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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

15.4.20

Rio Grande do Sul em Foco | 15/04/2020

Rio Grande do Sul em Foco | 15/04/2020


Confira os principais destaques do Brasil de Fato RS nesta quarta-feira:


Governo Bolsonaro demorou mais de dois meses para editar primeira medida. O Brasil tem sido criticado por não ter se preparado adequadamente para o combate à covid-19.

Mulheres têm presença marcante na política, apesar de invisibilizadas. Elas são maioria na base dos movimentos sociais, mas não nos espaços de poder político. Confira mais uma entrevista da série Mulheres na Política.

Em meio à pandemia, Câmara aprova Carteira Verde e Amarela e retira mais direitos. Para novos contratos, o pagamento mensal deverá seguir o teto de R$ 1.558,50; medida precisa ser aprovada pelo Senado.

Em meio à pandemia, empresas de calçados do RS demitem mais de 3 mil trabalhadores. No cenário nacional setor contabiliza a perda de 11 mil empregos, conforme dados da Abicalçados.

Governador do RS estende decreto de fechamento da maioria do comércio até o dia 30. Contudo flexibiliza a liberação de abertura em regiões menos afetadas pelo coronavírus.

Meditação pode ser uma alternativa para manter a saúde física, mental e emocional. Namastê – Centro de Terapia Bioenergética e Meditações Ativas oferece meditação em casa em tempos de isolamento.

Uergs lança vídeo com informações em Libras sobre o coronavírus*. O material tem como objetivo suprir a carência sobre a pandemia causada pelo coronavírus para população surda.

Rio Grande do Sul tem 720 casos confirmados de coronavírus  Doença é registrada em 87 municípios gaúchos.

Covid-19: que os ricos paguem a conta! "A taxação de grandes fortunas é a forma mais justa e rápida de assegurar uma maior justiça tributária no Brasil". Artigo de Marcelo Sgarbossa e Cristiano Lange dos Santos.

A crise se define: se correr o bicho pega se ficar o bicho come*. Mandetta avisou sua equipe que estava sendo demitido e que Bolsonaro só procura um substituto para dispensá-lo. Artigo de  Walmaro Paz.

Mandetta admite saída do ministério: "O presidente quer outro tipo de posição". Ministro afirma que busca por substituto já chegou em seus ouvidos: "Alguns nomes que foram sondados me procuram".

Fortalecer o SUS: uma tarefa nacional. Autor propõe medidas como a criação dos Serviços Estaduais de Saúde e do Quadro Nacional de Servidores Públicos da Saúde. Artigo de Eduardo de Azeredo Costa.

Trabalhadoras domésticas enfrentam ameaças de demissão e perda de renda com pandemia. De acordo com o Sindicado das Domésticas da Paraíba, as diaristas são as mais prejudicadas com a falta de direitos.

O remédio contra crise causada pela pandemia não é austeridade, afirma Dilma Rousseff. Para a ex-presidenta, é necessário ter um Estado que invista e que opte por se endividar em vez de aumentar impostos.

CORONAVÍRUS NO BRASIL
Números atualizados, impactos econômicos, consequências políticas e ações de enfrentamento.




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Notícias

5.4.20

"A subnotificação tem sido mais um problema no enfrentamento da Covid-19."

O número de profissionais afastados é incerto. As informações chegam esparsas ao Sindisaúde e ao Sindicato dos Enfermeiros do Rio Grande do Sul (Sergs), dando conta de algumas dezenas em diferentes hospitais.

 

Contaminação de trabalhadores da saúde é mais um problema no combate ao coronavírus

Publicado em: abril 3, 2020
Luciano Velleda

"A população precisa saber que, se esse profissional não estiver em pé, vai faltar gente pra cuidar dela". O alerta é feito por Julio Appel, secretário-geral do Sindisaúde, em referência aos trabalhadores da saúde que estão na linha de frente e se contaminando com o coronavírus. O número de profissionais afastados é incerto. As informações chegam esparsas ao Sindisaúde e o Sindicato dos Enfermeiros do Rio Grande do Sul (Sergs), dando conta de algumas dezenas em diferentes hospitais.

Diante do quadro de risco em que se encontram trabalhadores vitais no enfrentamento da pandemia, ambos os sindicatos têm atuado para garantir a proteção desses profissionais com o uso dos equipamentos de proteção individual, os chamados EPIs. Apesar de básico no cenário de exposição a um vírus altamente contagioso, são muitos os relatos de falta de EPIs para quem está diariamente em contato com pacientes contaminados e suspeitos.

Segundo o Conselho Regional de Enfermagem (Coren), o Rio Grande do Sul tem registrados em torno de 125 mil profissionais, entre auxiliares, técnicos, enfermeiros e obstetrizes. Quantos desses estão afastados por contaminação ou suspeita, é uma informação que tem sido considerada uma "caixa preta".

Por causa da denúncia de que os hospitais não estão oferecendo os equipamentos de segurança em número suficiente, os sindicatos entraram com ações na Justiça para obrigá-los a garantirem os EPIs básicos, ou seja, máscara, luva e álcool gel. A primeira ação, movida contra a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, obteve liminar favorável na última quarta-feira (1º). Na decisão, o juiz do Trabalho Rafael Fidelis de Barros estabeleceu que a Santa Casa deve fornecer os EPIs a todos os seus profissionais de saúde na linha de frente da pandemia do Covid-19. O juiz também determinou que a instituição afaste imediatamente os trabalhadores maiores de 60 anos, os portadores de doenças crônicas, os imunodeprimidos, empregadas gestantes e lactantes das suas atividades presenciais, sem prejuízo da remuneração. "Entramos com a ação para que se garanta judicialmente, porque pela via normal, de negociação com os hospitais, eles disseram que iam fazer e não fizeram", explica Julio Appel.

A necessidade da ação judicial é compartilhada por Claudia Franco, presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Rio Grande do Sul (Sergs). "Vemos um grande número de colegas ainda manifestando a dificuldade de acesso aos EPIs, e nos levando a entrar com liminar contra os empregadores para garantir o direito fundamental de segurança para quem está na linha de frente dessa pandemia", afirma.

O mesmo pedido judicial feito com relação a Santa Casa foi também realizado para os trabalhadores do Grupo Hospitalar Conceição (GHC). O hospital foi comunicado pela Justiça na quinta-feira (2) e tem agora 48h para se manifestar, até o julgamento da liminar.

Para Claudia Franco, a solução seria a unificação de procedimentos, tendo como padrão o manual da Anvisa, o mesmo usado pelo Ministério da Saúde (MS), com atualizações constantes — a última no dia 31 de março. "Isso faz com que as decisões sejam baseadas em normas com embasamento técnico e não em 'achismo' da gestão. Estamos lidando com vidas, pessoas que cuidam de outras pessoas. Outra questão importante é o afastamento do grupo de risco, os profissionais de saúde que estão no grupo de risco têm que ficar em isolamento, não basta tirar do atendimento e colocar no administrativo, porque ele, para chegar ao local de trabalho, se expõe ao risco", explica a presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Rio Grande do Sul (Sergs).

Testar, testar e testar

A subnotificação tem sido mais um problema no enfrentamento da Covid-19. De acordo com Julio Appel, secretário-geral do Sindisaúde, a falta de notificação serve tanto para apurar a causa mortis de pessoas, como para a própria realização de testes dos trabalhadores que estão na linha de frente do combate. Appel enfatiza que muitas mortes estão sendo descritas apenas como "insuficiência respiratória". "Se não temos testes para quem está vivo, imagina para quem morreu."

A demora dos testes é uma questão prejudicial. Appel cita o Hospital de Clínicas (HC) como o único com testes cujo resultado fica pronto em até 48h. "O certo era terem investido em ciência, enquanto o governo atual faz tudo ao contrário. Quando o ministro da Educação diz que nas faculdades existe plantação de maconha, na verdade tem plantação de ciência, de cognição, coisa que falta ao governo atual."

Para Claudia Franco, presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Rio Grande do Sul (Sergs), os testes deveriam seguir o protocolo do Ministério da Saúde (MS), mas isso não tem acontecido. "Eu não acho que tem que testar frequentemente, mas tem que ser conforme o protocolo que não está sendo cumprido. Hoje seria, quando houver sintomas, testa profissionais de saúde e pacientes internados, porém na prática, hoje mandam os trabalhadores sintomáticos para casa, para chamar depois para fazer o exame. Isso acaba com o emocional de quem já está em frangalhos."

Nesta quinta-feira (2), o Ministério da Saúde anunciou a compra de 40 milhões de EPIs, uma quantidade que, disse o ministro Luiz Henrique Mandetta, deve ser suficiente para proteger os profissionais da área pelos próximos 20 dias. Todavia, durante o anúncio, Mandetta não garantiu que todos os equipamentos sejam entregues. O motivo é a grande demanda mundial dos materiais, aliado ao fato de a China deter cerca de 90% de sua produção.

Na opinião da presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Rio Grande do Sul, o cálculo do ministro é tão incerto quanto o desenvolvimento da doença nos próximos meses. "Não tem como precisar isso, porque até agora o frio não chegou, estamos tendo sorte desse outono quente, por isso os especialistas falam da curva subir quando o frio chegar. As pessoas não conseguem entender a gravidade e a importância do isolamento e, com as declarações desastrosas do presidente, agrava mais ainda. Então fazer esses cálculos baseado em quê? Na realidade, aquilo que denunciamos lá atrás, do desmonte do SUS com a EC 95, está sendo sentido agora sem recurso e sem preparo para essa pandemia", critica Claudia Franco, fazendo referência à emenda do teto de gastos, aprovada durante o governo de Michel Temer (MDB).

Enquanto não há dados confiáveis sobre o número de profissionais de saúde afastados de suas funções, o Sindisaúde elabora um formulário, em seu site, para o próprio trabalhador informar que contraiu o coronavírus. Uma situação que, na análise de Julio Appel, poderia ser bem melhor se houvesse investimento em ciência e saúde do governo atual, mas também dos anteriores. "Poderíamos estar muito além do que estamos hoje. O Brasil é uma potência que nunca foi transformada para favorecer a população."

Em outra frente de atuação, o Sindicato dos Enfermeiros do RS avalia ser possível enquadrar os enfermeiros contaminados como Doença Ocupacional, e o afastamento dos casos suspeitos ou confirmados como Afastamento por Acidente de Trabalho. A razão seria a superexposição dos profissionais e a falta de EPIs. "O sindicato está acompanhando todos os casos de afastamento que estão ocorrendo entre os profissionais da saúde e apoiará os colegas na busca por seus devidos direitos", afirma a presidente Cláudia Franco.

https://www.sul21.com.br/ultimas-noticias/coronavirus/2020/04/contaminacao-de-trabalhadores-da-saude-e-mais-um-problema-no-combate-ao-coronavirus/  


Fim de um mundo (por Manuel Castells)

Fim de um mundo
por Manuel Castells

Publicado em: abril 4, 2020

Manuel Castells (*)

A equipe de gestão da crise sanitária nomeada por Trump elabora, como outros países, modelos para prever a evolução da epidemia. Segundo suas projeções, se não se fizesse nada (ou seja, se fosse seguida a opinião do presidente há cerca de um mês), poderia haver algo entre 1,6 milhões e 2,2 milhões de mortos por Covid-19 nos Estados Unidos. Para ter uma ideia da magnitude desses números basta comparar com os 400 mil soldados norte-americanos que morreram na atroz Segunda Guerra Mundial. No entanto, com medidas de confinamento estrito nos próximos 30 dias, acreditam que poderão reduzir essas mortes a algo entre 100 mil e 200 mil pessoas nos próximos meses. Claro que esperam rebaixar a cifra, mas ainda em seu nível mais baixo, com dezenas de milhões de contagiados, os Estados Unidos aparecem agora como o epicentro da epidemia.

As conseqüências humanas são horríveis. Mas, além disso, as conseqüências econômicas e sociais desta tragédia alcançarão o conjunto de um planeta globalizado cujo centro segue sendo os Estados Unidos. Por que, de repente, ocorreu essa evolução catastrófica da epidemia que estava localizada na China e na Coréia? Pela mesma razão pela qual a epidemia se tornou pandemia: nossa interconexão global, o tráfego constante de pessoas e mercadorias entre todos os países, com muitos destes intercâmbios tendo por origem e destino as grandes metrópoles norte-americanas. Além disso, no interior dos Estados Unidos milhões de passageiros circulam diariamente em aviões que formam a mais densa rede de tráfego aéreo do planeta. Não há trens, os ônibus são para os pobres e as viagens de longa distância em automóveis se limitam aos períodos de férias. E os aviões são um meio patógeno para toda classe de vírus e também para este. A Babel do século XXI, em suas múltiplas megalópoles é, paradoxalmente, o território mais vulnerável do planeta. Ainda que veremos em seguida o que vai ocorrer na África, América Latina e Índia.

Mas há mais elementos importantes neste cenário: o péssimo sistema de saúde pública estadunidense, com milhões de pessoas sem cobertura, no qual coexistem a melhor tecnologia médica do mundo (para aqueles que podem pagar) com uma medíocre medicina semi-pública, onde os hospitais cobravam, até bem pouco tempo, 3 mil dólares por um teste de coronavírus. Também influi o desleixo dos responsáveis políticos, incapazes de reagir a tempo, desdenhando as advertências que chegavam da China. Diziam: aqui não é a China. Isso é verdade, mas o vírus não sabe disso. Trump se referia a ele como o "vírus chinês". Agora virou uma questão de vida ou morte para o seu país. E é isso de fato. Da diferentes atitudes de responsáveis regionais resultam grandes diferenças na expansão do contágio. A Califórnia e o estado de Washington, com governadores democratas progressistas, adotaram medidas de confinamento há um mês. As escolas e universidades fecharam e adotaram o ensino online. Eventos desportivos e espetáculos foram suspensos.

Enfim, fizeram o que fizemos em nosso país gradualmente. Nova York e sua área metropolitana foram os mais lentos em reagir. Além disso, é o principal nó dos fluxos globais que convergem nos Estados Unidos. Nova York se converteu na Wuhan dos Estados Unidos. Mas que ninguém tenha a ideia de pedir o confinamento territorial. Cada estado da União tem autonomia quase total para aplicar suas próprias medidas. E como o vírus não conhece fronteiras vai se expandindo sem obstáculos, contagiando outras áreas metropolitanas, porque a estrutura espacial funciona por relações inter-metropolitanas, não por contiguidade territorial. Em uma situação de extrema emergência, o governo federal poderia impor uma política centralizada, mas é improvável. Ao invés disso, estados e municípios suplicam ao governo ajuda financeira, militar ou de equipamentos. Trump ordenou às fábricas de automóveis que passassem a fabricar respiradores, tão escassos como no resto do mundo, mas no momento se pratica uma política seletiva nos hospitais, reservando-os aos que se podem salvar e transferindo-os para distintas regiões conforme a morte se desloca. Enquanto isso, a ciência trabalha para encontrar remédios e uma vacina. Mas ainda está longe.

O colapso sanitário se estende à economia. E, daí, à economia mundial, à produção dependente de cadeias globais de produção, ao consumo, com demanda decrescente pelo confinamento e pelo medo do futuro, aos investimentos, apesar da taxa de juro de 0% do Federal Reserve (o Banco Central norte-americano), porque a incerteza é absoluta, e aos mercados de commodities, com preços despencando, sobretudo do petróleo, porque Rússia e Arábia Saudita escolheram esse momento para um duelo suicida entre quem pratica o preço mais baixo. Isso seria bom para nós, se pudéssemos viajar.

A OCDE estima que, nos países desenvolvidos, cada mês de confinamento reduz o crescimento do PIB em dois pontos. Calculem. Entramos, sem dúvida alguma, em uma profunda e larga recessão mundial que se converterá em uma crise financeira pior que a de 2008 porque as empresas voltaram a se endividar pensando que de novo tudo era brincadeira. Em meio a tudo isso, e apesar de tudo, a China deteve a expansão do vírus (que segue à espreita todavia) e ainda vai conseguir crescer 2%, indicando uma mudança fundamental da hegemonia mundial. Não é o fim do mundo. Mas é o fim de um mundo. Do mundo no qual estávamos vivendo até agora.

(*) Doutor em sociologia pela Universidade de Paris, é professor nas áreas de sociologia, comunicação e planejamento urbano e regional e pesquisador dos efeitos da informação sobre a economia, a cultura e a sociedade. Artigo publicado originalmente em La Vanguardia.

Tradução: Marco Weissheimer

§§§

https://www.sul21.com.br/opiniaopublica/2020/04/fim-de-um-mundo-por-manuel-castells/  


Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz