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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

4.4.08

Edson Luís: Presente!

28 de março de 2008


Foto da passeata em protesto depois da morte de Edson Luis em 1968

Há 40 anos a capital carioca, ex-capital do Brasil, Rio de Janeiro era palco do marco histórico da luta dos estudantes. Em 28 de março de 1968, morria o jovem estudante secundarista Edson Luís.

Edson Luís de Lima Souto, 18 anos [1], participava de uma manifestação junto com estudantes universitários contra o fechamento do Restaurante Universitário Calabouço, onde o estudante comia, dormia, trabalhava e estudava. Distante de ser uma liderança do movimento estudantil era só um estudante paraense que vinha ao Rio de Janeiro estudar, trabalhar e tentar entrar na universidade.

A insistência de Edson Luís na vida foi calada com um tiro no peito pela Polícia Militar do Rio de Janeiro durante o sua última tentativa de manter o mínimo de assistência estudantil que se tinha direito.

O corpo que marcou o ano de 1968 foi levado a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro pelos estudantes, por mais que a polícia tenha insistido em levar o corpo os estudantes não permitiram por medo de desaparecimento. O atestado de óbito foi emitido ali mesmo.


Corpo de Edson Luis na Assembléia Legislativa cercado por estudantes

No dia seguinte o humorista Arapuã escreve na primeira página do jornal Última Hora:

“ACABOU A GRAÇA

Há um estudante morto. Um tiro no peito de uma criança de 16 anos. (...) Ele era meu irmão. Podia ser meu filho. Hoje não tem graça. O Brasil perdeu a graça.(...)

Dentro da boca, embora fechada, os dentes cerrados. Por um menino morto” [2]

O Correio da Manhã concluía seu editorial afirmando que a cidade “não perdoará os assassinos”. Ninguém nunca foi julgado.

O assassinato de Edson Luís se espalhou pelo Brasil, 15 capitais marcaram luto. Escolas e Teatros cariocas não abriram marcando o luto, o Rio de Janeiro parou. Manifestações se alastravam por todo o Brasil.

O enterro de Edson foi um marco de protesto, centenas de milhares tomaram as ruas, as casas acenavam em sinal de apoio. O Jornal Última Hora afirmava que “Só Getúlio teve um enterro assim”. Ninguém mais queria calar. De qualquer forma o Governo não poupou esforços para conter qualquer manifestação.

A palavra de ordem “Abaixo a Ditadura!” ganha o Brasil, estudantes são repreendidos com muita violência. Os estudantes começam a ser vistos por todos como os que carregam o gérmen da democracia, a classe médias, setores da igreja se solidarizam com os estudantes. A UNE, e a União Metropolitana dos Estudantes (Rio de Janeiro) assumem uma importância grandiosa.

No final de Junho, ainda como reflexo da morte de Edson Luís acontece a Marcha dos Cem Mil, que marca a força que o movimento estudantil e os movimentos sociais contra a ditadura assumiam naquele momento.

Gabriel Mendoza
É estudante pré-vestibular e ex-presidente da UMES de São Carlos. Membro do Conselho Nacional da Juventude Revolução - IRJ e militante da JR-IRJ em São Carlos (SP).

NOTAS:
1 – Segundo Arthur Poerner, em O Poder Jovem, Edson Luís completou 18 anos em 24 de fevereiro.
2 – Fonte: Rebelião Estudantil: 1968 – México, França e Brasil/ João Roberto Martins Filho.

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz