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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

30.3.07

A BOLÍVIA PRECISA FRACASSAR








A Bolívia não pode dar certo. Um índio não pode ser um bom presidente da república. A economia do país não pode crescer sob a direção de um partido fundado nos movimentos sociais. Os recursos naturais não podem ser dirigidos por um governo composto por dirigentes indígenas e sindicais.
A Assembléia Constituinte tem que fracassar, não pode dar lugar à construção de uma Bolívia multicultural, multinacional e multiétnica, porque isto fere as teorias liberais. O governo de Evo Morales tem que fracassar na construção de uma imensa democracia social, econômica e cultural. A Bolívia tem que fracassar, para que se comprove o lema fundamental do capitalismo: “Civilização ou barbárie”, em que a civilização foi definitivamente assumida e identificada com a cultura branca, ocidental, cristã, anglo-saxã. O resto – a África, a Ásia, os índios, os negros, os mestiços da América Latina, os negros dos EUA – enfim, todos os não brancos.
Hollywood já nos ensinou: os “mocinhos” são os “cow-boys”, que lutam contra os maus – os índios os “peles vermelhas”, traiçoeiros, expressão da barbárie em pleno solo yankee. Hollywood já criminalizou os japoneses, os chineses, os coreanos, os africanos, os árabes, os mexicanos – e, através destes, todos os latino-americanos.
Já aprendemos quem é bom e quem é ruim, quem é feio e quem é bonito, quem (supostamente) ganha e quem perde.
De repente, um índio se torna presidente da república. É inaceitável. Bastou John Wayne – o “americano indômito” – descansar, para que os índios ataquem novamente. Ocupem o Palacio Quemado, dirijam ministérios, uma Assembléia Constituinte, falem em nome do povo boliviano, se apropriem das riquezas naturais – da terra, da água, do gás, do petróleo.
Se o governo da Bolívia der certo, haveria que revisar tantas coisas, haveria que rediscutir o que é civilização e o que é barbárie, haveria que questionar a dominação capitalista do mundo, a hegemonia européia e norte-americana. A ditadura do dinheiro, das armas e da palavra estaria ameaçada.
Por tudo isso e por muito mais, a Bolívia de Evo Morales não deve e não pode dar certo. Mas está dando certo. Aí começam os problemas.


Postado por Emir Sader, em 29/03/2007 às 11:32

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz