disse Santiago.

Atualmente, segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), existem 462 terras indígenas regularizadas, que representam cerca de 12,2% do território nacional. Dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que 896,9 mil brasileiros se declaram ou se consideram indígenas.

Durante o encontro, foi construído um documento de reivindicações que será entregue à Funai, lideres governamentais do Brasil, Argentina, Paraguai e Bolívia – países onde há grande concentração de territórios Guaranis.

"Pedimos respeito e que possamos viver melhor. Estamos cada vez mais unidos porque o reconhecimento ao valor que nós temos é o nosso grande objetivo", finalizou Santiago.

Acampamento da Juventude

Ainda em comunhão às temáticas da Romaria da Terra, ocorreu de 7 a 9 de fevereiro, também em São Gabriel, o 11º Acampamento da Juventude. O Evento envolveu desde oficinas, com debates sobre questões de gênero, agroecologia, agitação e propaganda, entre outros temas, até atividades de integração dos jovens do campo e da cidade.

"A nossa juventude tem um vínculo com a terra, mas precisamos cuidar dela, da natureza, da nossa casa comum. E esse compromisso e responsabilidade não é apenas de quem está no campo, mas também dos jovens da cidade", declarou Liciê Scolari, da coordenação do acampamento.

A juventude ainda acompanhou análise de conjuntura com o coordenador nacional do MST, João Pedro Stedile. Ele levou para o centro do debate as crises econômica, social, ambiental e política do país e motivou os jovens a continuarem a luta por uma sociedade mais justa e igualitária.

"Estamos semeando em terra fértil e tenho certeza que todos vocês vão se tornar militantes da classe trabalhadora, para que o povo, com consciência, possa seguir a luta por uma sociedade mais justa e igualitária, assim como fez Sepé Tiaraju. Precisamos continuar essa batalha e eliminar todo o tipo de opressão e exclusão", apontou Stedile.

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz