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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

10.10.08

Cultura brasileira na clandestinidade

Foi tão importante e tão bonito, que a imprensa praticamente desconheceu. No dia 7 de outubro foram entregues as Ordens do Mérito Cutlural 2008 no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em belíssima cerimônia, que conquistou o direito de ser desconhecida pela imprensa privada.
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Foi a 18° versão do Prêmio, criado em 1995. Desta vez foram premiados 49 pessoas – uma parte delas post-mortem – e instituições. Entre elas, o líder indígena Ailton Krenak, o cantor Altemar Dutra, o cineasta Alselmo Duarte, o artista Athos Bulcão, o dramaturgo Benedito Ruy Barbosa, os bossanovistas Carlos Lyra, Edu Lobo, Sergio Ricardo e o precursor Johnny Alf, as cantoras Elsa Soares, Emilinha e Mercedes Sosa, os artistas Eva Todor, Dulcina de Moraes e Leonardo Villar, os escritores Guimarães Rosa, Milton Hatoum e Tatiana Belinky, o rapero Nelson Triunfo, os músicos Paulo Moura, Hans-Joachim Koellreutter, Roberto Corrêa e Pixinguinha, o grupo de dança Qauasar, o cineasta Ruy Guerra, ao intelectuais Paulo Emilio Salles Gomes, Otávio Afonso, Vicente Salles e Emanoel Araujo, a fotógrafa Claudia Andujar, o crítico de arte, Marcantonio Vilaça, o diretor teatral Orlando Miranda, a artista plástica Teresa Aguiar.
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Foram também premiadas a Associação Ashaminka do Rio Amônia, da Bacia Amazônica; a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais – ABGLT; a Associação Brasileira de Imprensa – ABI; a Associação Comunidade Yuba, de Mirandópolis, São Paulo, que luta pela preservação da cultura dessa comunidade; Bule Bule, musico, escritor, poeta repentista, ator e cantador, do interior da Bahia; Centro Cultura Piolon, entidade cultural da Paraíba; Coletivo Nacional de Cultura do MST, que desenvolve, entre tantas outras atividades, mais de 300 grupos de teatro nos assentamentos nos quatro cantos do Brasil; Efigênia Ramos Rolim, artista plásticas popular do Paraná; Giramundo Teatro de Bonecos; a artista plástica Goiandira do Couto; o Instituto Bacarelli, de formação musical, situado em Heliopolis, São Paulo; João Candido Portinari, diretor do Projeto Portinari; Mestres da Guitarrada, movimento musical paraense; Música no Museu, do Museu Nacional de Belas Artes; e Zabé da Loca, música de 84 anos, tocadora de pífano.
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Como vêem, demasiado brasileiro, demasiada auto-estima para poder receber atenção da imprensa. Nem para ouvir Elsa Soares cantando o Hino Nacional, ou ouvir um solo de Paulo Moura, ou Sergio Ricardo cantando "Te entrega Corisco", com cenas de Deus e o Diabo na Terra do Sol, ouvir a musica de Bule-Bule, escutar a Mercedes Sosa, a Nelson Triunfo e seus raperos e o conjunto de pífanos de Zabé da Loca.
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Talvez a cobertura fosse diferente, se estivéssemos ainda – xô! - no governo FHC. No ano de lançamento da Ordem do Mérito Cultural, o então Ministro de Cultura, Francisco Wefort, inaugurou o prêmio atribuindo-o, entre outros a ACM (sic), a José Sarney, a Manoel Nascimento Brito e a Roberto Marinho. No segundo ano, 1996, Edemar Cid Ferreira, Olavo Setúbal, Sérgio Motta e Walter Moreira Salles. No ano seguinte foram agraciados como grandes beneméritos da cultura no Brasil, entre outros, Jorge Gerdau, José Ermirio de Moraes e José Safra. Em 1998, Lily Marinho (sic), Octávio Frias, Olavo Monteiro de Carvalho, Roseana Sarney e Ruy Mesquita.
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Bastaria premiar aos grandes magnatas da imprensa privada, para que seus órgãos divulgassem, assim como os banqueiros e outros milhardários que costumam freqüentar as colunas sociais. Como ninguém da família Marinho, ou Frias, ou Mesquita, ou Civita, passou a freqüentar a lista dos premiados desde 2003, a cerimônia foi colocada na clandestinidade pela imprensa, na mentira do silêncio que merecem os grandes acontecimentos, políticas e fenômenos sociais, políticos, econômicos e culturais brasileiras. Depois a direita não sabe porque Lula tem 80% de apoio e 8% de rejeição... Parabéns ao MINC, aos premiados e à Cultura Brasileira!
. Postado por Emir Sader - 09/10/2008 às 08:39

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz