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Foto da passeata em protesto depois da morte de Edson Luis em 1968
Há 40 anos a capital carioca, ex-capital do Brasil, Rio de Janeiro era palco do marco histórico da luta dos estudantes. Em 28 de março de 1968, morria o jovem estudante secundarista Edson Luís.
Edson Luís de Lima Souto, 18 anos [1], participava de uma manifestação junto com estudantes universitários contra o fechamento do Restaurante Universitário Calabouço, onde o estudante comia, dormia, trabalhava e estudava. Distante de ser uma liderança do movimento estudantil era só um estudante paraense que vinha ao Rio de Janeiro estudar, trabalhar e tentar entrar na universidade.
A insistência de Edson Luís na vida foi calada com um tiro no peito pela Polícia Militar do Rio de Janeiro durante o sua última tentativa de manter o mínimo de assistência estudantil que se tinha direito.
O corpo que marcou o ano de 1968 foi levado a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro pelos estudantes, por mais que a polícia tenha insistido em levar o corpo os estudantes não permitiram por medo de desaparecimento. O atestado de óbito foi emitido ali mesmo.
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Corpo de Edson Luis na Assembléia Legislativa cercado por estudantes
No dia seguinte o humorista Arapuã escreve na primeira página do jornal Última Hora:
“ACABOU A GRAÇA
Há um estudante morto. Um tiro no peito de uma criança de 16 anos. (...) Ele era meu irmão. Podia ser meu filho. Hoje não tem graça. O Brasil perdeu a graça.(...)
Dentro da boca, embora fechada, os dentes cerrados. Por um menino morto” [2]
O Correio da Manhã concluía seu editorial afirmando que a cidade “não perdoará os assassinos”. Ninguém nunca foi julgado.
O assassinato de Edson Luís se espalhou pelo Brasil, 15 capitais marcaram luto. Escolas e Teatros cariocas não abriram marcando o luto, o Rio de Janeiro parou. Manifestações se alastravam por todo o Brasil.
O enterro de Edson foi um marco de protesto, centenas de milhares tomaram as ruas, as casas acenavam em sinal de apoio. O Jornal Última Hora afirmava que “Só Getúlio teve um enterro assim”. Ninguém mais queria calar. De qualquer forma o Governo não poupou esforços para conter qualquer manifestação.
A palavra de ordem “Abaixo a Ditadura!” ganha o Brasil, estudantes são repreendidos com muita violência. Os estudantes começam a ser vistos por todos como os que carregam o gérmen da democracia, a classe médias, setores da igreja se solidarizam com os estudantes. A UNE, e a União Metropolitana dos Estudantes (Rio de Janeiro) assumem uma importância grandiosa.
No final de Junho, ainda como reflexo da morte de Edson Luís acontece a Marcha dos Cem Mil, que marca a força que o movimento estudantil e os movimentos sociais contra a ditadura assumiam naquele momento.
Gabriel Mendoza
É estudante pré-vestibular e ex-presidente da UMES de São Carlos. Membro do Conselho Nacional da Juventude Revolução - IRJ e militante da JR-IRJ em São Carlos (SP).
NOTAS:
1 – Segundo Arthur Poerner, em O Poder Jovem, Edson Luís completou 18 anos em 24 de fevereiro.
2 – Fonte: Rebelião Estudantil: 1968 – México, França e Brasil/ João Roberto Martins Filho.
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