"Carnaval significa "festa da carne" e era, em seus primórdios, uma festa religiosa. Às vésperas da Quaresma, diante da perspectiva de passar quarenta dias em abstinência de carne, os cristãos fartavam-se de assados e frituras entre o domingo e a "terça-feira gorda". Na quarta, revestiam-se de cinzas, evocando que do pó viemos e para o pó retornaremos, e ingressavam no período em que a Igreja celebra a paixão, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. A Quarta-feira de Cinzas instiga-nos a refletir sobre esta experiência inelutável: a morte" (Fernando Altemeyer Jr.)
Houve atenção à Festa da Uva, por ser um marco cultural da cidade, mas não houve a mesma sensibilidade e bom senso para a prática da comunidade cristã católica. “Lamentamos que numa comunidade como Caxias, que se diz de maioria católica, haja carnaval em plena Quaresma”, salienta ainda Pe. Leonel Pergher.
Pe. Gilnei Fronza,
Coordenador de Pastoral
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SEMANA SANTA
Dentro da Igreja Católica, as datas religiosas são sempre muito comemoradas pelos fiéis como uma maneira de recordar, resgatar e atualizar fatos num clima de ação de graças e de louvor.
O ano litúrgico é o apêndice de todas as comemorações. Ele surgiu e se desenvolveu a partir da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. A sociedade de consumo tem dado, ao longo dos anos, um caráter especial para a festa de Natal, porém, o principal evento do calendário litúrgico, é o Mistério Pascal.
O Mistério Pascal, que é a mais importante celebração cristã, constitui a Semana Santa. A Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor constituem essa semana sagrada para a Igreja e, cada um desses fatos, reúne características importantes dentro da história da Igreja.
A SEMANA SANTA
A origem da festa está nos costumes judaicos. Inicialmente era a festa da passagem das pastagens. O rebanho era levado de um pasto fraco para um pasto de capim viçoso. Chamava-se \"Dia da Páscoa\".
Esta festa existe antes de Moisés. Ela se combinou com a festa dos ázimos expressando o momento em que o povo de Israel passou para a agricultura, e então celebrava esta festa no princípio da colheita. O texto fundamental da narrativa da páscoa judaica está no livro do Êxodo (12, 1-13) e descreve a luta de Javé pela libertação de seu povo da escravidão do Egito, para levá-lo sobre suas asas ao encontro do Sinai e da Aliança. É uma festa de família, celebrada na noite de lua cheia no início da primavera, no 14º dia do mês das espigas, que depois do exílio, passou a se chamar Nisan.
As comunidades neotestamentárias celebravam o Mistério Pascal juntamente com a festa da Páscoa judaica. Os cristãos da Síria e Ásia Menor celebravam o mistério no dia 14 do mês Nisan, independentemente de um dia certo da semana e, em Roma, na maior parte das igrejas, o mistério era comemorado no domingo seguinte ao 14 de Nisan. Essa controvérsia quanto à data correta de comemoração do Mistério Pascal dificultava a unificação da Igreja.
A fim de diminuir as disputas sobre essa data, em 325, o Concílio Ecumênico de Nicéia prescreveu que a Páscoa deveria ser celebrada no domingo depois da primeira lua cheia da primavera daquele hemisfério, evitando assim, que ela fosse comemorada no mesmo dia da Páscoa judaica. Mais tarde, surgiu a necessidade de estabelecer uma data para essa comemoração, em função do estreitamento dos povos das mais diversas regiões.
Por causa disso, o Concílio Vaticano II estabeleceu um código que tinha como objetivo dar à festa da Páscoa um Domingo determinado e estabelecer um calendário fixo.
Com o tempo, a palavra Tríduo Sacro (Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor) foi adotada, constituindo assim, o núcleo da celebração do Mistério Pascal que, juntamente com o Domingo de Ramos e os três dias que o seguem constituem a Semana Santa. É nela que ocorre a preparação espiritual mais próxima da grande festa da Ressurreição.
A Semana Santa, que inclui o Tríduo pascal, visa recordar a Paixão e a Ressurreição de Cristo, desde a sua entrada messiânica em Jerusalém. Os ritos especiais da Semana Santa, isto é, a bênção e procissão de ramos, a transladação do Santíssimo Sacramento depois da Missa da Ceia do Senhor, a ação litúrgica da Sexta-feira da Paixão do Senhor e a Vigília pascal, podem celebrar-se em todas as igrejas e oratórios. Mas convém que, nas igrejas que não são paroquiais e nos oratórios, sejam somente celebrados se puderem ser realizados dignamente, isto é, com número conveniente de ministros, com a possibilidade de se executar ao menos algumas partes em canto, e uma suficiente freqüência de fiéis. Senão, conviria que as celebrações fossem realizadas somente na igreja paroquial e em outras igrejas maiores.
Um domingo antes da Páscoa é celebrado o Domingo de Ramos.
DOMINGO DE RAMOS
No Domingo de Ramos, da Paixão do Senhor, a Igreja entra no mistério do seu Senhor crucificado, sepultado e ressuscitado.
O Domingo de Ramos foi instituído, desde o século IV, como uma maneira de recordar a entrada de Jesus de Nazaré na cidade de Jerusalém.
Vários outros costumes foram empregados ao Domingo de Ramos, porém foi somente na segunda metade do século VII que o Vaticano restaurou a ordem dos Domingos da Quaresma.
Atualmente, a Celebração de Ramos tem dois momentos: o primeiro, em que é feita a Bênção dos Ramos e, o segundo, onde é realizada uma missa, sendo que neste momento é feita uma reflexão sobre a Morte e Ressurreição do Senhor. Ao final da Celebração, os ramos de oliveira ou palmeira são abençoados e levados pelos fiéis para serem colocados em uma cruz nas suas casas ou sobre alguma tumba no cemitério, como um sinal de compromisso com Cristo e simbolizando a força da vida e a esperança da ressurreição.
O Domingo de Ramos não é um dia apenas de contemplação, mas sim, um dia de se entregar ao caminho de Cristo e se alegrar com a chegada dele em sua vida. É nesse Domingo que a Igreja vive dois mistérios da vida de Jesus: o primeiro é representado pela procissão de ramos e relembra a entrada de Cristo em Jerusalém; o outro é a Paixão de Jesus, que vai continuar sendo celebrado durante a Semana Santa.
Na Bíblia a chegada de Jesus a Jerusalém é contada nos Evangelhos de São Mateus 21, 1-11; São Marcos 11, 1-11; São Lucas 19, 28-44 e São João 12, 12-19.
SEGUNDA, TERÇA E QUARTA-FEIRA SANTAS
A Segunda e Terça-feira da Semana Santa não remontam aos primeiros tempos da liturgia da Igreja Católica.
Porém, na Quarta-feira Santa duas celebrações faziam parte da programação: pela manhã, uma reunião comunitária simples com a liturgia da palavra e, ao anoitecer, uma missa.
Segundo os princípios da Igreja, esses três dias são uma preparação para o Tríduo Sacro, ou seja, para os dias da Crucificação, Morte e Ressurreição de Jesus.
QUINTA-FEIRA SANTA
O significado da Quinta-feira vem ao longo dos séculos, evoluindo, principalmente devido às reformas litúrgicas introduzidas pela Igreja.
Na Igreja Romana, até o século VII, a Quinta-feira Santa marcava o fim da Quaresma e do jejum penitencial, e o início do jejum na espera da Ressurreição do Senhor, a partir da Sexta-feira. Durante a manhã, a Igreja Romana só realizava a reconciliação dos penitentes e não havia a Ceia do Senhor. A partir do século VII, em Roma, eram realizadas três missas, sendo uma pela manhã, outra ao meio-dia e outra à noite.
Em meados do século V, o ritual do Lava-pés passou a ser realizado em Jerusalém.
A liturgia da Quinta-feira Santa ainda sofreu dois acréscimos, um deles foi a criação de um \"tabernáculo provisório\" com a função de transportar o que restou da espécies sagradas, seguindo um ritual de honra. Esse tabernáculo foi considerado pela devoção popular como sendo o sepulcro de Cristo.
O outro acréscimo estabeleceu que o altar não deveria conter toalhas, flores e ornamentos a fim de representar o Despojamento de Cristo na Cruz. Alguns séculos depois as reformas continuaram. Uma celebração eucarística foi acrescentada ao início da noite, pelo Papa Pio XII, em 1955, representando a Ceia do Senhor.
A benção dos santos óleos, realizada na manhã da Quinta-feira tornou-se um dia sacerdotal em que os sacerdotes renovam suas promessas.
A cerimônia do Lava-pés foi uma outra celebração exigida pelo Concílio de Toledo (634) e recorda o gesto de Jesus em lavar os pés de seus discípulos, e a dizer: \"Sede assim uns com os outros\" - significando que devemos servir uns aos outros, com total humildade, gratuidade e amor.
Ao final da missa da Quinta-feira Santa há a cerimônia de adoração ao Santíssimo Sacramento, geralmente com o tradicional canto em latim Tantum Ergo, ou Pange Língua em latim ou em português.
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SEXTA-FEIRA SANTA
Na Sexta-feira Santa (também conhecida como Sexta-feira da Paixão ou Sexta-feira Maior) a Igreja celebra esse dia como a Morte do Senhor. É um dia de respeito, silêncio e simplicidade quando se deve recordar e compreender a dor e o sofrimento de Jesus, e refletir sobre a absolvição de todos os pecados da humanidade.
Atualmente, não se celebra a Eucaristia porque a Igreja não realiza missas ou qualquer sacramento nesse dia. A celebração é dividida em Paixão Proclamada, com a liturgia da palavra; Paixão Invocada, com a solene oração universal, realizada pela Igreja para as comunidades do mundo inteiro; Paixão Venerada, com a adoração da cruz, local onde está centrada as dores de Jesus; e Paixão Comungada, com a comunhão eucarística.
É nesse dia também que lê-se o relato da Paixão e se faz as procissões da Via-Sacra - ou Caminho da Cruz, com as suas quinze estações, em grandes preces pela Igreja pelo mundo, e a seguir, a adoração da Cruz.
SÁBADO SANTO
É chamado de Vigília Pascal, ou Sábado de Aleluia.
No início do cristianismo, o Sábado Santo não tinha liturgia, e a eucaristia não era celebrada. Nesse dia, havia apenas o último exorcismo solene feito pelo bispo. No século II, a Vigília Pascal era marcada pela celebração da palavra, o batismo e a celebração eucarística.
A partir do século IV, teve início a celebração do Sacratíssimo Tríduo do Senhor Crucificado, Sepultado e Ressuscitado. A utilização da expressão Tríduo Pascal só passou a ser usada em 1930.
Mais tarde, no século VII, a Vigília Pascal passou a ter início na tarde do Sábado e a eucaristia era celebrada no começo da noite. As leituras começavam a partir das duas horas da tarde, havia a benção do fogo e o canto \"Exulted\".
Por se passar em plena luz do dia, essa celebração passou a ter um caráter negativo pois falava em \"feliz noite\". Assim o Papa Pio V proibiu a celebração da eucaristia durante a tarde, e algumas pessoas passaram a realizar a Vigília no Sábado cedo. A fim de extinguir o conceito da festa, o Papa Urbano VIII acabou com a popularidade da Vigília.
Todas essas proibições fizeram com que as celebrações sofressem mudanças radicais com a reforma litúrgica de Pio XII e o Vaticano II. Antes da reforma, a primeira parte da liturgia era reservada quase somente ao clero, aos ministros e a um pequeno grupo de convidados. Somente depois das reformas, as celebrações tomaram outro caráter.
Segundo antiquíssima tradição, esta noite deve ser comemorada em honra do Senhor, e a Vigília que nela se celebra, em memória da noite santa em que Cristo ressuscitou, deve ser considerada a mãe de todas as santas Vigílias (Sto. Agostinho). Pois nela, a Igreja se mantém de vigia à espera da Ressurreição do Senhor, e celebra-se com os sacramentos a Iniciação cristã.
Toda a celebração da Vigília Pascal se realiza de noite; mas de maneira a não começar antes do início da noite e a terminar antes da aurora do Domingo. Esta Vigília é o cume do ano litúrgico.
A noite do Sábado Santo passou a ter as seguintes partes:
· A Celebração da Luz - Realiza-se perante a fogueira acesa, na qual se acende o círio pascal. A reunião dos fiéis ao redor da fogueira manifesta a participação comunitária. A antiga tradição de acender a fogueira através do atrito entre pedras tem a ver com a alusão a Cristo, que é a pedra angular e que, do túmulo escuro de pedras, nasce como luz para o mundo.
· A Celebração da Círio - O Círio Pascal nasce da tradição de iluminar a noite com tochas de fogo ou muitas lâmpadas. Elas representam o Senhor ressuscitado como luz nas trevas humanas. Seguir o Círio Pascal em procissão tem grande valor simbólico, pois representa o seguimento, pois representa o seguimento de Jesus, que se apresenta como a luz do mundo e lembra o povo de Israel que seguia Moisés na escuridão em busca da libertação, iluminando somente pela fé em Javé.
· A Liturgia da Palavra - Nove leituras bíblicas, sendo sete do Antigo Testamento e duas do Novo Testamento (epístola e evangelho), que podem ser diminuídas por razões pastorais. Todas estas leituras são entremeadas por salmos ou cânticos, que devem ter, além da proclamação de seu conteúdo específico, a função de dinamizar e animar a assembléia celebrante.
· A Liturgia Batismal - A Igreja, desde os primeiros séculos, ligou a celebração do batismo à noite pascal, pois esta foi sempre a celebração, por excelência, da realização do batismo na comunidade cristã primitiva.
· A Liturgia Eucarística - É o coração da vigília pascal. Embora as circunstâncias das comunidades urbanas sejam menos propícias, por questão de transporte e mesmo de violência, muitas comunidades rurais ou de bairros realizam um ágape ou uma confraternização após a celebração da vigília, para comemorar e celebrar de forma festiva este acontecimento fundamental da fé cristã. Quando preparado pela equipe de liturgia ou pelos membros da comunidade, deve-se estimular a participação de todos, pois este evento constitui parte integrante da celebração.
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DOMINGO DE PÁSCOA
No início do cristianismo, como a Celebração Pascal celebrada no Sábado Santo durava até a madrugada não existia uma liturgia própria para o Domingo. Somente após a reforma de 1955 foi que o Domingo de Páscoa passou a ter um caráter verdadeiro.
Em uma celebração muito alegre, a comunidade se reúne para exaltar Jesus Cristo que venceu as barreiras da Morte e convida todos a Ressurreição.
Fonte: www.sagrada.net.