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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

30.10.19

lançamento de livro :: 3 de novembro


Lançamento do livro
organizado por Pedrinho A. Guareschi, Denise Amon e André Guerra:



Psicologia, Comunicação e Pós-verdade
– 3ª edição Revisada e Ampliada,
com novo ensaio sobre eleições no Brasil*

* trata-se na verdade de um novo livro, com novo ISBN, lançado pela Editora ABRAPSO. 13 ensaios, 435 p.


3 de novembro de 2019 – domingo
18h30
Feira do Livro de Porto Alegre


________________________________________________________________________________
Pedrinho Guareschi :: Pós-verdade
https://pedrinhoguareschi.com.br/

ESTAÇÃO CIDADANIA - Pós-verdade [PARTE 1]: https://www.youtube.com/watch?v=l12dC14h8Mo
ESTAÇÃO CIDADANIA - Pós-verdade [PARTE 2]: https://www.youtube.com/watch?v=55xB32nfvAA
ESTAÇÃO CIDADANIA - Pós-verdade [PARTE 3]: https://www.youtube.com/watch?v=NZcUhXZ_FiQ
_________________________________________________________________________________

20.10.19

Hackers know password from your account. Password must be changed now.

Hi, dear user of blogger.com

We have installed one RAT software into you device
For this moment your email account is hacked too.
I know your password. I logged in to your account and wrote this letter to you from there.

Changed your password? You're doing great!
But my software recognizes every such action. I'm updating passwords!
I'm always one step ahead....

So... I have downloaded all confidential information from your system and I got some more evidence.
The most interesting moment that I have discovered are videos records where you masturbating.

I posted EternalBlue Exploit modification on porn site, and then you installed my malicious code (trojan) on your operation system.
When you clicked the button Play on porn video, at that moment my trojan was downloaded to your device.
After installation, your front camera shoots video every time you masturbate, in addition, the software is synchronized with the video you choose.

For the moment, the software has harvrested all your contact information from social networks and email addresses.
If you need to erase all of your collected data and videos, send me $729 in BTC (crypto currency).

This is my Bitcoin wallet: 158r99HsERpiBqWg3w2FCPHbUfkXG8Zxsd
You have 48 hours after reading this letter.

After your transaction I will erase all your data.
Otherwise, I will send a video with your sweepstakes to all your colleagues, friends and relatives!!!

P.S. I ask you not to reply to this email, this is impossible (the sender's address is your own address).

And henceforth be more careful!
Please visit only secure sites!
Bye,Bye...

14.10.19

#VazaJato: 'Vamos criar distração'


Segunda-feira, 14 de outubro de 2019
'Vamos criar distração'

 

O Intercept revela hoje como os procuradores da Lava Jato em Curitiba programaram a divulgação da denúncia contra Lula no caso do sítio em Atibaia fazendo um cálculo corporativista e midiático. Os membros da força-tarefa decidiram acusar o ex-presidente na tentativa de distrair a população e a imprensa das críticas que atingiam a Procuradoria-Geral da República. É o que mostram as conversas secretas da Lava Jato, material entregue ao Intercept por uma fonte anônima. 

Em maio de 2017 a equipe do então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, estava sob bombardeio por causa de um áudio vazado da delação premiada da JBS que atingia em cheio o presidente Michel Temer. Havia suspeitas de que o material havia sido editado. 

Os chats mostram que a denúncia do sítio já estava pronta para ser apresentada em 17 de maio de 2017, dia em que o jornal O Globo publicou reportagem acusando Temer de dar aval a Joesley para a compra do silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, do MDB fluminense. 

As primeiras conversas dos procuradores sobre a delação da JBS revelam um clima de excitação. "To em êxtase aqui. Precisamos pensar em como canalizar isso pras 10 medidas", escreveu Deltan Dallagnol em 17 de maio. O procurador Roberto Pozzobon aproveitou para recordar o ministro do STF, Gilmar Mendes, outra obsessão da força-tarefa, ao lado de Lula. "Bem que poderia vir uma gravação do Gilmau junto né?!". Orlando Martello retrucou, pouco depois: "Defendo uma delação com temer ou Cunha para pegar Gilmar".

Passada a euforia, a força-tarefa viu a gravação ser questionada na imprensa. Peritos entrevistados ou contratados por veículos de comunicação identificaram cortes na gravação e apontaram que poderia ter havido edição do arquivo. 

Convencidos da integridade do material, os procuradores esperavam que viesse a público o quanto antes um laudo da Polícia Federal sobre o áudio. Foi aí que o procurador Carlos Fernando do Santos Lima expôs seu plano no grupo Filhos do Januario 1, dia 21 de maio de 2017: "Quem sabe não seja hora de soltar a denúncia do Lula. Assim criamos alguma coisa até o laudo". Após seu chefe, Deltan Dallagnol, se certificar de que o plano poderia ser posto em prática, ele comemorou, no mesmo grupo: "Vamos criar distração e mostrar serviço". 

A denúncia contra Lula foi apresentada à justiça e divulgada à imprensa no final da tarde do dia seguinte, dia 22.

LEIA A MATÉRIA COMPLETA →  

Rafael Neves
Repórter

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13.10.19

“Estamos sendo tratados feito tolos”



Perita em danos ambientais por vazamento de óleo alerta: Estamos sendo feitos de tolos. Como veem manchas chegarem às praias e não acionam imagens dos satélites?
Simone Santos/Praia Limpa e Governo do Sergipe/Divulgação
VOCÊ ESCREVE

Perita em danos ambientais por vazamento de óleo alerta: Estamos sendo feitos de tolos. Como veem manchas chegarem às praias e não acionam imagens dos satélites?


13/10/2019 - 14h19


"Estamos sendo feitos de tolos", alerta a mais experiente perita brasileira em danos ambientais por vazamento de óleo 

por Raíssa Ebrahim, em Marco Zero

"Estamos sendo tratados feito tolos".

A frase resume a revolta de Yara Schaeffer Novelli, doutora e professora sênior da Universidade de São Paulo (USP), em relação ao vazamento de óleo que já é considerado o maior desastre ambiental do Nordeste.

Ela foi a primeira perita judicial da primeira ação civil pública movida no Brasil por dano ambiental, em 1983, num rompimento de oleoduto da Petrobras na Baixada Santista.

Naquela época, o Brasil tinha recém-publicado e regulamentado a Lei 6938, de 1981, da Política Nacional do Meio Ambiente.

Desde então, leis, normas, protocolos, planos nacionais e experiências foram sendo acumulados.

Marcos legais não faltam, mas eles não estão sendo cumpridos.

O descaso e o silêncio do governo federal são ensurdecedores. A Marco Zero Conteúdo conversou por quase 1h ao telefone com a cientista, considerada umas das maiores conhecedoras do assunto no País e sócia-fundadora da ONG Instituto Bioma Brasil.

"Nós (o Brasil) começamos com o pé errado. Mas, com todo esse tempo – as primeiras manchas de óleo apareceram em 30 de agosto –, para mim foi intencional não se envolver pessoas e grupos que poderiam definitivamente ter colaborado. Teríamos tudo para ter agido de forma organizada, legal e dentro das normas desde o primeiro momento em que se avistou óleo chegando às praias. Não precisa de muito, está tudo aí no Google", avalia Yara, autora de mais de 100 artigos científicos e escritora ou organizadora de mais de 40 livros.

A Lei 9.966, de 2000, estabelece o que deve ser feito em termos de prevenção, controle e fiscalização de poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional.

São os princípios básicos a serem seguidos por todos os tipos de embarcações, portos, plataformas e instalações, nacionais ou estrangeiros, que estejam em águas brasileiras.

"Está tudo lá, mastigado", reforça.

A lei mostra desde o que deve ser feito quando se registram as primeiras aparições de óleo, como classificar, controlar, prevenir e transportar as substâncias, incluindo marcos legais de infrações e punições, além de elencar quem são os responsáveis pelo cumprimento.

A legislação, porém, não está sendo cumprida.

Foi necessário que o problema se espalhasse assustadoramente para que, só no último sábado (7) – quase 40 dias depois dos primeiros registros –, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) determinasse que a Polícia Federal e a Marinha investigassem as causas e as responsabilidades do que, com atraso, passou a ser considerado um crime ambiental de grandes proporções.

As ações de mitigação e prevenção estão sendo realizadas num trabalho de formiguinha, que muitas vezes envolve mais o ativismo do que o cumprimento governamental.

Nada deveria ter sigilo, explica Yara: "o próprio Plano Nacional de Contingência diz que imprensa tem que ser comunicada e que é para haver reuniões diárias e divulgações de tudo que está acontecendo. Eu fico pasma, esse é o adjetivo que configura o que estou sentindo no momento", lamenta.

A professora explica que a Lei 9.966 também atribuiu ao Ministério do Meio Ambiente a responsabilidade na identificação, localização e definição dos limites das áreas ecologicamente sensíveis à poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas.

Em 2008, uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) estabeleceu que esse mapeamento deveria ser representado pelas chamadas Cartas SAO (Cartas de Sensibilidade Ambiental a Derramamentos de Óleo).

A maior parte das bacias nordestinas são mapeadas: Ceará e Potiguar (Rio Grande do Norte), em 2004; Sul da Bahia, em 2013; Sergipe-Alagoas/Pernambuco-Paraíba, em 2013; e Pará-Maranhão/Barreirinhas, em 2017.

Essas cartas se juntam à Lei 9.966. Mas isso também não aconteceu, e agora o vazamento já atingiu mais de 2 mil quilômetros de costa.

"As Cartas SAO identificam a sensibilidade ambiental que deve ser protegida, os recursos biológicos sensíveis ao óleo. Está tudo lá, cheio de figurinhas, mapa, bichos, atividades socioeconômicas que podem vir a ser prejudicadas", frisa Yara.

Isso significa, portanto, que o governo federal deveria estar protegendo o que já está mapeado e usando imagens de satélite para prevenção, para saber onde colocar as barreiras de contenção e absorção.

"O Porto de Suape, por exemplo, é obrigado a ter essas barreiras. O mesmo vale para a Petrobras no Recôncavo Baiano. E onde elas estão?", questiona a professora.

"Até palha de coqueiro poderia ter sido colocada na praia", diz ela para provar mais uma vez o quão absurda é a situação.

A Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema) do Governo de Sergipe, que declarou situação de emergência e onde o óleo já atingiu a foz do Rio São Francisco, informou que a Petrobras não tem mais disponíveis as boias absorventes que seriam enviadas para conter as manchas de óleo no Rio Vaza Barris, em Aracaju.

O estado precisará investir R$ 100 mil na compra dos equipamentos.

Como se não bastassem a Lei 9966 e as Cartas SAO, ainda existe um Plano Nacional de Contingência, de 2012, que prevê as medidas a serem tomadas pelo governo diante de grandes vazamentos de petróleo no mar e que deveria ter sido ativado desde o início para evitar que problemas maiores acontecessem.

Na época em que foi anunciado, período ainda de início da exploração do pré-sal, o plano tinha um orçamento de R$ 1 bilhão, uma espécie de seguro que funciona apenas em caso de grandes acidentes, nos quais os responsáveis não são identificados imediatamente.

"Será possível que não fizeram nada disso? Eu uma idosa de 76 anos fico sabendo disso e o seu ministro do meio ambiente não sabe? Porque ele não perguntou aos técnicos do ministério, Ibama, ICMBio, que são competentes? E isso eu afirmo e assino embaixo", ironiza Yara.

"Começo a desconfiar que existe uma ordem superior para que não se manifestem. Essa mudez total, esse silêncio, só podem ser orquestrados. O Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) se calou, mas eles têm oceanógrafos físicos e pessoal especializado em estudo de imagens de satélite de primeira qualidade".

No início de agosto, o diretor Ricardo Galvão foi exonerado do Inpe depois que Bolsonaro contestou os dados sobre o monitoramento do desmatamento da Amazônia.

"Como alguém vê as manchas chegarem às praias e não aciona as imagens dos satélites? Elas dizem onde as manchas estavam ontem, onde estavam antes de ontem… Elas estão aí para isso. Acho impossível não terem feito. Se alguém foi impedido de divulgar, isso é muito sério", levanta a professora.

"Estou realmente abismada e aborrecida. Estamos passando para os brasileiros que ouvem essas notícias há mais de um mês que a gente pagas aos pesquisadores que não sabem dizer nada. Não posso ver uma coisa dessas e não reagir. Temos obrigação legal e cidadã de tentar contribuir e colaborar. Fomos financiados a vida inteira pra fazer uma devolutiva para sociedade", comenta a cientista da USP.

Durante a conversa, Yara também comentou que a ação da Marinha de notificar 30 navios de 10 países após a triagem das manchas de óleo é "uma tremenda confusão".

O navio pode ser de uma país e ter bandeira registrada em outro.

Existem os chamados "países de conveniência", como por exemplo, a Libéria, pouco exigentes em relação às condições das embarcações.

Tanto que algumas delas não têm permissão para entrar em portos europeus, mas entram em portos da América Latina.

Isto significa que a embarcação não necessariamente tem a bandeira do país do armador.

Na avaliação de Yara, sem nenhuma imagem para dizer como esse óleo está se deslocando, fica complicado chegar a alguma conclusão.

"Não vimos a análise do óleo para dizer de onde ele é. Todo óleo tem uma assinatura. Ninguém mostrou nada".

"É tragicômico" um presidente do Brasil, que tem nomes internacionais de cientistas, "falar em quase certezas".

"Você já viu alguém estar quase grávido?", ironiza Yara.

"Já vi áreas costeiras em São Paulo impactadas por óleo, é bem diferente dessa quantidade que está chegando ao Nordeste. E imaginar que esse óleo sofreu intemperismo e já mudou muito… Essa mancha quando foi exposta pela primeira vez na superfície do mar, era enorme. Ela vai secando, se dissolvendo na coluna d'água, perdendo componentes, grudando mais e diminuindo o tamanho da mancha", ensina.

Se esse óleo realmente tiver sido despejado em alto-mar, a recomendação era que se tivesse usado tensoativos, como se fossem detergentes que dissolvem o material.

Mas agora que o material está na costa, essa ação não é recomendada, porque podem fazer mal aos seres humanos, à fauna e à flora.

A curto prazo, os danos já estão sendo conhecidos: tartarugas mortas, filhotes que não estão podendo ser chegar ao mar nos locais de desova, redes de pesca e corais sujos de óleo.

Os tratores que estão sendo usados para a limpeza das praias estão levando uma camada considerável de areia da superfície onde há muita vida, isso sem contar com a compressão da areia.

"Isso é uma perda muito grande. Há animais, crustáceos pequenos, larvas e outros organismos vivos importantes para o início da cadeia alimentar", mostra Yara.

Eles são inclusive alimentos para as aves que se deslocam do hemisfério norte para cá para se alimentar na época de inverno.

As algas sujas de óleo tendem a ir para o fundo do mar e lá se decomporem.

"Muita coisa é irreversível, um efeito crônico de longo prazo".

https://www.viomundo.com.br/voce-escreve/perita-em-danos-ambientais-por-vazamento-de-oleo-alerta-estamos-sendo-feitos-de-tolos-como-veem-manchas-chegarem-as-praias-e-nao-acionam-imagens-dos-satelites.html?fbclid=IwAR028hqyPp3X-Qc1_JGPsSSh-NU5CGBSGseYlZA8AaiIIQR_-1_EQ4onAPE  



9.10.19

Bolsonaro dá passaporte diplomático a parentes de suspeito da morte de Marielle

Bolsonaro dá passaporte diplomático a parentes de suspeito da morte de Marielle

Foto: Guilherme Santos/Sul21

Igor Carvalho
Do Brasil de Fato

João Vitor Moraes Brazão e Dalila Maria de Moraes Brazão, filho e esposa do deputado federal Chiquinho Brazão (Avante-RJ), receberam do Itamaraty o passaporte diplomático em 9 de julho deste ano. O parlamentar, que também possui o documento, é irmão de Domingos Inácio Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) acusado de obstruir as investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco, ocorrido em março de 2018, e suspeito de ser num dos mandantes do crime.

Os integrantes da família Brazão estão em uma lista com os 1694 passaportes diplomáticos emitidos pelo governo Jair Bolsonaro (PSL) até 15 de agosto, a qual o Brasil de Fato teve acesso por meio da Lei de Acesso à Informação.

Domingos Brazão é investigado desde fevereiro deste ano sob suspeita de obstruir as investigações do caso Marielle. No último dia 17 de setembro, a ex-procuradora geral da República, Raquel Dodge, apresentou uma denúncia contra ele nesse sentido e também solicitou a abertura de um inquérito no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para apurar se o conselheiro foi o mandante do assassinato.

Chiquinho Brazão, que é sócio do irmão Domingos Brazão em uma rede de postos de gasolina, fez toda sua trajetória política em Rio das Pedras, zona oeste do Rio de Janeiro, e região controlada pelas milícias.

Em 2012 e 2016, Chiquinho Brazão foi o vereador mais votado na região de Rio das Pedras. Em 2018, foi eleito deputado federal, usando o bairro como base para sua campanha. Entre 2016 e 2018, seu patrimônio subiu de R$ 2,3 milhões para R$ 3,4 milhões, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Joice Hasselmann

A relação com os 1694 beneficiários do benefício, que ainda será alvo de outras matérias no Brasil de Fato, mostra, também, que a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), eleita com um discurso contra os privilégios da classe política, requereu e conseguiu um passaporte diplomático para sua filha, a estudante Gabriela Hasselmann, e outro para o marido, o médico Daniel França Mendes de Carvalho. Ambos vencem em 31 de julho de 2023.

As vantagens para os que possuem passaporte diplomático começam na gratuidade para a emissão do documento, que custa R$ 257,25 para os demais viajantes. Além disso, os portadores do documento não pegam filas nos aeroportos internacionais e conseguem o visto mais facilmente. Em alguns países, a depender de acordos com o Brasil, o visto é dispensado.

Imoral

Em nota enviada ao Brasil de Fato, o Itamaraty aponta que o passaporte diplomático é um direito garantido pelo Decreto 5.978 de 2006, que prevê a entrega do documento para os seguintes cargos: Presidente e vice-presidente da República; Ministros de Estado e chefes de Secretarias ligadas à Presidência da República; Governadores de estados; Adidos credenciados pelo Ministério das Relações Exteriores; militares a serviços em missões da Organização das Nações Unidas (ONU); Membros do Congresso Nacional; Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União; Procurador-Geral da República; e juízes brasileiros em Tribunais Internacionais Arbitrais.

Sobre a entrega do documento para parentes de parlamentares, o decreto afirma. "A concessão de passaporte diplomático ao cônjuge, companheira ou companheiro e aos dependentes das pessoas indicadas neste artigo será regulada pelo Ministério das Relações Exteriores."

Para Gisele Ricobom, professora da Faculdade Nacional de Direito e membro da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), o decreto permite uma interpretação ampla, que afasta a possibilidade de ilegalidade. Porém, "é uma prática imoral, já que filhos de deputados não representam o Brasil no exterior."

"Qual a função do passaporte diplomático? Não é um privilégio, é uma prerrogativa de um funcionário público que estará representando o país em uma missão internacional, seja ela permanente ou temporária. Por essa lógica, o passaporte tem que ser utilizado para o cumprimento da função pública. Ele pode não ser estritamente irregular, mas podemos avaliar que existem princípios administrativos, que a Constituição prevê, que é, por exemplo, a impessoalidade, que proibiriam esses abusos que estão ocorrendo", explica Ricobom.

Segundo o embaixador e ex-secretário geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, "todo privilégio é injusto"."A concessão de passaporte diplomático se justifica para pessoas em missão oficial. Isso é o que significa, porque a situação diplomática é o indivíduo que está em missão oficial, então ele está representando o Brasil. Agora, o sujeito que vai a passeio, não há justificativa."

Ricobom recorda o episódio ocorrido em Sevilla (Espanha) em 25 de junho deste ano, quando um integrante da comitiva presidencial de Jair Bolsonaro (PSL) foi detido com 39 quilos de cocaína, na escala para a reunião do G20 no Japão.

"Se no avião presidencial tivemos essa bomba, uma quantidade expressiva de cocaína, não é de se duvidar que pode ser uma facilidade para que eles cometam ilícitos. Sabemos que há uma passagem privilegiada pelas alfândegas, há o pressuposto que essas pessoas têm prerrogativas maiores que as demais", encerra a jurista.

Outro lado

Procurados, os deputado federais Chiquinho Brazão e Joice Hasselmann não enviaram nenhuma nota até o fechamento desta matéria.





8.10.19

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4.10.19

Legalidade em Bacurau

Colunistas BdF | "Os dois filmes são o Brasil e sua História. As elites, rasgando a Constituição, rompem com a Legalidade, em 1961, como fizeram recentemente, mais uma vez, com o impeachment da presidenta Dilma Rousseff e o golpe de 2016. As elites, através do prefeito de Bacurau, aliam-se aos poderes estrangeiros para amedrontar e até eliminar os habitantes". Confira a análise de Selvino Heck.  


COLUNA

Legalidade em Bacurau

Imagem de perfil do Colunista
Selvino Heck04 de Outubro de 2019 às 16:12
Legalidade retrata o Brasil acontecido. Bacurau, o Brasil de hoje, vivido e acontecido em 2019, em forma de alegoria e ficção - Créditos: Foto: Divulgação BacurauLegalidade retrata o Brasil acontecido. Bacurau, o Brasil de hoje, vivido e acontecido em 2019, em forma de alegoria e ficção / Foto: Divulgação Bacurau
Os dois filmes são o Brasil e sua História

Dois filmes estão agitando 2019. Um, Legalidade, retrata o Brasil acontecido, com imagens da época, História vivida há meio século, 1961, em Porto Alegre e Rio Grande do Sul, com reflexos e repercussão em todo país. Outro, Bacurau, retrata o Brasil de hoje, vivido e acontecido em 2019, em forma de alegoria e ficção.

Legalidade conta a Campanha acontecida nos anos 1960. O vice-presidente, João Goulart, conhecido como Jango, foi eleito em 1960 com mais votos que o presidente eleito, Jânio Quadros, segundo as regras eleitorais da época. Jânio renunciou ao mandato. Jango, de acordo com a lei e a Constituição, deveria, naturalmente, tomar posse como presidente da República. As forças conservadoras e as forças militares não queriam permitir a posse do vice-presidente. Jango é trabalhista, propõe as Reformas de Base, é tido e acusado como 'comunista'. Estava, inclusive, na China quando Jânio renunciou.

O governador Leonel Brizola, do Rio Grande do Sul, mobiliza o povo gaúcho e brasileiro no episódio conhecido como Campanha da Legalidade, verdadeiro levante popular, exigindo a posse de João Goulart. Brizola convoca as massas populares para irem à rua. Coloca e mobiliza a Brigada Militar, a Polícia Militar gaúcha, para ir à rua também e apoiar o cumprimento da lei. E consegue o apoio do III Exército na defesa da Legalidade. Une o Poder Executivo, as forças militares e o povo na rua: defesa da lei e da Constituição, com posse de Jango como Presidente da República.

Bacurau é um pequeno povoado no sertão pernambucano, que some do mapa de repente, não tem mais sinal de internet, um disco voador começa a voar sobre o povoado. Pessoas estranhas começam a aparecer não se sabe de onde, e começam a matar habitantes de Bacurau e arredores. É o retrato do Brasil invadido hoje e desde sempre a partir de uma pequena comunidade do sertão pernambucano, seu povo e habitantes ameaçados em sua liberdade e sobrevivência. Bacurau e seus moradores reagem, organizam-se, chamam de volta para casa quem está longe, distante, defendem-se. Acabam vencendo a opressão estrangeira e o isolamento.

Os dois filmes são o Brasil e sua História. As elites, rasgando a Constituição, rompem com a Legalidade, em 1961, como fizeram recentemente, mais uma vez, com o impeachment da presidenta Dilma Rousseff e o golpe de 2016. As elites, através do prefeito de Bacurau, aliam-se aos poderes estrangeiros para amedrontar e até eliminar os habitantes. As forças invasoras e dominadoras primeiro retiram o povoado de qualquer registro no mapa e na internet – isto é, Bacurau não existe mais, é seu fim -, e depois o fazem fisicamente, matando habitantes sem dó nem piedade.

O Hino da Legalidade de 1961 - de alguma forma gravei a letra na memória, mesmo com apenas dez anos de idade, e morando no interior do interior do Rio Grande do Sul, Linha Santa Emília, Venâncio Aires; ainda o sei cantar de cor, de tanto ouvi-lo nas ondas poderosas da Rádio Guaíba, cujos transmissores, em ideia genial e de coragem, foram requisitados pelo governador Brizola, e instalados nos porões do Palácio Piratini - é altamente significativo. Sua letra é a síntese da Campanha da Legalidade, e permanece altamente sugestivo nos tempos atuais, 2019.

Diz o Hino da Legalidade, de cinquenta anos atrás: "Avante brasileiros de pé,/ unidos pela liberdade,/ marchemos todos juntos com a bandeira/ que prega a lealdade./ Protesta contra o tirano,/ recusa a traição,/ que um povo só é bem grande,/ se for livre sua nação."

Jango, como tantas outras vezes aconteceu na história brasileira, fez um acordo com as elites de então, para não derramar sangue, segundo ele. O acordo, a conciliação permitiu a implantação do parlamentarismo. Jango não tomou posse como presidente legítimo e presidente de fato, segundo aquele ditado popular 'reina, mas não governa'. Num plebiscito realizado em 1963, o parlamentarismo foi amplamente derrotado. Jango torna-se presidente de fato, e defende as Reformas de Base, entre as quais a agrária. O que se torna senha e mote para o golpe militar de primeiro abril de 1964, derrubando Jango, e mergulhando o país numa ditadura militar de 21 anos de duração: fim da liberdade de expressão e organização, perseguição, prisões, mortes, assassinatos, tortura, exílio, inclusive de Jango e de Brizola.

Imperativo registrar que o 'costurador' do acordo de conciliação em 1961 foi o mineiro Tancredo Neves, nomeado primeiro ministro. Depois, no fim da ditadura, em novo acordo e conciliação, e derrotadas as Diretas-Já em 1985, Tancredo torna-se presidente eleito pelo Congresso. Mas adoece e morre, assumindo a presidência o vice-presidente José Sarney, apoiador da ditadura. Importante não esquecer que Tancredo Neves é avô de Aécio Neves, principal patrocinador do impeachment e do golpe de 2016.

Em Bacurau, o povo resiste. A ferro e fogo, armas na mão, os filhos que tinham fugido ou se exilado voltam à terra para defendê-la. A população de Bacurau não deixa o repressor, o opressor e forças estrangeiras dominarem o pequeno povoado e seus habitantes.

Lições da História, segundo Legalidade e Bacurau:

1. Defender a Legalidade nada resolve, quando e se for rompida por acordos por cima, à revelia do povo e da comunidade. Mas em determinados momentos históricos, defender a lei e a Constituição é, ou pode ser, subversivo, revolucionário.

2. O povo, quando organizado e determinado, é mais forte, e vence, como em Bacurau. A unidade popular é fundamental em qualquer quadra da história, quando se trata de defender a lei, a Constituição, os direitos, a democracia, a liberdade. Um povo unido, consciente e organizado tem força política real. Sem unidade popular, não há vitória.

3. Nem sempre a Legalidade sozinha resolve os problemas e os conflitos. A desobediência civil e a revolução fazem parte da história de muitos povos, assim é em Bacurau.

4. Líderes são fundamentais em todos os momentos históricos decisivos. Na Campanha da Legalidade, foi Leonel de Moura Brizola. Em Bacurau, os líderes são vários, mas o principal ator é o povo unido.

5. Brizola requisitou os transmissores da Rádio Guaíba, não permitindo que as fake news de então e seus porta-vozes – a grande imprensa – propagassem a verdade e as mentiras das elites conservadoras e dos EUA, bem retratadas no filme através de uma espiã infiltrada pelo império americano, e inundassem a consciência popular. Em Bacurau, os invasores cortam o sinal da internet, tentando isolar o povo do mundo. Comunicação e informação são sempre fundamentais.

6. A conciliação por cima, sem povo, ou à revelia do povo, só interessa às elites e ao poder dominante.

Muitos espectadores choraram ao assistirem Legalidade. Seja por poderem rever a história da qual participaram, seja por poderem conhecê-la, e saber que um dia o povo gaúcho resistiu. Muitos o aplaudiram no final, e gritaram Lula Livre!

Muitos espectadores sentiram como que um soco no estômago em Bacurau. E o, aplaudiram no final, e gritando Lula Livre!

Bacurau é retrato do Brasil de hoje, e do que se pode e precisa fazer. Legalidade é alento de uma história que fato aconteceu e precisa ser conhecida, em especial pela juventude, e revivida. Legalidade e Bacurau são exemplo de futuro e de esperança na força do povo.

Edição: Marcelo Ferreira



Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz