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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

14.12.22

Humanizar nossa prioridade

Humanizar nossa prioridade 

Gilnei Antônio Fronza, padre e membro da equipe de coordenação do Centro de Estudos, Pesquisa e Direitos Humanos - CEPDH

Pioneiro, 12/12/2022.

11.12.22

Fwd: Bajulando big techs às suas custas


Sábado, 10 de dezembro de 2022
Bajulando big techs às suas custas

Às vésperas de ano crucial para regulação do setor, deputados gastam quase R$ 20 mil cada para passar feriado na Califórnia.

Segurando uma lata de Coca Zero nas mãos, o deputado federal Kim Kataguiri, do União Brasil paulista, não se conteve diante da parede aberta para que qualquer um assinasse. O aviso no mural da sede da Meta, empresa dona do Facebook, WhatsApp e Instagram, dizia que o espaço era "para que todos se expressassem respeitosamente e não modificassem ou apagassem mensagens dos outros". Kataguiri escolheu deixar um "Fora Lula" para a posteridade.

O feito, devidamente registrado nas redes do deputado, aconteceu numa missão oficial de parlamentares brasileiros ao Vale do Silício, a mítica região da Califórnia onde foram gestadas algumas das promessas não cumpridas do capitalismo tardio.

Naquele 16 de novembro, Lula já estava eleito e a transição já havia começado. O Departamento de Comércio dos EUA achou que era um bom momento para levar uma comitiva de parlamentares brasileiros para uma maratona de visitas entusiasmadas às sedes de grandes empresas de tecnologia. Embutir na cabeça dos deputados membros da comissão o mindset disruptivo do Vale do Silício.

Para cumprir a missão, a embaixada americana contou com a expertise da Frente Digital, aquele conglomerado parlamentar que já apelidamos carinhosamente de Bancada do Like por representar diretamente os interesses das empresas de tecnologia. Na verdade, quem organizou mesmo o rolê foi o Instituto Cidadania Digital, a associação que está por trás da bancada – e tem como financiadoras organizações que justamente representam interesses do iFood, Google, Meta e outras big techs. 

A Frente Digital, fundada em 2019, tem dezenas de deputados signatários, de várias matizes ideológicas. Mas sua diretoria é composta, sobretudo, por conservadores, da direita suave do PSDB a ultraliberais do Partido Novo. A turma que foi ao Vale do Silício tinha essa mesma inclinação.

Além de Kim Kataguiri, participaram o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, do PP paranaense; Zé Vitor, do PL mineiro; Flávia Morais, do PDT por Goiás; o paulista Alex Manente, do Cidadania; o pastor Stefano Aguiar, do PSD mineiro; e Adriana Ventura, do Novo paulista. Só Kataguiri e Ventura fazem parte de mesas diretoras da Frente Digital.

Apesar do convite ter partido da embaixada, as viagens foram pagas com dinheiro da própria Câmara – ou seja, público. Cada parlamentar gastou quase R$ 20 mil do seu dinheiro para passar o feriado da Proclamação da República na Califórnia. A regulamentação da Câmara para viagens oficiais prevê o pagamento de passagens e de diárias de 550 dólares – ou R$ 2,8 mil, na cotação da última quinta-feira – para destinos internacionais. Assim, Kataguiri foi viajar com R$ 11.320,60 mil de diárias, além dos R$ 7.982,80 gastos em passagens. Adriana Ventura gastou R$ 11.735,80 em diárias e R$ 8.541,19 em passagens. Nem todos prestaram contas: Flávia Morais postou sobre a missão em suas redes, mas até agora não publicou o relatório dos gastos no site da Câmara.
 

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Tatiana Dias
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29.10.22

Amanhã será um lindo dia

TvPT
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Amanhã vai ser melhor. Com seu voto podemos construir um amanhã de paz e prosperidade para o nosso país. A esperança vai voltar a brilhar no Brasil com Lula Presidente 13.

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28.10.22

“Mito, mito”! > Pedrinho Guareschi

"Mito, mito"!

Pedrinho Guareschi*

Nada como pensar um pouco...assim eu consigo ver melhor, discernir, descobrir coisas que saltam aos olhos, chocam... mas insistimos em não ver. Por exemplo (vão me desculpando):

Que pensar quando vemos grupos de gente que, ao ver determinada pessoa começam a gritar: "Mito, mito"! Então penso: que é mito? Confiro, vou ver o que seria, vejo o que é mitologia, o estudo dos mitos, e constato que o significado primeiro e direto é que mito seria um deus, uma divindade... Então logo concluo: esses que estão gritando atrás de alguém "mito, mito"! devem estar clamando por uma divindade, certamente para louvá-la, ou pedir-lhe socorro, ajuda... Tudo bem! Cada um procura o mito, o deus que o possa aliviar, socorrer...

Agora: fico estarrecido quando vejo aglomerações desse tipo, por exemplo, diante da Basílica de Aparecida, que o povo chama carinhosamente de "Casa da Mãe", e supõe-se que terão ido lá para orar, se encontrar, pedir graças... e certamente ao Filho dessa Mãe querida, Jesus de Nazaré, filho de nosso bom Pai do céu. Mas não! Estão lá gritando para outro, um "mito"! Mas então não pode ser o Jesus de Nazaré...deve ser outro! Quem seria esse novo deus, essa nova divindade, ao qual gritam e chamam de mito? Não é de ficar estarrecido? Quem consegue ainda pensar, vai logo perceber. Impressionante!

Fiquei feliz quando vi e ouvi o Padre Redentorista, colega meu, Padre Camilo, tentando explicar: "aqui dentro a gente vem para rezar...para pedir graças!" E a Jesus da Nazaré, na Casa da Mãe. Ele não diz, mas fica logo claro que os que estão gritando "mito, mito" estão se referindo a um outro deus, outra divindade. Ou não?

Termino: nas Escrituras muitas vezes o povo tentou criar outros deuses, como o bezerro de ouro, e outras divindades, que eram chamados de "ídolos", mitos. E os idólatras passavam a venerar esses "mitos", criados e instituídos como novos deuses! Agora já dá para entender um pouco,não? Feliz de quem consegue ainda pensar, meditar!



_____________


* Pedrinho Guareschi é Graduado em Filosofia, Teologia e Letras; Pós-graduação em Sociologia; Mestre em Psicologia Social - Marquette University Milwaudee; Doutor em Psicologia Social - University of Wisconsin At Madison; Pós-Doutor em Ciências Sociais em três universidades - Wisconsin, Cambridge e Università degli Studi La Sapienza; foi professor na PUC RS; professor convidado na UFRGS e UFCSPA; seus estudos, pesquisas e experiência focalizam a Psicologia Social, com ênfase em mídia, ideologia, representações sociais, ética, comunicação e educação; conferencista internacional.


Uma Meditação em três passos

Uma Meditação em três passos

                                                                            Pedrinho Guareschi*

Conta-se que Goethe, em seu leito de morte, exclamava: Mehr Licht – Mais luz! Embora não estejamos na sua situação, nem por isso estamos menos necessitados de muitas luzes nesse momento. E sabendo que todo ponto de vista é vista de um ponto, e a pedido de amigos, arrisco partilhar algumas inspirações que me invadem a mente e o coração. Caminho por três passos:

Primeiro Passo:
Não podemos focar apenas no momento de agora: Temos de olhar do alto para conhecer a história e as razões porque chegamos aqui. Vou me ater aqui apenas a um fato importantíssimo que sucedeu no início de nosso século XXI. Não nos demos conta ainda de sua importância decisiva! Depois de três derrotas para chegar à presidência, Lula em 2003, chega lá afinal, reunindo forças, cedendo até onde pode para poder se sustentar.
Silenciosamente, começa a materializar projetos que antes nem podiam ser mencionadas. Pela primeira vez na história do Brasil o país INTEIRO, não apenas alguns, começam a fazer parte de um projeto para todos! E quase metade de nosso povo, escravizado há quatro séculos, começa a se mobilizar! Nós os chamávamos de escravos. Mas eles não eram apenas escravos, em contraponto a uma elite que se dizia livre. Não. Eles eram escravizados, frutos de uma relação de dominação praticada por uma elite que assim os queria: escravos! E começaram a participar da nação! Podiam ter três refeições por dia! Começaram a ter direito à saúde, pelo SUS, universal e integral. Começaram a participar da educação como os outros todos! E começaram a poder morar em SUA casa, como direito de todo ser humano. E a ter educação como direito de todos, colorindo nossas universidades. E a ter energia elétrica como todos os outros e, com isso, dos benefícios que ela traz! E sua renda foi crescendo, com aumento REAL do seu salário e, com isso, menos explorados em seu trabalho, pois "o trabalho é a fonte única da riqueza das nações", como já dizia Leão XIII, em 1891. E por aí em diante! O grande e poderoso fenômeno. No início do século XXI foi que o povo da senzala despertou. E começou a falar, embora ainda timidamente. Colegas, brasileiras e brasileiros, todos os que estiverem lendo isso: não foi isso que aconteceu, pela primeiríssima vez? Não nos dávamos conta do que isso significava!

Segundo passo:
É evidente que isso passou a intimidar os únicos que tinham! E Lula vem de novo em 2006. E em 2010 comete quase que uma loucura em colocar na continuidade do projeto uma mulher! Pensem bem, UMA MULHER num país que politicamente era, por definição, patriarcal! E uma mulher que fora torturada e que fora curtida na luta, na honestidade, na responsabilidade de continuar esse projeto quase insano de mudança de uma nação! E é reeleita! Aí foi demais! Inadmissível! E começou a guerra! Quem viveu 2013 viu. Um dia, estava longe, noutro continente, vi uma demonstração, em Brasília, em que um grupo de
pessoas da elite portavam um cartaz em que se lia: "Fora Paulo Freire!" Tremi. Pois Paulo Freire é um símbolo. Um novo projeto. Entendi tudo. Vi que o processo estava ferozmente sendo estraçalhado. E era verdade. Momento de destruição e de paixão! E os acontecimentos e sucederam de roldão. Cunha, a definição do corrupto, impedindo que o projeto de libertação continuasse e se retornasse à dominação escravocrata. E a elite teve sucesso. As falas dos que votavam o impeachment são preciosíssimas, pois cada uma delas revelava, hipocritamente, os interesses e os valores da elite: pela propriedade, pela família, por MINHA mulher, por MEUS filhos, por Deus...que Deus? E uma suprema blasfêmia: por um TORTURADOR convicto! (Gente! A tortura, na maioria absoluta das nações democráticas, é crime contra a humanidade!) E alguém, ainda próximo a nós, dedica seu voto a esse torturador! Pensem! E o descalabro de nosso querido país foi progredindo, através da traição de Temer – é preciso sempre gritar isso, traição, e nunca esquecer. O resto são conseqüências... E para evitar que o projeto pudesse ressurgir, prendeu-se o principal defensor desse projeto, cujo único crime fora tirar da pobreza mais de 30 milhões de brasileiros, nossas irmãs e irmãos! Foram 560 dias da prisão injusta de um inocente – reconhecida depois de todo esse tempo pelo Supremo Tribunal de Justiça! Se nós não tivermos esse segundo passo
presente em nossa mente, não compreenderemos o momento presente!

Terceiro passo:
Abramos os olhos: agora, exatatamente agora, nesses dias, estamos dando um passo a mais  nessa triste história que começa nos inícios de nosso século! A consciência das brasileiras e brasileiros está se dando conta de que é possível segurar a catástrofe total. E esse é o momento CRUCIAL! Permitam-me partilhar, com humildade, por onde vejo que seria importante e possível caminhar. Vejo muitas pessoas amedrontadas. Não consigo identificar por quê. O medo em nada contribui. O medo paralisa. Contra o medo, retorno de novo a Paulo Freire, temos de esperançar. Esperançar é agir na certeza de que é possível mudar. Com a história da mão. Quem não conhece a história fica cego. Nessa caminhada já avançamos muito. Penso até que além do que se imaginava. Desde a Constituinte muitos ideais e projetos começaram a ser materializados. Mas depois do golpe, muitas dessas conquistas foram sendo carcomidas e minadas, através de PECs traiçoeiras, apresentadas em conluio com os últimos governos e congressistas mancomunados para um evidente retorno à senzala, e agora mais uma subordinação vergonhosa a um capitalismo financeiro internacional. Direitos trabalhistas, direito universal à saúde, a uma educação pública e gratuita, a um salário que vai minguando...
É o momento de todos os que querem garantir a democracia e uma cidadania digna unirem as forças, fazendo a história! Passo a passo! Lance a lance! E mais: alegres e festivos, curtindo e amando, vendo um novo caminho se iluminando, se concretizando, para todos e todas!

Vou terminar e pediria que não se espantassem com o que digo agora: no meu entender, temos de nos orgulhar, pois sabem qual é o maior trunfo, o capital mais forte e poderoso de Lula, que nenhum outro possui? São os 560 dias de uma prisão injusta que ele suportou com consciência clara de sua inocência e com uma fé e coragem de quem vê o sofrimento de nosso povo, sente com o povo como Lula sentiu em sua vida, e decide colocar-se a seu serviço! É esse CAPITAL SIMBÓLICO, que nós, intelectuais, não conseguimos explicitar, mas que está nas mentes e corações de milhões de brasileiras e brasileiros, a maioria deles homens e mulheres de fé num Cristo – esses sim verdadeiros cristãos – cujo amor se prova na cruz. Amigos e amigas, esperançar!




* Pedrinho Guareschi é Graduado em Filosofia, Teologia e Letras; Pós-graduação em Sociologia; Mestre em Psicologia Social - Marquette University Milwaudee; Doutor em Psicologia Social - University of Wisconsin At Madison; Pós-Doutor em Ciências Sociais em três universidades - Wisconsin, Cambridge e Università degli Studi La Sapienza; foi professor na PUC RS; professor convidado na UFRGS e UFCSPA; seus estudos, pesquisas e experiência focalizam a Psicologia Social, com ênfase em mídia, ideologia, representações sociais, ética, comunicação e educação; conferencista internacional.

A GRAVIDADE DO SEGUNDO TURNO DAS ELEIÇÕES 2022

Em carta, bispos brasileiros afirmam que "não cabe neutralidade" perante projeto autoritário do atual governo

Segundo os Bispos do Diálogo pelo Reino, a Igreja não tem um partido, mas tem um lado: do amor, da justiça, da liberdade religiosa e da inclusão social


Por Assessoria de Comunicação do Cimi - 25/10/2022

"O segundo turno das eleições presidenciais de 2022 nos coloca diante de um dramático desafio. Devemos escolher, de maneira consciente e serena, pois não cabe neutralidade quando se trata de decidir sobre dois projetos de Brasil, um democrático e outro autoritário". Esse é o posicionamento dos Bispos do Diálogo pelo Reino – composto por bispos da Igreja Católica de várias regiões do Brasil –, em carta publicada no dia 24 de outubro de 2022.

No documento, os bispos denunciam a gravidade das ações do atual presidente e afirmam que seu governo é "comprometido com a 'economia que mata'" e que "menospreza as políticas públicas, porque despreza os pobres".

"Enquanto dizia 'Deus acima de tudo', o presidente ofendia as mulheres, debochava de pessoas que morriam asfixiadas, além de não demonstrar compaixão alguma com as quase 700 mil vidas perdidas para a covid-19 e com os 33 milhões de pessoas famintas em seu país. Lembramos que o Brasil havia saído do mapa da fome em 2014, por acerto dos programas sociais de governos anteriores", diz outro trecho da carta.

Os bispos afirmam, ainda, que o segundo turno "não se trata de uma disputa religiosa, nem de mera opção partidária e, tampouco, de escolher o candidato perfeito, mas de uma decisão sobre o futuro de nosso país, da democracia e do povo". Segundo eles, a Igreja não tem um partido, mas tem um lado: da justiça, da paz, da solidariedade, do amor, da igualdade, da liberdade religiosa, do Estado laico, da inclusão social e do bem viver para todas as pessoas.

 

Confira a íntegra da carta:


A GRAVIDADE DO SEGUNDO TURNO DAS ELEIÇÕES 2022

Irmãos e irmãs,

Somos bispos da Igreja Católica de várias regiões do Brasil, em profunda comunhão com o Papa Francisco e seu magistério e em plena comunhão com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB que, no exercício de sua missão evangelizadora, sempre se coloca na defesa dos pequeninos, da justiça e da paz. Lideramos a escrita de uma primeira Carta ao Povo de Deus, em julho de 2020. Diante da gravidade do momento atual, nos dirigimos novamente a vocês.

O segundo turno das eleições presidenciais de 2022 nos coloca diante de um dramático desafio. Devemos escolher, de maneira consciente e serena, pois não cabe neutralidade quando se trata de decidir sobre dois projetos de Brasil, um democrático e outro autoritário; um comprometido com a defesa da vida, a partir dos empobrecidos, outro comprometido com a "economia que mata" (Papa Francisco, A Alegria do Evangelho, 53); um que cuida da educação, saúde, trabalho, alimentação, cultura, outro que menospreza as políticas públicas, porque despreza os pobres. Os dois candidatos já governaram o Brasil e deram resultados diferentes para o povo e para a natureza, os quais podemos analisar.

Iluminados pelas exigências sociais e políticas de nossa fé cristã e da Doutrina Social da Igreja Católica, precisamos falar de forma clara e direta sobre o que realmente está em jogo neste momento. Jesus nos mandou ser "luz do mundo" e a luz não deve ficar escondida (Mt 5,15).

Somos testemunhas de que o atual Governo, que busca a reeleição, virou as costas para a população mais carente, principalmente no tempo da pandemia. Apenas às vésperas da eleição, lançou um programa temporário de auxílio aos necessitados. A 59ª Assembleia Geral da CNBB constatou "os alarmantes descuidos com a Terra, a violência latente, explícita e crescente, potencializada pela flexibilização da posse e porte de armas […]. Entre outros aspectos destes tempos, estão o desemprego e a falta de acesso à educação de qualidade para todos. A fome é certamente o mais cruel e criminoso deles, pois a alimentação é um direito inalienável" (Mensagem da CNBB ao Povo Brasileiro sobre o Momento Atual). A vida não é prioridade para este governo.

O chefe de Governo e seus apoiadores, principalmente políticos e religiosos, abusaram do nome de Deus para legitimar seus atos e ainda o usam para fins eleitorais. O uso do nome de Deus em vão é um desrespeito ao 2º mandamento. O abuso da religião para fins eleitoreiros foi condenado em nota oficial da presidência da CNBB (11/10/2022), para a qual "a manipulação religiosa sempre desvirtua os valores do Evangelho e tira o foco dos reais problemas que necessitam ser debatidos e enfrentados em nosso Brasil".

Enquanto dizia "Deus acima de tudo", o Presidente ofendia as mulheres, debochava de pessoas que morriam asfixiadas, além de não demonstrar compaixão alguma com as quase 700 mil vidas perdidas para a covid-19 e com os 33 milhões de pessoas famintas em seu país. Lembramos que o Brasil havia saído do mapa da fome em 2014, por acerto dos programas sociais de governos anteriores. Na prática, esse apelo a Deus é mentiroso, pois não cumpre o que Jesus apresentou como o maior dos mandamentos: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo (Mt 22, 37). Quem diz que ama a Deus, mas odeia o seu irmão é "mentiroso" (1Jo 4,20).

Os discursos e as medidas que visam armar todas as pessoas e eliminar os opositores estão em contradição tanto com o 5º mandamento, que diz "não matarás", quanto com a Doutrina Social da Igreja, que propõe o desarmamento e diz que "o enorme aumento das armas representa uma ameaça grave para a estabilidade e a paz" (Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 508).

Vivemos quatro anos sob o reinado da mentira, do sigilo e das informações falsas. As fake news (notícias falsas veiculadas como se fossem verdades) se tornaram a forma "oficial" de comunicação do Governo com o povo. Isso fere o 8º mandamento, de não levantar falso testemunho, mas mostra também quem é o verdadeiro "senhor" dos que, perversamente, se dedicam a espalhar falsidades e ocultar informações de interesse público. Jesus diz que o Diabo é o pai da mentira (Jo 8, 44), enquanto Ele é o "caminho, a verdade e a vida" (Jo 14,6).

A Mensagem ao Povo Brasileiro, da 59ª Assembleia Geral da CNBB, alertou-nos, também, de que "nossa jovem democracia precisa ser protegida, por meio de amplo pacto nacional". No entanto, o atual governo e os parlamentares que o apoiam ameaçam modificar a composição do Supremo Tribunal Federal para criar uma maioria de apoio aos seus atos. O controle dos poderes Legislativo e Judiciário sempre foi o passo determinante para a implantação das ditaturas no mundo.

Os cristãos têm capacidade para analisar qual dos dois projetos em disputa está mais próximo dos princípios humanistas e da ecologia integral. Basta analisar com dados e números e perguntar: qual dos candidatos concorrentes valorizou mais a saúde, a educação e a superação da pobreza e da miséria e qual retirou verbas do SUS, da educação e acabou com programas sociais? Quem cuidou da natureza, principalmente, da Amazônia e quem incentivou a queima das florestas, o tráfico ilegal de madeiras e o garimpo em terras indígenas?

Não se trata de uma disputa religiosa, nem de mera opção partidária e, tampouco, de escolher o candidato perfeito, mas de uma decisão sobre o futuro de nosso país, da democracia e do povo. A Igreja não tem partido, nem nunca terá, porém ela tem lado, e sempre terá: o lado da justiça e da paz, da verdade e da solidariedade, do amor e da igualdade, da liberdade religiosa e do Estado laico, da inclusão social e do bem viver para todos. Por isso, seus ministros não podem deixar de se posicionar, quando se trata de defender a vida do ser humano e da natureza. Nossa motivação é ética e não decorre do seguimento de um líder político, nem de preferências pessoais, mas vem da fidelidade ao Evangelho de Jesus, à Doutrina Social da Igreja e ao magistério profético do Papa Francisco.

Deus abençoe o povo brasileiro e o Espírito Santo de sabedoria e verdade ilumine nossas mentes e corações, na hora de votarmos nesse segundo turno das eleições de 2022. Vejamos Jesus no rosto de cada pessoa, especialmente dos pobres que sofrem e não em autoridades humanas que os manipulam em nome de um projeto ideológico de poder político e econômico.

 

Em 24 de outubro de 2022, Memória de Santo Antônio Maria Claret, bispo.

 

Bispos do Diálogo pelo Reino



29.9.22

Uma oportunidade histórica de derrotar o golpe


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O
29 DE SETEMBRO DE 2022

No próximo domingo, os brasileiros terão a oportunidade de derrotar nas urnas o golpe que começou a ser gestado logo após as eleições de 2014. Dilma Rousseff venceu no voto, mas não levou. Aproveitando-se da instabilidade semeada pela Lava Jato, Dilma teve o governo sistematicamente sabotado, com o apoio de um expressivo grupo de parlamentares fisiológicos. A mídia, por sua vez, não hesitou em apoiar o impeachment fraudulento de uma presidente honesta, com base na esfarrapada justificativa das pedaladas fiscais – que jamais configurou crime, como reconheceu mais tarde o ministro Luís Roberto Barroso, do STF.

Em meio aos protestos pela queda de Dilma, havia todo tipo de gente. Muitos, insatisfeitos com a crise, não percebiam que ela era agudizada pela sabotagem do Congresso ou pela irresponsável atuação da chamada República de Curitiba, que, sob o pretexto de combater a corrupção na Petrobras, arrastou gigantes da construção civil e do setor de óleo e gás para a bancarrota.

Além dos iludidos, havia também aqueles que ocuparam as ruas para manifestar saudosismo pela ditadura. Eram os que clamavam por uma "intervenção militar constitucional", eufemismo para golpe armado, e seguiam trios elétricos para cultuar seu "Mito" - um histriônico e irrelevante deputado que aprovou dois projetos ao longo de 27 anos e dedicou seu voto pelo impeachment de Dilma ao torturador Carlos Brilhante Ustra.

A despeito da farsa lavajatista, Lula liderava todas as pesquisas de intenção de voto para a Presidência em 2018 até ser preso, sem provas. Na verdade, seguiu na dianteira das sondagens mesmo encarcerado. Não fosse a consumação desse segundo golpe, dificilmente Jair Bolsonaro teria chegado ao poder. Ele próprio reconheceu isso e, em retribuição, nomeou o ex-juiz Sergio Moro como ministro da Justiça.

Bolsonaro não cumpriu a promessa de erradicar a corrupção. Ao contrário, seu governo se notabilizou pela rapinagem até na compra de vacinas, sem mencionar as propinas em barras de ouro cobradas por pastores lobistas. Cumpriu, porém, outras tantas juras que a mídia, ao fazer "uma escolha difícil" em 2018, dizia ser apenas conversa fiada para a militância.

Assim, converteu o seu governo em um reduto de fanáticos religiosos e generais incompetentes, incapazes de evitar a falta de oxigênio em Manaus mesmo recebendo alertas com 10 dias de antecedência e de entregar remessas de vacinas no endereço correto. Ao cabo, o Brasil concentrou mais de 10% das mortes por Covid-19 no mundo, embora represente apenas 2,7% da população mundial. O País retornou, ainda, ao vergonhoso Mapa da Fome da ONU.

Em muitos momentos, o povo permaneceu passivo diante dos ataques aos seus direitos e à própria democracia. Demonstra, porém, estar disposto a derrotar o golpe nas urnas, dando ampla vantagem a Lula nas pesquisas. Na prática, o ex-presidente tem grandes chances de vencer no primeiro turno. Eis a oportunidade histórica reservada aos brasileiros em 2 de outubro.

 

Por essa razão, CartaCapital decidiu abrir o conteúdo desta edição semanal em seu site.

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz