Dia do Saci: 31 de outubro
Saci-pererê
O saci, também conhecido como saci-pererê, saci-cererê, matimpererê[1], saci-saçurá e saci-trique, é uma personagem bastante conhecida do folclore brasileiro. Tem sua origem presumida entre os indígenas da Região das Missões, no Sul do país, de onde teria se espalhado por todo o território brasileiro.
Etimologia
"Saci" é oriundo do termo tupi sa'si[2]. "Matimpererê" é oriundo do termo tupi matintape're[3].
O saci
A figura do saci surge como um ser maléfico, como somente brincalhão ou como gracioso, conforme as versões comuns ao sul.[4]
Na Região Norte do Brasil, a mitologia africana o transformou em um negrinho que perdeu uma perna lutando capoeira, imagem que prevalece nos dias de hoje. Herdou também, da cultura africana, o pito, uma espécie de cachimbo e, da mitologia europeia, herdou o píleo, um gorrinho vermelho usado pelo lendário trasgo.[5] Trasgo é um ser encantado do folclore do norte de Portugal, especialmente da região de Trás-os-Montes. Rebeldes, de pequena estatura, os trasgos usam gorros vermelhos e possuem poderes sobrenaturais.
Representação
O saci é um negro jovem de uma só perna, portador de uma carapuça sobre a cabeça que lhe concede poderes mágicos. Sobre este último caractere, é de notar-se que, já na mitologia romana, registrava Petrônio, no Satiricon, que o píleo conferia poderes ao íncubo e recompensas a quem o capturasse.[4]
Considerado uma figura brincalhona, que se diverte com os animais e pessoas, fazendo pequenas travessuras que criam dificuldades domésticas, ou assustando viajantes noturnos com seus assovios – bastante agudos e impossíveis de serem localizados. Assim é que faz tranças nos cabelos dos animais, depois de deixá-los cansados com correrias; atrapalha o trabalho das cozinheiras, fazendo-as queimar as comidas, ou ainda, colocando sal nos recipientes de açúcar ou vice-versa; ou aos viajantes se perderem nas estradas.[4]
O mito existe pelo menos desde o fim do século XVIII ou começo do XIX.[4]
Papel do mito
A função desta "divindade" era o controle, sabedoria, e manuseios de tudo que estava relacionado às plantas medicinais, como guardião das sabedorias e técnicas de preparo e uso de chá, beberagens e outros medicamentos feitos a partir de plantas.
Como suas qualidades eram as da farmacopeia, também era atribuído, a ele, o domínio das matas onde guardava estas ervas sagradas, e costumava confundir as pessoas que não pediam a ele a autorização para a coleta destas ervas.
Na cultura popular
Literatura
O primeiro escritor a se voltar para a figura do saci-pererê foi Monteiro Lobato, que realizou uma pesquisa entre os leitores do jornal O Estado de S. Paulo. Com o título de "Mitologia Brasílica – Inquérito sobre o Saci-Pererê", Lobato colheu respostas dos leitores do jornal que narravam as versões do mito, no ano de 1917. O resultado foi a publicação, no ano seguinte, da obra O Saci-Pererê: resultado de um inquérito, primeiro livro do escritor.[6].
Mais tarde, em 1921, o autor voltaria a recorrer ao personagem, no livro O Saci, seu segundo trabalho dedicado à literatura infantil.
Histórias em quadrinhos
O quadrinhista Ziraldo criou em 1958 a série Turma do Pererê, em que o Saci contracena com o índio Tininim, a onça-pintada Galileu e outros personagens. As histórias foram originalmente publicadas na revista O Cruzeiro[7].
Em 2010, o ilustrador Giorgio Galli publicou a primeira edição de sua revista independente de quadrinhos de terror Salomão Ventura - Caçador de Lendas. Na primeira aventura do personagem, o saci é apresentado como uma figura demoníaca, que leva suas vítimas à loucura e à morte.[8]
Cinema e TV
O primeiro ator a representar o papel foi Paulo Matozinho, no filme O Saci, adaptado do livro infantil de Lobato. A produção de 1951 da Brasiliense Filmes foi dirigida por Rodolfo Nanni[9].
Na televisão, as séries que adaptaram a obra de Monteiro Lobato em 1977 e 2007 tiveram Romeu Evaristo e Fabrício Boliveira, respectivamente, interpretando o personagem. O cantor Jorge Benjor também encarnou o saci no especial Pirlimpimpim, de 1982. Em Pirlimpimpim 2, de 1984, foi a vez de Genivaldo dos Santos vestir a carapuça[10].
Na adaptação para a tevê das histórias de Ziraldo, o papel de Pererê coube a Sílvio Guindane.
Música
Em 1912, o compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos escreveu a marcha "Saci", quinta parte da sua suíte para piano "Petizada" (W048). A composição, assim como as outras da mesma peça, é inspirada no folclore musical brasileiro[11].
Francisco Mignone também deu o nome de "Saci" à sexta parte dos seus "Estudos Transcendentais" para piano, de 1931. [12]
O maestro Edmundo Villani-Cortes voltou a lhe dar vida em obras como "Primeira folha do diário do saci" (para piano, 1994)[13], "Terceira folha do diário de um saci" (para flauta, 1992)[14] e "Sétima folha do diário de um saci" (para contrabaixo, 1992) [15]. Na música popular, a primeira referência ao personagem data de 1909, ano da composição de "Saci-Pererê", de Chiquinha Gonzaga, gravada pela dupla Os Geraldos. Em 1913, foi a vez de "Saci", uma polca de J.B. Nascimento gravada pelo Sexteto da Casa. Gastão Formenti também gravou duas músicas intituladas "Saci-Pererê": uma toada de Joubert de Carvalho, em 1918 e uma canção de J. Aimberê e Bide, em 1929.
Nas décadas seguintes, outros artistas recorreram ao tema, como Arnaldo Pescuma ("Teu olhar é um Saci", de Cipó Jurandi e Décio Abramo, 1930; Conjunto Tupy ("Saci-Pererê", de J.B. Carvalho, 1932; Mário Genari Filho (a polca "Saci-Pererê", 1948); Zé Pagão & Nhô Rosa ("Saci-Pererê", de Ivani, 1949); Inhana ("Saci", baião de Antônio Bruno e Ernesto Ianhaen, 1956); Edir Martins ("Saci-Pererê", marcha de Carlinhos e Galvão, 1957); a dupla Torrinha & Canhotinho (o cateretê "Saci-Pererê", 1959); Araci de Almeida ("Saci-Pererê", marcha de Henrique de Almeida e Rubi, 1960); Demetrius ("Rock do Saci", de J. Marascalco e Richard Penniman, 1961); e Clóvis Pereira ("Samba do Saci", de Osvaldo Nunes e Lino Roberto, 1963).
Em 1973, o grupo Secos & Molhados fez sucesso com "O Vira", de João Ricardo e Luli. A canção, que mencionava sacis e fadas, seria regravada mais tarde por artistas de estilos distantes, como Frank Aguiar, Roberto Leal e os grupos Falamansa e Cheiro de Amor.
Pouco depois, Kleiton e Kledir, então integrantes do grupo Almôndegas, compuseram "Canção da meia-noite", incluída na trilha sonora da telenovela "Saramandaia" (1976). A música, que acompanhava o personagem Professor Aristóbulo (Ary Fontoura) falava do "medo de ser um vampiro, um lobisomem, um saci-pererê".
O saci continuou aparecendo em trilhas sonoras. No ano seguinte, para acompanhar a série televisiva "Sítio do Picapau Amarelo", Guto Graça Mello compôs e gravou "Saci". No especial "Pirlimpimpim" (1982), a canção para o personagem ficou por conta de Jorge Benjor ("Saci Pererê". A terceira versão do Sítio para a tevê incluiu, na sua trilha, "Pererê Peralta (saci)", de Carlinhos Brown (2001) e "Eu vi o Saci", de Marcos Sacramento e Izak Dahora (2006).
Outras gravações:
Boca Livre, "Saci", (Paulo Jobim/Ronaldo Bastos, 1980);
Ruy Maurity, "Sacirerê" (Maurity/Zé Jorge, 1984);
Gilberto Gil, "Saci-Pererê" (Gil, 1980);
Bia Bedran, "Quintal" (Bedran, 1992);
Mônica Salmaso, "Saci" (Guinga/Paulo César Pinheiro, 1998);
Gal Costa, "Grande Final" (Moraes Moreira, 2004);
A Cor do Som, "Dança, Saci" (Mu Carvalho, 2006).
Flávio Paiva, "A festa do Saci" (Paiva/Orlângelo Leal, 2007).
Na música instrumental, as principais referências são o violonista Carlinhos Antunes ("Saci-Pererê", 1996), a banda Terreno Baldio (Saci-Pererê, 1977), Guilherme Lamounier ("Saci-Pererê", 1978) e o Quarteto Pererê ("Polka do Sacy" e "Liberdade Pererê", ambas no álbum "Balaio", 2010) [16]. O Quarteto Pererê já havia apresentado, em 2005, o espetáculo Saci Armorial, em que fundia a lenda com o universo literário do escritor pernambucano Ariano Suassuna [17].
Jogos
O RPG O Desafio dos Bandeirantes inclui o saci entre as figuras mitológicas que podem enfrentar os jogadores[18].
No jogo de interpretação de personagens online e em massa para múltiplos jogadores brasileiro Erinia, o saci é um dos monstros que habitam as Grutas de Hur[19]
Ciência
"Saci evita entrar na água", de Renato Bender
Em 2001, uma nova espécie de dinossauro ornitísquio foi descoberta em Agudo, no Rio Grande do Sul. Como o fóssil foi encontrado sem o fêmur esquerdo, recebeu o nome de Sacisaurus agudoensis[20]
Saci Last Common Ancestor Hypothesis ("hipótese do saci como último ancestral comum") foi um termo utilizado em uma discussão primatológica para explicar por que animais da família Hominidae não sabem nadar de forma instintiva. Esta hipótese faz uma referência à mitologia do saci pererê como uma criatura que evita entrar na água.[21][22]
Em 1997, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais desenvolveu um microssatélite para lançamento no foguete chinês Longa Marcha 4. Ele recebeu o nome de Satélite de Aplicações Científicas e o acrônimo SACI-1. A experiência, porém, fracassou, pois o satélite, mesmo entrando em órbita, não funcionou. Seu sucessor, o SACI-2, deveria ter sido lançado em 1998, mas o foguete VLS-2 explodiu no lançamento[23][24].
Dia do Saci
Em 2005, foi instituído o Dia do Saci no Brasil, comemorado no dia 31 de outubro, a fim de restaurar as figuras do folclore brasileiro, em contraposição a influências folcloróricas estrangeiras, como o Dia das Bruxas.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Lenda do Saci-Pererê
Origem da lenda do Saci, características principais, personalidade, histórias e lendas da floresta, folclore nacional, cultura popular do interior do Brasil, cultura afro-brasileira, Dia do Saci
Saci-pererê: um dos mais populares personagens do folclore brasileiro
Quem é o saci
O Saci-Pererê é um dos personagens mais conhecidos do folclore brasileiro. Possuí até um dia em sua homenagem: 31 de outubro. Provavelmente, surgiu entre povos indígenas da região Sul do Brasil, ainda durante o período colonial(possivelmente no final do século XVIII). Nesta época, era representado por um menino indígena de cor morena e com um rabo, que vivia aprontando travessuras na floresta.
Porém, ao migrar para o norte do país, o mito e o personagem sofreram modificações ao receberem influências da cultura africana. O Saci transformou-se num jovem negro com apenas uma perna, pois, de acordo com o mito, havia perdido a outra numa luta de capoeira. Passou a ser representado usando um gorro vermelho e um cachimbo, típico da cultura africana. Até os dias atuais ele é representado desta forma.
Características e comportamento do Saci-pererê
O comportamento é a marca registrada deste personagem folclórico. Muito divertido e brincalhão, o saci passa todo tempo aprontando travessuras na matas e nas casas. Assusta viajantes, esconde objetos domésticos, emite ruídos, assusta cavalos e bois no pasto etc. Apesar das brincadeiras, não pratica atitudes com o objetivo de prejudicar alguém ou fazer o mal.
Diz o mito que ele se desloca rapidamente dentro de redemoinhos de vento, e para captura-lo é necessário jogar uma peneira ou um rosário bento sobre ele. Após o feito, deve-se tirar o gorro (carapuça) e prender o saci dentro de uma garrafa. Somente desta forma ele irá obedecer seu "proprietário". Este terá o direito de fazer um pedido ao Saci, que deverá realizá-lo.
Mas, de acordo com o mito, o saci não é voltado apenas para brincadeiras. Ele é um importante conhecedor das ervas da floresta, da fabricação de chás e medicamentos feitos com plantas. Ele controla e guarda os segredos e todos estes conhecimentos. Aqueles que penetram nas florestas em busca destas ervas, devem, de acordo com a lenda, pedir sua autorização. Caso contrário, se transformará em mais uma vítima de suas travessuras.
Entre as travessuras preferidas do Saci, podemos citar: esconder brinquedos de crianças, dar nó em crina de cavalos, bagunçar as roupas de cama, derramar sal e açúcar na cozinha, apagar o fogo de fogões à lenha e assustar as pessoas com um forte e estranho assobio.
A crença neste personagem ainda é muito forte na região interior do Brasil. Em volta das fogueiras, os mais velhos contam suas experiências com o saci aos mais novos. Através da cultura oral, o mito vai se perpetuando. Porém, o personagem chegou aos grandes centros urbanos através da literatura, da televisão e das histórias em quadrinhos.
Saci-pererê na literatura brasileira
Quem primeiro retratou o personagem, de forma brilhante na literatura infantil, foi o escritor Monteiro Lobato. Nas histórias do Sítio do Pica-Pau Amarelo, o saci aparece constantemente. Ele vive aprontando com os personagens do sítio. A lenda se espalhou por todo o Brasil quando as histórias de Monteiro Lobato ganharam as telas da televisão, transformando-se em seriado, transmitido no começo da década de 1950. O saci também aparece em várias momentos das histórias em quadrinhos do personagem Chico Bento, de Maurício de Souza.
Dia do Saci
Com o objetivo de diminuir a importância da comemoração do Halloween no Brasil, foi criado em caráter nacional, em 2005, o Dia do Saci ( 31 de outubro). Uma forma de valorizar mais o folclore nacional, diminuíndo a influência do cultura norte-americana em nosso país.
Curiosidades:
- Em algumas versões da lenda, o Saci-Pererê aparece com as mãos furadas.
- De acordo com a lenda, a noite todos os sacis do mundo se encontram para planejarem as travessuras que irão fazer.
- O Saci-Pererê é o mascote do time de futebol Sport Club Internacional de Porto Alegre.
https://www.suapesquisa.com/musicacultura/saci-perere.htm
Saci
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Saltar para a navegaçãoSaltar para a pesquisaO saci, também conhecido como saci-pererê, saci-cererê, matimpererê[1], matita perê, saci-saçurá e saci-trique[2][3], é um personagem bastante conhecido do folclore brasileiro. Tem sua origem presumida entre os indígenas da Região das Missões, no Sul do país, de onde teria se espalhado por todo o território brasileiro.
A figura do saci surge como um ser maléfico, como somente brincalhão ou como gracioso, conforme as versões comuns ao sul.[4]
Na Região Norte do Brasil, a mitologia africana o transformou em um negrinho que perdeu uma perna lutando capoeira, imagem que prevalece nos dias de hoje[carece de fontes]. Herdou também, da cultura africana, o pito, uma espécie de cachimbo e, da mitologia europeia, herdou o píleo, um gorrinho vermelho usado pelo lendário trasgo.[5] Trasgo é um ser encantado do folclore do norte de Portugal, especialmente da região de Trás-os-Montes. Rebeldes, de pequena estatura, os trasgos usam gorros vermelhos e possuem poderes sobrenaturais.
Etimologia
"Saci" é oriundo do termo tupi sa'si[6]. "Matimpererê" é oriundo do termo tupi matintape're[7]. O termo "pererê" é oriundo do termo tupi pererek-a, que significa "ir aos saltos"[8].
Representação
O saci é um negro jovem de uma perna só, portador de uma carapuça sobre a cabeça que lhe concede poderes mágicos. Sobre este último caractere, é de notar-se que, já na mitologia romana, registrava Petrônio, no Satiricon, cujo píleo conferia poderes ao íncubo e recompensas a quem o capturasse.[4]
Considerado uma figura brincalhona, que se diverte com os animais e pessoas, fazendo pequenas travessuras que criam dificuldades domésticas, ou assustando viajantes noturnos com seus assovios – bastante agudos e impossíveis de serem localizados. Assim é que faz tranças nos cabelos dos animais, depois de deixá-los cansados com correrias; atrapalha o trabalho das cozinheiras, fazendo-as queimar as comidas, ou ainda, colocando sal nos recipientes de açúcar ou vice-versa; ou aos viajantes se perderem nas estradas.[4]
O mito existe pelo menos desde o fim do século XVIII ou começo do XIX.[4]
Papel do mito
A função desta "divindade" era o controle, sabedoria, e manuseios de tudo que estava relacionado às plantas medicinais, como guardião das sabedorias e técnicas de preparo e uso de chá, beberagens e outros medicamentos feitos a partir de plantas.
Como suas qualidades eram as da farmacopeia, também era atribuído, a ele, o domínio das matas onde guardava estas ervas sagradas, e costumava confundir as pessoas que não pediam a ele a autorização para a coleta destas ervas.
Na cultura popular
Literatura
"Retrato do Saci-pererê" (2007) por J. Marconi O primeiro escritor a se voltar para a figura do saci-pererê foi Monteiro Lobato, que realizou uma pesquisa entre os leitores do jornal O Estado de S. Paulo. Com o título de "Mitologia Brasílica – Inquérito sobre o Saci-Pererê", Lobato colheu respostas dos leitores do jornal que narravam as versões do mito, no ano de 1917. O resultado foi a publicação, no ano seguinte, da obra O Saci-Pererê: resultado de um inquérito, primeiro livro do escritor.[9].
Mais tarde, em 1921, o autor voltaria a recorrer ao personagem, no livro O Saci, seu segundo trabalho dedicado à literatura infantil.
Histórias em quadrinhos
O quadrinista Ziraldo criou em 1958 a série Turma do Pererê, em que o Saci contracena com o índio Tininim, a onça-pintada Galileu e outros personagens. As histórias foram originalmente publicadas na revista O Cruzeiro[10].
Cinema e Televisão
O primeiro ator a representar o papel foi Paulo Matozinho, no filme O Saci, adaptado do livro infantil de Lobato. A produção de 1951 da Brasiliense Filmes foi dirigida por Rodolfo Nanni[11].
Na televisão, as séries que adaptaram a obra de Monteiro Lobato em 1977 e 2007 tiveram Romeu Evaristo e Fabrício Boliveira, respectivamente, interpretando o personagem. O cantor Jorge Benjor também encarnou o saci no especial Pirlimpimpim, de 1982. Em Pirlimpimpim 2, de 1984, foi a vez de Genivaldo dos Santos vestir a carapuça[12].
Na adaptação para a tevê das histórias de Ziraldo, o papel de Pererê coube a Sílvio Guindane.
Música
Em 1912, o compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos escreveu a marcha "Saci", quinta parte da sua suíte para piano "Petizada" (W048). A composição, assim como as outras da mesma peça, é inspirada no folclore musical brasileiro[13].
Francisco Mignone também deu o nome de "Saci" à sexta parte dos seus "Estudos Transcendentais" para piano, de 1931. [14]
O maestro Edmundo Villani-Cortes voltou a lhe dar vida em obras como "Primeira folha do diário do saci" (para piano, 1994)[15], "Terceira folha do diário de um saci" (para flauta, 1992)[16] e "Sétima folha do diário de um saci" (para contrabaixo, 1992) [17]. Na música popular, a primeira referência ao personagem data de 1909, ano da composição de "Saci-Pererê", de Chiquinha Gonzaga, gravada pela dupla Os Geraldos. Em 1913, foi a vez de "Saci", uma polca de J.B. Nascimento gravada pelo Sexteto da Casa. Gastão Formenti também gravou duas músicas intituladas "Saci-Pererê": uma toada de Joubert de Carvalho, em 1918 e uma canção de J. Aimberê e Bide, em 1929.
Nas décadas seguintes, outros artistas recorreram ao tema, como Arnaldo Pescuma ("Teu olhar é um Saci", de Cipó Jurandi e Décio Abramo, 1930; Conjunto Tupy ("Saci-Pererê", de J.B. Carvalho, 1932; Mário Genari Filho (a polca "Saci-Pererê", 1948); Zé Pagão & Nhô Rosa ("Saci-Pererê", de Ivani, 1949); Inhana ("Saci", baião de Antônio Bruno e Ernesto Ianhaen, 1956); Edir Martins ("Saci-Pererê", marcha de Carlinhos e Galvão, 1957); a dupla Torrinha & Canhotinho (o cateretê "Saci-Pererê", 1959); Araci de Almeida ("Saci-Pererê", marcha de Henrique de Almeida e Rubi, 1960); Demetrius ("Rock do Saci", de J. Marascalco e Richard Penniman, 1961); e Clóvis Pereira ("Samba do Saci", de Osvaldo Nunes e Lino Roberto, 1963).
Em 1972,o compositor, músico, arranjador, cantor e maestro Tom Jobim,compôs "Águas de Março", uma famosa canção brasileira que forma parte do álbum Matita Perê, lançado em 1973, no ano seguinte em dueto com Elis Regina foi lançada no LP Elis & Tom.
Em 1973, o grupo Secos & Molhados fez sucesso com "O Vira", de João Ricardo e Luli. A canção, que mencionava sacis e fadas, seria regravada mais tarde por artistas de estilos distantes, como Frank Aguiar, Roberto Leal e os grupos Falamansa e Cheiro de Amor.
Pouco depois, Kleiton e Kledir, então integrantes do grupo Almôndegas, compuseram "Canção da meia-noite", incluída na trilha sonora da telenovela "Saramandaia" (1976). A música, que acompanhava o personagem Professor Aristóbulo (Ary Fontoura) falava do "medo de ser um vampiro, um lobisomem, um saci-pererê".
O saci continuou aparecendo em trilhas sonoras. No ano seguinte, para acompanhar a série televisiva "Sítio do Picapau Amarelo", Guto Graça Mello compôs e gravou "Saci". No especial "Pirlimpimpim" (1982), a canção para o personagem ficou por conta de Jorge Benjor ("Saci Pererê". A terceira versão do Sítio para a tevê incluiu, na sua trilha, "Pererê Peralta (saci)", de Carlinhos Brown (2001) e "Eu vi o Saci", de Marcos Sacramento e Izak Dahora (2006).
Outras gravações:
- Boca Livre, "Saci", (Paulo Jobim/Ronaldo Bastos, 1980);
- Ruy Maurity, "Sacirerê" (Maurity/Zé Jorge, 1984);
- Gilberto Gil, "Saci-Pererê" (Gil, 1980);
- Bia Bedran, "Quintal" (Bedran, 1992);
- Mônica Salmaso, "Saci" (Guinga/Paulo César Pinheiro, 1998);
- Ivete Sangalo, "Pererê" (Augusto Conceição/Chiclete, 2000);
- Gal Costa, "Grande Final" (Moraes Moreira, 2004);
- A Cor do Som, "Dança, Saci" (Mu Carvalho, 2006).
- Flávio Paiva, "A festa do Saci" (Paiva/Orlângelo Leal, 2007).
Na música instrumental, as principais referências são o violonista Carlinhos Antunes ("Saci-Pererê", 1996), a banda Terreno Baldio (Saci-Pererê, 1977), Guilherme Lamounier ("Saci-Pererê", 1978) e o Quarteto Pererê ("Polka do Sacy" e "Liberdade Pererê", ambas no álbum "Balaio", 2010) [18]. O Quarteto Pererê já havia apresentado, em 2005, o espetáculo Saci Armorial, em que fundia a lenda com o universo literário do escritor pernambucano Ariano Suassuna [19].
Jogos
Ciência
"Saci evita entrar na água", de Renato Bender. Em 2013, uma nova espécie de anfíbio anuro (Adenomera saci[22]) foi descrita do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, no estado de Goiás. O nome dado à espécie faz alusão à vocalização da espécie, que é um assobio curto e intermitente, e pela dificuldade de se observar indivíduos da espécie cantando, que podem ser elusivos, como atribuído ao saci na cultura popular: "...ele assobia para assustar e confundir os viajantes noturnos, a origem dos assobios impossível de ser localizada...".
Em 2001, uma nova espécie de dinossauro ornitísquio foi descoberta em Agudo, no Rio Grande do Sul. Como o fóssil foi encontrado sem o fêmur esquerdo, recebeu o nome de Sacisaurus agudoensis[23]
Saci Last Common Ancestor Hypothesis ("hipótese do saci como último ancestral comum") foi um termo utilizado em uma discussão primatológica para explicar por que animais da família Hominidae não sabem nadar de forma instintiva. Esta hipótese faz uma referência à mitologia do Saci Pererê como uma criatura que evita entrar na água.[24][25]
Em 1997, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais desenvolveu um microssatélite para lançamento no foguete chinês Longa Marcha 4. Ele recebeu o nome de Satélite de Aplicações Científicas e o acrônimo SACI-1. A experiência, porém, fracassou, pois o satélite, mesmo entrando em órbita, não funcionou. Seu sucessor, o SACI-2, deveria ter sido lançado em 1998, mas o foguete VLS-2 explodiu no lançamento[26][27].
Dia do Saci
Em 2005, foi instituído o Dia do Saci no Brasil, comemorado no dia 31 de outubro, a fim de restaurar as figuras do folclore brasileiro, em contraposição a influências folclóricas estrangeiras, como o Dia das Bruxas.
Uso nas forças armadas
O saci, por suas características de esperteza e brasilidade, é o símbolo da Seção de Instrução Especial da Academia Militar das Agulhas Negras, localizada em Resende, no estado do Rio de Janeiro, no Brasil.
Uso no esporte
O Saci é mascote dos clubes: Sport Club Internacional e Social Futebol Clube de Coronel Fabriciano.
Ver também
Referências
- ↑ FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.1 534
- ↑ Revista do Arquivo Municipal, Volume 24,Edição 160 -Volume 27,Edição 162 No Google Books - acessado em 29 de junho de 2017
- ↑ Folclore, por Gabriel Zanata No Google Books - acessado em 29 de junho de 2017
- ↑ Ir para:a b c d CASCUDO, Luís da Câmara, Dicionário do Folclore Brasileiro, verbete Saci
- ↑ «"En Brasil también encontramos el homónimo al trasgo, el Saci Perere, oscuro, de gorro rojo y manos agujereadas, aficionado también a gastar bromas y dar sustos."»
- ↑ FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.1 534
- ↑ FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. pp.1 103,1 104
- ↑ de Carvalho, Moacyr Ribeiro (1987). Dicionários Tupi(antigo)-Português (PDF). Salvador: [s.n.] Consultado em 17 de maio de 2019
- ↑ «BLONSKI, Míriam Stella, "Saci, de Monteiro Lobato: um mito nacionalista" (tese acessada em janeiro de 2009)» (PDF). Arquivado do original (PDF) em 4 de novembro de 2013
- ↑ UOL Crianças Turma do Pererê, do Ziraldo, se prepara para comemorações de 50 anos
- ↑ «O Saci (1951)» (em inglês). IMDB. Consultado em 3 de junho de 2011
- ↑ «Saci Pererê (charachter)» (em inglês). IMDB. Consultado em 3 de junho de 2011
- ↑ Heitor Villa Lobos website
- ↑ MARQUES,Clóvis. Review of LNT124: Francisco Mignone - Piano Music
- ↑ Catálogo de obras para piano de Edmundo Villani-Côrtes
- ↑ Celina Charlier e Edmundo Villani-Côrtes[ligação inativa]
- ↑ «Catálogo de obras brasileiras para contrabaixo». Consultado em 14 de junho de 2011. Arquivado do original em 15 de fevereiro de 2009
- ↑ PAIVA, Flávio. A música e a perna do Saci Arquivado em 19 de agosto de 2014, no Wayback Machine.. Revista de Cultura Agulha nº 66, novembro/dezembro de 2008
- ↑ Memorial da América Latina
- ↑ RPGEduc. O Desafio dos Bandeirantes Arquivado em 6 de outubro de 2008, no Wayback Machine.
- ↑ Revista Galileu. Folclore em jogo[ligação inativa]. Edição 158, setembro de 2004.
- ↑ Carvalho, Thiago Ribeiro; Ariovaldo Antonio Giaretta (19 de agosto de 2013). «Taxonomic circumscription of Adenomera martinezi (Bokermann, 1956) (Anura: Leptodactylidae: Leptodactylinae) with the recognition of a new cryptic taxon through a bioacoustic approach». Zootaxa (em inglês). 3701 (2): 207–237. ISSN 1175-5334. doi:10.11646/zootaxa.3701.2.5
- ↑ Ferigolo, J. and Langer, M.C. (2006), A Late Triassic dinosauriform from south Brazil and the origin of the ornithischian predentary bone Arquivado em 27 de agosto de 2011, no Wayback Machine., Historical Biology: A Journal of Paleobiology, p. 1-11. (em inglês)
- ↑ Bender, Renato; Bender, Nicole: The "Saci last common ancestor hypothesis" and a first description of swimming ability in common chimpanzees (Pan troglodytes). Palestra apresentada na 23rd annual conference of the Human Behavior and Evolution Society, 29 June – 3 July 2011, Montpellier, France.
- ↑ 23rd Annual Meeting of the Human Behavior and Evolution Society - ProgramArquivado em 11 de julho de 2013, no Wayback Machine. (em inglês)
- ↑ Desenvolvimento de satélites e plataformas espaciais no INPE no período 1961-2007. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
- ↑ NERI, José Angelo da Costa Ferreira. Microssatélites do INPE e o Programa Espacial Brasileiro. Parcerias Estratégicas – número 7 – Outubro/1999