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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

10.3.16

CNBB divulga nota sobre o momento atual do Brasil

CNBB divulga nota sobre o momento atual do Brasil

No texto, os bispos recordam a necessidade de buscar o exercício do diálogo e do respeito

A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nesta quinta-feira, 10, durante coletiva de imprensa, nota sobre o momento atual do Brasil aprovada pelo Conselho Permanente, reunido de 8 a 10 deste mês, na sede da Conferência, em Brasília. 

Na nota, a CNBB manifestou preocupações diante do momento atual vivido pelo país. "Vivemos uma profunda crise política, econômica e institucional que tem como pano de fundo a ausência de referenciais éticos e morais, pilares para a vida e organização de toda a sociedade".

Ainda no texto, a Conferência recordou a necessidade de buscar, sempre, o exercício do diálogo e do respeito. "Conclamamos a todos que zelem pela paz em suas atividades e em seus pronunciamentos. Cada pessoa é convocada a buscar soluções para as dificuldades que enfrentamos. Somos chamados ao diálogo para construir um país justo e fraterno", declara em nota.

Confira a íntegra do texto:

 

NOTA DA CNBB SOBRE O MOMENTO ATUAL DO BRASIL

"O fruto da justiça é semeado na paz, para aqueles que promovem a paz" (Tg 3,18)

Nós, bispos do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil–CNBB, reunidos em Brasília-DF, nos dias 8 a 10 de março de 2016, manifestamos preocupações diante do grave momento pelo qual passa o país e, por isso, queremos dizer uma palavra de discernimento. Como afirma o Papa Francisco, "ninguém pode exigir de nós que releguemos a religião a uma intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influência na vida social e nacional, sem nos preocupar com a saúde das instituições da sociedade civil, sem nos pronunciar sobre os acontecimentos que interessam aos cidadãos" (EG, 183).

Vivemos uma profunda crise política, econômica e institucional que tem como pano de fundo a ausência de referenciais éticos e morais, pilares para a vida e organização de toda a sociedade. A busca de respostas pede discernimento, com serenidade e responsabilidade. Importante se faz reafirmar que qualquer solução que atenda à lógica do mercado e aos interesses partidários antes que às necessidades do povo, especialmente dos mais pobres, nega a ética e se desvia do caminho da justiça.

A superação da crise passa pela recusa sistemática de toda e qualquer corrupção, pelo incremento do desenvolvimento sustentável e pelo diálogo que resulte num compromisso entre os responsáveis pela administração dos poderes do Estado e a sociedade. É inadmissível alimentar a crise econômica com a atual crise política. O Congresso Nacional e os partidos políticos têm o dever ético de favorecer e fortificar a governabilidade. 

As suspeitas de corrupção devem ser rigorosamente apuradas e julgadas pelas instâncias competentes. Isso garante a transparência e retoma o clima de credibilidade nacional. Reconhecemos a importância das investigações e seus desdobramentos. Também as instituições formadoras de opinião da sociedade têm papel importante na retomada do desenvolvimento, da justiça e da paz social.

O momento atual não é de acirrar ânimos. A situação exige o exercício do diálogo à exaustão. As manifestações populares são um direito democrático que deve ser assegurado a todos pelo Estado. Devem ser pacíficas, com o respeito às pessoas e instituições. É fundamental garantir o Estado democrático de direito.

Conclamamos a todos que zelem pela paz em suas atividades e em seus pronunciamentos. Cada pessoa é convocada a buscar soluções para as dificuldades que enfrentamos. Somos chamados ao diálogo para construir um país justo e fraterno.

Inspirem-nos, nesta hora, as palavras do Apóstolo Paulo: "trabalhai no vosso aperfeiçoamento, encorajai-vos, tende o mesmo sentir e pensar, vivei em paz, e o Deus do amor e da paz estará convosco" (2 Cor 13,11). 

Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, continue intercedendo pela nossa nação!

Brasília, 10 de março de 2016.

 

Dom Sergio da Rocha                     Dom Murilo S. R. Krieger

Arcebispo de Brasília-DF                   Arcebispo de S. Salvador da Bahia-BA

Presidente da CNBB                         Vice-Presidente da CNBB


Dom Leonardo Ulrich Steiner

Bispo Auxiliar de Brasília-DF

Secretário-Geral da CNBB


Fonte: http://www.cnbb.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=18328:cnbb-divulga-nota-sobre-o-momento-atual-do-brasil&catid=86:notas-e-declaracoes&Itemid=105

Sede sábios como as ‘jararacas’, disse Jesus

Sede sábios como as 'jararacas', disse Jesus


[Ildo Bohn Gass]


Quinta-feira, 10 de março de 2016 - 14h45min


<br>Fonte: Ricardo Matsukawa/VEJA.com
Na segunda-feira (07/03/2016), assisti a um vídeo de Dom Darci José Nicioli, nomeado bispo auxiliar da Arquidiocese de Aparecida, São Paulo, pelo papa Bento XVI em novembro de 2012. Nesta terça (09/03/2016), o papa Francisco o transferiu para Diamantina, Minas Gerais. É que, como argentino, Francisco sabe muito bem quais são as consequências, em qualquer nação, de uma ruptura democrática insuflada por Dom Darci no domingo passado.

No vídeo, durante o culto que celebra o milagre da partilha do pão como visita de Deus, o bispo conclamou os fiéis a pedirem "a graça de pisar a cabeça da serpente, de todas as víboras que insistem e persistem em nossa vida, daqueles que se autodenominam jararacas, pisar a cabeça da serpente, vencer o mal pelo bem, por Cristo, nosso Senhor".

Acontece que, dois dias antes, o ex presidente Luís Inácio Lula da Silva havia dito, durante pronunciamento na sede nacional do PT em São Paulo, que "a jararaca está mais viva do que nunca". O pronunciamento ocorreu logo após ele ter sido sequestrado violentamente em sua casa a mando do juiz Sérgio Moro. A condução coercitiva promovida pela Polícia Federal acabou conduzindo o ex presidente ao aeroporto de Congonhas, onde devia ser levado preso a Curitiba. O plano acabou sendo abortado, pois houve resistência a ação de ilegalidade, seja por parte da Polícia da Aeronáutica no Congonhas, seja por parte do povo brasileiro que tem pensamento próprio.

Engraçado! Diferentemente do bispo, em vez de pedir a graça de esmagar a cabeça da jararaca, Jesus pediu que fôssemos sábios como ela para resistir aos lobos deste mundo (cf. Mateus 10,16).

Embora cinicamente, o bispo diga que seu endereço não era essa fala de Lula, como pessoa bem informada e bem assessorada que é, deveria ter conhecimento do pronunciamento feito apenas dois dias antes de seu sermão. E a reação da plateia no santuário de Maria, a mãe de Jesus, em Aparecida, confirma a nossa suspeita. O bispo golpista, portanto, chamava o povo presente para esmagar a cabeça do maior líder popular a animar a esperança do povo mais pobre, não somente no Brasil, mas também em todo o mundo.

Enquanto o papa Francisco convoca o ano da misericórdia, o bispo blasfema o nome de Deus, reforçando o ódio de classe, a intolerância e o fascismo, já amplamente disseminados pela elite em sua mídia comercial e em suas redes sociais.

Se tivesse estudado um pouco de história das religiões, o bispo saberia que a serpente é muito mais do que um símbolo de satanás como força que nos arrasta para a riqueza e o poder idolatrados, embora também o seja.

Em todos os povos antigos, desde a China, passando pela Índia e pelo Egito, até os Maias e Astecas no México, a serpente está vinculada ao conhecimento e à sabedoria divina. Está ligada a um poder inimaginável da fonte da vida. É símbolo da grande Deusa mãe, da fertilidade, da força e do poder político. É sinal de proteção e de cura, de vida e de energia recriadora, de recomeço e de rejuvenescimento. Além disso, sinaliza a eternidade, a imortalidade, o infinito, a ligação entre o céu e o mundo das trevas, entre Deus e a humanidade. Ela é símbolo da força original da vida e do princípio organizador do caos que sustenta a dança do cosmos.

Se o referido bispo também tivesse estudado um pouco mais a Bíblia, teria percebido que a serpente é símbolo da força draconiana que está por trás do império romano na perseguição às comunidades de Jesus de Nazaré (Apocalipse 12,1-9). O espantoso é que o bispo pede que esmaguemos a cabeça justamente de quem hoje resiste contra essas forças do dragão neoliberal, nesse império do poder econômico.

Na Bíblia, a serpente ainda aparece como meio de locomoção do próprio Deus (2 Samuel 22,11; Ezequiel 10). É também sinal de cura e de proteção (Números, 21,4-9), tal como era junto a Asclépio, a divindade da cura na mitologia grega. E até hoje continua símbolo da medicina, do cuidado da vida.

Diferentemente do bispo, Jesus de Nazaré, de quem ele assumiu um dia ser fiel seguidor, entendia a serpente como símbolo da prudência e da sabedoria dos pobres. Por isso, ao enviar seus discípulos, alertou-os quanto aos lobos de ontem e de hoje, que devoram a vida do povo: "Eis que eu vos envio como ovelhas entre lobos; por isso, sede sábios como as serpentes e sem malícia como as pombas" (Mateus 10,16). Para Jesus, a jararaca é sinal de sabedoria e de prudência diante da truculência de quem está na casa grande e que não aceita que a vida em abundância proposta por ele também vale para quem está na senzala (João 10,10).

Por outro lado, em relação a autoridades religiosas, como fariseus e escribas, que se aliaram aos interesses "globais" de ontem e de hoje, Jesus referiu-se à serpente, não como sabedoria ou prudência. Ao contrário, referiu-se a seu veneno mortal para o povo, de quem essas autoridades deveriam cuidar: "Serpentes! Raça de víboras! Como haveis de escapar à condenação?" (Mateus 23,33).

E mais. Em Êxodo 7,8-13, podemos ler: "Disse Yahweh a Moisés: Se faraó vos disser 'apresentai um prodígio em vosso favor', então dirás a Aarão: 'Toma a tua vara e lança-a diante de faraó, e ela se transformará em cobra'. Moisés e Aarão foram a faraó e fizeram como Yahweh ordenara. Lançou Aarão a sua vara diante de faraó e diante dos seus servos, e ela se transformou em cobra. Faraó, porém, convocou os sábios, os encantadores de cobras. Ora, também eles, os magos do Egito, com suas ciências ocultas, fizeram o mesmo. Pois lançou cada um a sua vara, e elas se tornaram cobras. Mas a vara de Aarão devorou as varas deles".

Aqui, as serpentes são a representação da força do sagrado. Simbolicamente, a narrativa quer mostrar a luta real de um povo pobre e escravizado para se libertar da opressão do faraó. A luta entre as serpentes mostra que a divindade experimentada pelos escravos no Egito é libertadora, diferentemente das divindades legitimadoras do poder opressor. Os sacerdotes das divindades dos poderosos são derrotados pelos sacerdotes de Yahweh, o Deus que "viu a miséria do seu povo, ouviu o seu clamor por causa dos seus opressores, conheceu as suas angústias e desceu a fim de libertá-lo da mão dos egípcios, para libertar do Egito o seu povo" (cf. Êxodo 3,7-10).

Diante do poder que mata, Moisés e Aarão realizaram "sinais" e prodígios em nome do Deus que liberta. E a razão por que as comunidades joaninas apresentam Jesus realizando "sinais" é porque viram nele o novo Moisés que veio libertar novamente o povo sofrido diante de todos os poderes violentos deste mundo, sejam eles econômicos, políticos, jurídicos ou religiosos (cf. João 2,11; 4,54).

A mesma violência dos amantes do poder sobre a riqueza e sobre as pessoas no tempo bíblico ainda segue hoje, empoderada pela mídia familiar e por seus aliados na Política, na PF, no STF, no TSE, no MPF e na PGR, órgão onde está o cérebro da operação levada em frete em Curitiba com inúmeras ilegalidades, assim como também já fora, em passado recente, da AP 470.

Por outro lado, também a luta de tantos Moisés, Aarãos e Mírians continua viva na resistência em favor dos direitos fundamentais do povo brasileiro. Por isso, milhões de jararacas estão mais vivas do que nunca, a fim de resistir, de desmascarar com sabedoria, como recomenda Jesus, o veneno dessa raça de víboras do faraó, que hoje persegue as lideranças que estão do lado dos pequeninos, como diria nosso mestre de Nazaré, e, assim, possam ser um sinal de proteção, de cura e de esperança para o povo.

É para esses líderes populares que Jesus afirma: "Felizes aqueles que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. Sois felizes quando vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e regozijai-vos, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois foi assim que perseguiram os profetas, que vieram antes de vós" (Mateus 5,10-12).

Que a sagrada fonte da vida nos conceda a graça, não de pisar a cabeça da jararaca, mas a sabedoria dela para vencer o veneno das víboras dos faraós de hoje e combater a real corrupção. Que nos agracie também com a serenidade das pombas para seguirmos firmes na resistência ao ódio e à opressão, nessa travessia do mar revolto e sombrio que estamos enfrentando.

*Por Ildo Bohn Gass, biblista e assessor do CEBI

Ainda dá tempo!


Síntese do Programa:

~ Transformações socioeconômicas e ético-culturais

~ Projetos de nação

~ Prática transformadora

~ Mídia, educação e cidadania

~ Bioética. Cuidado com a vida. Biopoder. Saúde pública. Ética planetária.

~ Sociedade sem exclusão

~ Sociedade sustentável

~ Mundo do trabalho

~ Economia solidária

~ Democracia e participação

~ Questões de gênero e minorias

~ Espiritualidade libertadora

 

Programa completo em https://goo.gl/GOn8Cp

Inscrições: Curso completo (mais em conta): até 14/03/2016. Etapas isoladas: até a semana de cada uma, dependendo da disponibilidade de vagas.

Horário: Sábado manhã e tarde + domingo manhã

Investimento: Curso completo: R$ 60 por etapa. Etapas isoladas: R$ 80 por etapa


Mais informações: https://goo.gl/rc1ugg.

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(54) 3211-5032

8.3.16

Uma nova “conspirata policial-midiática”

Uma nova "conspirata policial-midiática"


Pedrinho Guareschi - UFRGS


Acho que quem melhor está definindo essa situação vergonhosa que vivemos é Mino Carta: "espetáculo de insensatez provocado pela conspirata policial-midiática". É isso.

"Conspirata", porque nem conspiração é, é uma farsa. "Policial", por que as elites precisam da força, e certos juízes e procuradores fazem uso dela. "Midiática", pois essa é a arma moderna, a que substitui os canhões.

Em momentos como esse é fundamental um olhar mais estrutural e histórico. Examinemos a história brasileira. O que vemos agora é outro lance do que vem acontecendo no Brasil sempre que a Casa Grande, as elites, se vêem ameaçadas. A divisão Casa Grande/Senzala ainda define a estrutura de nosso Brasil. Ninguém vai entender o que acontece agora sem essa chave de leitura. Comento apenas os lances que vivi: em 1954, Getúlio precisou se matar para evitar o golpe: situação parecida com a de hoje, onde há a elite, a polícia e a mídia. Mais uma tentativa em 1961, frustrada por Brizola que percebeu a trapaça e resistiu. Em 1964 as elites viram o perigo perto demais: veio o golpe, com a elite , que apelou então ao exército, e a mídia sacramentando. Vinte e quatro anos de hibernação. Em 1989, uma leve possibilidade de mudança, mas novamente a mídia, principalmente a Globo, a cria da ditadura, entrando para rachar.

E agora? O sociólogo Boaventura Sousa Santos, alguns dias depois da vitória de Dilma em 2014, fez uma análise, realmente profética, do que viria pela frente: a Casa Grande não se conformaria com a vitória (veja "A Grande Divisão", publicada no Ibase). Tentaria impedir, de qualquer modo, que esse novo projeto de inclusão social dos mais pobres, filhos e filhas da senzala, prosperasse. Tentaria interrompê-lo, de qualquer modo. E vejam o que ele colocou, como condição indispensável para que essa interrupção do projeto não acontecesse: um cuidado diário com a GRANDE MÍDIA, porta-voz das elites que agem como se fossem 'donas' absolutas, ferindo a própria Constituição que diz que a mídia eletrônica é 'concessão pública', deve dar voz a todos. O que mudou hoje é que a mídia representa um pensamento único e se transformou num GRANDE PARTIDO.

Se alguém tem dúvida do papel que essa mídia – sintetizada na Rede Globo – está desempenhando, preste atenção na maneira como ela vem, numa estratégia dissimulada e hipócrita, CONSTRUINDO A REALIDADE a partir de insinuações 'suspeitas', 'suposições', bem ao estilo nazista de repetir, insistir e para a imensa população que vê ou escuta essa mídia, essas "notícias" se transformam em REALIDADE!

Precisa dizer isso: Será o juiz que montou o espetáculo de condução coercitiva é ingênuo, ou hipócrita? Será que ele não se dá conta que no momento em que leva alguém, rodeado de policiais, obrigado, de um lugar a outro, como se fosse um impostor... só isso, para a grande maioria da população, já é dizer e mostrar que essa pessoa é já um sem-vergonha e um mentiroso? Ele não se dá conta que o fato midiático CRIA A REALIDADE, não interessa se é verdade ou não, pelo o simples fato de ser veiculado?

Vejam o que esse fulano escreveu em 2005, num artigo sobre o episódio das "mãos limpas", na Itália: é fundamental vazar os interrogatórios à imprensa, pois assim todo mundo fica sabendo e os políticos ficam impedidos de negar! O povo vai se colocar contra esses políticos! Só que aqui o CASO É DIFERENTE! O que JORRA na mídia são INSINUAÇÕES, SUSPEITAS, SUGESTÕES, HIPÓTESES. Tudo o que se perguntou no "espetáculo policial-midiático" já tinha sido explicado: o sítio, o apartamento, o dinheiro das palestras. Mas é preciso dizer de novo, insinuar que o que é dito não pode ser verdade... Um homem como esse, um operário que nunca deveria deixar seu trabalho na fábrica, não pode chegar onde chegou... Onde se viu? E essa ofensiva policial-midiática vai penetrando as consciências.

Esse espetáculo montado é uma afronta ao bom senso! Será que estão pensando que a população, que somos todos uns imbecis? Vê-se claro que o que se quer, nesse momento 'oportuno', é 'azeitar' as possíveis demonstrações e protestos. A Mídia da Casa Grande e aqueles policiais "adrede preparados", que passam longos minutos diante das câmeras levantando suspeitas, explicando o inexplicável, repetindo o já dito, têm de deixar de ser hipócritas, e saber que o povo não é ignorante, que ainda há cidadãos e cidadãs sensatos.

Chega! Volto ao início da análise. Será que se quer que alguém que de novo se suicide (ou como alguns dizem claramente: que renuncie)? Ou que o país se conflagre? Incrível: já há "analistas" trazendo "supostas" declarações de generais, dizendo o que se faria se ... Em pleno painel da Globo News (06.03.2016) um ilustre comentarista convidado afirma pontificalmente: "a única saída é a renúncia de Dilma". E um governador do PSDB já tinha afirmado há alguns meses: "Seria um gesto de grandeza de alma da Presidenta". Ora, onde o Estado de Direito? Dilma não foi escolhida por eleição direta? Porque a economia não está bem, precisa renunciar? A favor de quem? Desses porta-vozes da Casa Grande?

O sociólogo Jessé de Souza analisa esse 'fenômeno' com clarividência. Diz ele: "todos os golpes de Estado e todas as perseguições políticas, só podem ser compreendidos pelo divisor de águas que é a luta entre o partido da sociedade inclusiva e o partido da sociedade exclusiva (o partido da sociedade para poucos)" (FSP, 21.02 2016, Ilustríssima, 'Partido da sociedade para poucos').

Chega! Deixem que a experiência que se tenta no Brasil de construção de uma pátria mais igualitária, fraterna, inclusiva, prospere! Quem quiser interromper o processo, prepare seu projeto para apresentá-lo em 2018, mas não convulsione o país! Chega de provocações, de mesquinhezas. Está ficando claro – que bom! - que a própria mídia está perdendo a credibilidade. Precisa mais respeito. Por favor: não suponham, nem exijam, que aceitemos tamanha insensatez! 

Prólogo de "Cuentos para mujeres solas"

Prólogo de "Cuentos para mujeres solas"


MARCELA SERRANO - Escritora chilena 


«La soledad es lo más aterrador de todo. Revoloteamos como hojas en el viento y nadie sabe ni le importa dónde caemos y sobre las aguas de qué río vamos flotando», dice Mónica, la protagonista del cuento «Revelaciones» de la gran escritora neocelandesa Katherine Mansfield. Una advertencia: Mónica es una mujer joven y tiene un marido que la adora.


Los hombres han escrito hasta el infinito sobre las mujeres y cuando se refieren a su soledad, lo hacen corrientemente desde un mismo punto de vista: el del vacío del corazón. Solteronas patéticas, cuarentonas desequilibradas, almas errantes sin ancla por carecer de sexo y amor. Cuadros patológicos brillantes, como nos brindan aquí Sherwood Anderson, Guy de Maupassant, Mujica Lainez, John Cheever o Eça de Queiroz: tristes representantes de su género que no supieron dónde buscar el centro cuando la carne murió o cuando se abstuvo de nacer. Es interesante el hecho de que para estos espléndidos escritores —para casi todos, en realidad— la soledad femenina sea sólo aquélla: la determinada por la ausencia del hombre (y, reitero, es el hombre quien escribe). Sus protagonistas femeninas pierden el sentido de la realidad y la sociedad las apunta: «Ahí va la loca». Dos preguntas válidas para mirar a esta enajenada: primero, ¿no intuirá ella —en su fuero interno— que las leyes de lo real las establecieron, las establecen y las establecerán los hombres, dejándola presa de disquisiciones ajenas? Segundo, ¿no será que la locura, al fin y al cabo, es un refugio elegido frente a la agresión que se siente incapaz de resolver?


Uno de los méritos principales de este excelente libro de cuentos es que nos encamina hacia un encuentro amoroso y solidario con diferentes tipos de mujeres que nos regalan aquello que sólo la literatura hace posible: traspasar los límites de nuestra propia vida para penetrar en una ajena, la de cualquiera de ellas, perdiendo por instantes la rigidez a la que nos reduce nuestra cotidianidad, irremediablemente pequeña y limitada. No depende de nuestra voluntad controlar el fenómeno de identificación que nos posee: toda mujer reconoce en la otra, aunque sea con temor, una probabilidad de sí misma.


Tomemos el ejemplo de Alicia, la protagonista de «Una aventura», el cuento de Sherwood Anderson que encabeza esta antología. Repasemos algunos de sus sentires, los que veremos, de una forma u otra, reproducidos en otros cuentos. Ella es una oscura figura que habita un pueblo cualquiera de Norteamérica, trabaja en un almacén de ultramarinos, apenas tiene familia y se ha enamorado de Ned, un muchacho que abandona el pueblo prometiendo volver en su busca... lo cual, por supuesto, nunca llega a concretarse. Alicia, como todas, «ocultaba, bajo apariencias de placidez, un fermento interior en continua actividad», y así responde a la pasión de su amado: «...se llenó de exaltación, porque la traicionó su deseo de que entrara en su existencia monótona un rayo de belleza». Cuando el tiempo pasa, su intuición le grita a voz en cuello que Ned ya no volverá. Alicia se paraliza en su espera. «Pasaban las semanas, convirtiéndose en meses, los meses en años, y Alicia esperaba todavía en el almacén de ultramarinos, soñando siempre con la vuelta de su amante.» «Ned, te estoy esperando, murmuraba una y otra vez, y el temor que se iba deslizando en su alma, de que no volviese nunca más, adquirió cada día mayor fuerza.» Nada habitaba el alma de Alicia sino la espera, una estatua de sal inmersa en la fantasía caprichosa de sus deseos. Algunos años más tarde, «...haciéndosele insoportable su soledad, se vistió con sus mejores ropas y salió del pueblo. (...) Asaltole el temor de su edad y de la inutilidad de todo lo que hiciese». Sólo entonces, luego de años y años sumida en la petrificación, la pasividad de Alicia se altera: «Se dio cuenta de que había perdido la belleza y la frescura de la juventud, y se estremecía de temor. En aquel momento tuvo por primera vez la sensación de que la habían estafado». ¿Puede la respuesta de Alicia a esa sensación irradiar sobriedad, equilibrio, sensatez? Dejémosla ya... que la acción hable por sí misma. Pero antes de despacharla, hagámonos la siguiente pregunta: ¿condenaremos a una mujer por haber tratado de introducir un rayo de belleza en su monotonía? Quien esté libre de pecado, que tire la primera piedra.


Nadie en su sano juicio puede negar que la peor de todas las hambres es aquella del amor y que su ausencia constituye una fuente de enorme soledad para los seres humanos, hombres y mujeres, y quizá más fuertemente para estas últimas, si sus vidas se han desarrollado a la sombra del otro. Todo puede suceder en ese terreno hambriento, se puede creer cualquier cosa, abarcando el baldío lo que sea para poblarse, dándole cabida al más feroz delirio como a la más sutil demencia. Cuando se cuenta con menos vivencias objetivas, con menos vida externa, con menos energía y pasión hacia la formación del mundo ancho y con menos participación en el desarrollo de las sociedades, más propensión habrá para tales devaneos, más espacio interior encontrará la miseria. Y como las mujeres conocen bien la historia, distinguen sus posibilidades de inmediato: saben qué manos se apoderaron de todo aquello que no fuera lo interior; por lo tanto, se reconocen como las primeras víctimas posibles. Víctimas simbióticas, obsesivas, pegajosas. Luces en el firmamento que no se detienen hasta verse refrendadas en los ojos de otro. El engañoso concepto del amor taladrando todos los vacíos.


Pero existe otra soledad, una que nos es propia, la que menciona Mónica en el cuento de Mansfield, y que no se relaciona con el amor de pareja. Es aquella, inmensa e insondable, que resulta de haber nacido en un mundo ajeno, en un mundo diseñado para otros que no son los de tu especie. Es abrir los ojos al instante mismo de nacer y percibir el aterrizaje en un lugar donde no te esperaban, donde no fuiste bienvenida, donde a priori te instalaron como a un ser de segunda categoría. No importa tu clase ni tu raza: naciste castigada. Tu anatomía, sólo por ser femenina, será taladrada por la desigualdad milenaria; en ella golpeará la injusticia por ser la anatomía de una mujer. Y con ella a cuestas —lo sepas o no, tengas o no conciencia de ello— recorrerás la tierra como la perenne exiliada, como la última desheredada, maldita por habitar un espacio ya apropiado por otros, por ser arrojada al patio de atrás, a los rincones, siempre rincones retraídos y postergados.


Ésa es la soledad de las mujeres desde que el mundo se creó.


Invisibles. Suprimidas. Desoídas. Silenciadas. Habladas, escritas y contadas por otros, sin lenguaje, con una media modulación. Normadas sin haber dado su parecer. Hipotecadas. La capacidad escondida, la inteligencia subterránea. Ésa es la trayectoria de nuestros genes; ésos, los modelos hacia donde volver la vista. Ése es el libro de la historia. Y en él, un par de páginas para las otras, las que nadie logró domesticar, las que no se avinieron con las virtudes femeninas, las que quisieron distinguirse, las que no se sometieron. Sí, un par de páginas para las satanizadas, las que no alcanzan a aplacar nuestro desamparo ya que no contienen un solo happy end, sólo los altos precios que pagaron por su desacato, con sus propias vidas en los peores momentos, con su cordura en otros, pero pagando. Y siempre, siempre con la soledad sobre las espaldas.


Hubiera querido realizar un acto de magia: escribir el prólogo para un libro de cuentos de mujeres solas del próximo siglo y que éste incluyera sólo relatos nuevos. Si Elias Canetti tuvo razón y los escritores somos los centinelas de la metamorfosis, los testigos de los cambios sociales, ¿qué narraciones contendría ese libro? Sólo entonces podríamos comprobar si las últimas décadas de historia llegaron para quedarse, si el avance espectacular que las mujeres han protagonizado es irreversible o no, y sólo en ese instante seríamos capaces de desentrañar si la soledad era otra. 

...

Prólogo de "Cuentos de mujeres solas"

MARCELA SERRANO
Escritora chilena

Ciudad de México, junio de 2002


4.3.16

Neste sábado, dia 5, das 8h30 às 12h30! Vai lá!!! :)

A Livraria Paulinas, de Caxias do Sul, está promovendo um minicurso sobre a Campanha da Fraternidade 2016.
O evento será no dia 05 de março (sábado), no auditório da Cathólica Domus. 

http://www.diocesedecaxias.org.br/2016/conteudo_noticias.php?cod_noticia=3420#sthash.mChQbcxS.dpuf

2.3.16

O tenebroso mundo das “novas” festas infantis

O tenebroso mundo das "novas" festas infantis

– ON 01/03/2016
arquivo-pessoal-gustavo-oliveira-2

Fotos: Gustavo Oliveira

Decoração clichê, babás em aventais, onipresença de games — tudo remete a consumo e desumanização em certos bufês. E é possível piorar: moda, em certas classes, é aniversário em limusine. Mas surgem, também, alternativas

Por Lais Fontenelle

Bolo, balão, brigadeiro, amigos, familiares e parabéns. Onde encontramos todas essas coisas? Em festas de aniversário, especialmente nas de crianças, é claro! Infelizmente essa afirmação já não é tão óbvia assim nos dias atuais, quando as festas, nas classes médias e elites, ganharam espaços e formatos bem singulares – na maioria das vezes inadequados para os pequenos e massificados pelo mercado.

Sem tempo de preparar as festas dos filhos com a devida atenção os pais, hoje, acabam recorrendo a um mercado extremamente rentável de festas infantis customizadas que fazem tudo sob medida para o aniversariante. Os preços começam de aproximadamente R$ 2,5 mil e chegam até a espantosa soma de R$15 mil, segundo reportagem do ano passado.

Comecei a refletir sobre esse fenômeno no final dos anos 90, por ocasião do boom das festas em bufês. Nelas, a única coisa que remete ao aniversariante e à infância é, muitas vezes, o convite com a assinatura da própria criança. Ao chegar, você se depara com um baú onde deve "depositar o presente ao homenageado" – é esse o verbo usado pela recepcionista que fica na entrada. Depositar o presente, sem se esquecer de anotar seu nome no embrulho, para a criança saber, quando chegar em casa e abrir seu baú cheio de presentes, muitos repetidos, quem foi o " coleguinha remetente". Aquela delícia de dar o presente, escolhido a dedo ou feito com as próprias mãos; e de receber, desembrulhar e agradecer parece estar fora de moda.

A festa se desenrola, na maioria das vezes, em horário e com músicas, comidinhas ou brincadeiras nada adequadas à faixa etária convidada. No decorrer da comemoração, o pequeno aniversariante é estimulado, incansavelmente, por animadores que a todo momento nos fazem lembrar que hoje é o seu dia – e não do personagem famoso, geralmente licenciado, estampado nos quatro cantos do salão tentando roubar a cena das crianças.

A decoração em geral não foge ao padrão princesas para as meninas e super heróis para os meninos – como dita Walt Disney. Enquanto isso os pais, aqueles que conseguiram acompanhar seus filhos, ficam geralmente tomando uma bebidinha e jogando conversa fora, num merecido momento de descontração. Mas quem acompanha as crianças nas festas são, muitas vezes, as ditas folguistas – as babás de fim de semana –, que formam um séquito de branco de olhos atentos nos pequenos

No fim da festa, a criança geralmente volta para casa exausta com tantos estímulos sonoros, visuais e gustativos, e um saco cheio de presentes, com uma ressalva para as famílias que pedem doações para crianças carentes no lugar de presentes ao homenageado. Ainda assim, somos levados a questionar o que foi celebrado ali: as conquistas de mais um ano de vida entre amigos e familiares – ou o consumo?

É claro que os bufês infantis foram se modernizando e ganharam novos conceitos que acompanham as tendências das classes mais favorecidas, tais como alimentação mais light, sucos verdes, brigadeiros gourmet, brinquedos mais orgânicos, brindes inovadores e decoração ligada à natureza. Contudo, a essência consumista não mudou em nada e segue impregnada nesse rentável modelo de negócios.

Festas das elites

Mas isso não é tudo. O ano de 2011 marcou o início das festas sobre rodas. Meninas entre 6 e 11 anos, das elites de grandes centros urbanos, começaram a cobiçar festas que acontecem dentro de limusines locadas, geralmente cor de rosa. As mães das pequenas "noivas" alugam esses veículos pelo valor aproximado de dois mil reais para festejar mais um ano da vida de seus filhas, confinadas no trânsito de grande metrópoles como Rio de Janeiro e São Paulo – ao som ensurdecedor de celebridades mirins e ao sabor de doces e refrigerantes.

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Foto: Daniel Carvalho

A festa pode esgotar-se ali mesmo – sem espaço para troca ou movimento –, mas muitas vezes prolonga-se com uma ida a um cabeleireiro ou spa infantil, onde as convidadas podem pintar as unhas, maquiar-se ou exibir penteados arrojados. Exercitam assim o consumismo, valores materialistas e a sexualidade precoce.

E os meninos, peças fundamentais no exercício da brincadeira, e amigos queridos da aniversariante? Ficam de fora, como manda o figurino e o sexismo – desde a mais tenra idade. O sucesso dessas festas foi tão grande que a moda se reinventou e hoje atinge o público adolescente e o adulto com as famosas Festbus, que acontecem dentro de ônibus – transformados num grande salão de festas com pista de dança itinerante.

Já no ano passado o maior hit das festas infantis foram as chamadasfestas do pijama, antes reconhecidamente caseiras – quando um grupo seleto de amigos passava a noite na casa do aniversariante. Hoje, mercantilizadas e abocanhadas pelo mercado infantil, têm decoração personalizada, com brindes que podem ir de pijamas e cobertores até tendas ou sacos de dormir, feitos sob medida para os convidados. Estes, depois de passarem horas navegando individualmente em seustablets, adormecem na casa do amigo e levam os "mimos" para casa.

O velho colchão de dobrar, guardado embaixo da cama ou em cima do armário da casa da vovó saiu de moda, assim como também ligar para mãe que está recebendo os amigos para saber como estão as crianças ou simplesmente agradecer o pernoite. A comunicação entre pais fica restrita a seus filhos via whatsapp, denunciando a perda do sentido de coletividade e comunidade. E quem entretém as crianças são geralmente animadores contratados, com atividades tipo guerra de travesseiro.

Em pouco tempo, este tipo de festa tornou-se a principal escolha de meninas entre 6 e 11 anos – como previu uma empresa carioca pioneira em festas para crianças que criou, inclusive, uma cartela de opções para o que chama de minisleep. Ideias para lá de "criativas" compõem o cardápio da empresa: festas de culinária, festas em sítios, focadas em futebol e onde mais sua imaginação e recursos financeiros puderem alcançar. Outra empresa focada nesse mercado inventa o que seu desejo mandar para a festa dos seus filhos, sem que você precise sequer sair de casa e desde, claro, que possa pagar por isso.

Vale dizer que até o singelo bolinho na escola ganhou novos contornos, estimulados pela própria instituição de ensino – que deveria ter o papel de fomentar outros valores e formas de homenagear o aniversariante. Hoje, o famoso "parabéns" em sala de aula pode ser acompanhado por uma roda de presentes, enviados pelas famílias para o "dono do dia", que sai da escola com um saco de 15 presentes ou mais, sendo que, muitas vezes, nenhum tem a autoria do amigo. Presente feito coletivamente na escola, cantoria de músicas ou algo que o valha parecem valores esquecidos, numa sociedade que mercantilizou as datas comemorativas e tem ensinado às crianças que, para ser, é preciso ter.

Mudaram, portanto, os valores, e não apenas os locais das festas. O que é transmitido para as crianças quando seu aniversário é festejado dentro de salões de beleza ou limusines? O que elas vão querer na festa de quinze anos ou no dia do casamento? O que pensar de famílias que se endividam o ano inteiro para isso e que, quando a festa acaba, já querem saber da criança o que ela pretende ter na festa do ano que vem?".

Cabe aos pais essa reflexão, numa tentativa de reinventar, criativamente, a comemoração do aniversário de seus filhos, de uma forma mais sustentável e que valha a pena rememorar no futuro. E, claro, às escolas cabe a reflexão sobre o lugar social que ocupam na vida dessas famílias – lugar que deveria ser de formação para cidadania e não de bufê infantil.

Mas, nem tudo está perdido. A tendência contrária são as comemorações ao ar livre, em parques, com a criançada correndo solta atrás da bola, entre as árvores. Foi reconfortante receber um convite da festa de aniversário do filho de amigos, feito pela própria criança. A comemoração foi no Jardim Botânico do Rio. Lá, tive a chance de entregar o presente na mão da criança e lanchar delícias feitas pelas tias e avós. Tudo muito original, com o lugar decorado por um grande mural de fotos dos momentos vividos no último ano pelo aniversariante e seus amigos, que ali estavam. No fim, o "dono do dia" carregava um saco não tão grande de presentes, mas um enorme sorriso no rosto. Ele pode partilhar, com pessoas importantes na sua vida, conquistas e atividades que ficarão na memória. E o brinde foi um cd, gravado pelo seu pai e ilustrado pelo irmão mais velho, com suas músicas preferidas. Isso, sim, merece ser festejado!




Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz