O que seria um governo bolsonaro
Prof. João Marcio, UFRRJ - Rio de janeiro
O deputado Bolsonaro já se comprometeu com o "mercado" a entregar toda as decisões da área econômica ao grandes agentes privados, sob a hegemonia do capital financeiro (personificado no tal Paulo Guedes). Pelas declarações do candidato, seria um governo comandado diretamente por homens de negócio comprometidos com a redução do "custo Brasil", ou seja, com o aumento do lucro privado. Um governo com esse perfil não apenas continuaria, mas radicalizaria a agenda Temer, a fim de implantar:
O deputado Bolsonaro já se comprometeu com o "mercado" a entregar toda as decisões da área econômica ao grandes agentes privados, sob a hegemonia do capital financeiro (personificado no tal Paulo Guedes). Pelas declarações do candidato, seria um governo comandado diretamente por homens de negócio comprometidos com a redução do "custo Brasil", ou seja, com o aumento do lucro privado. Um governo com esse perfil não apenas continuaria, mas radicalizaria a agenda Temer, a fim de implantar:
1) A redução brutal dos custos de remuneração da força de trabalho (isto é, a redução do salário mínimo e o fim de diversos direitos trabalhistas combinadas com a deterioração das condições de trabalho, por meio da generalização do trabalho intermitente, da terceirização e do sucateamento da justiça do trabalho);
2) O fim das restrições legais à máxima exploração econômica dos recursos naturais, passando por cima de populações tradicionais e preocupações ambientais;
3) O sucateamento e a privatização da educação pública (mediante o desfinanciamento crônico de escolas e universidades, a implantação em massa do ensino à distância via empresas privadas, a substituição de concursos públicos para técnicos e professores pela contratação via terceirização, a redução drástica das bolsas de estudo, pesquisa e apoio à permanência nas universidades, a imposição de reitores pelo MEC contra a escolha democrática de comunidade acadêmica e a perseguição ideológica à liberdade de ensino e pesquisa);
4) O sucateamento e a privatização da saúde pública (mediante o desfinanciamento do SUS, a regulação fraca das empresas privadas de saúde, a generalização das parcerias público-privadas como modelo de gestão e a substituição de concursos públicos pela contratação temporária via terceirização);
5) O favorecimento à indústria armamentista (nacional e estrangeira), mediante a liberação do porte de armas e a prioridade orçamentária às demandas das polícias e das forças armadas;
6) Um modelo de segurança pública ainda mais belicoso, menos responsável perante a sociedade e menos responsabilizável juridicamente;
7) O alinhamento externo do Brasil aos EUA e a Israel, colocando o país numa agenda militarista que contraria a sua tradição diplomática e põe em risco a paz na região.
Além disso tudo, ainda teríamos uma reforma da previdência (que cortaria direitos para os de baixo, mas manteria privilégios para a elite estatal e os militares), uma reforma tributária que reforçaria a concentração de renda e riqueza, a privatização de empresas e bancos públicos e a fragilização das instituições de controle e investigação contra a corrupção.
Para implantar uma agenda desse tipo (os capitalistas de cima vão apliar a "lei do cão" para os debaixo), só com intimidação, perseguição e violência. Aquilo que a historia registrou como métodos fascistas.
Empresário Ricardo Semler alerta "companheiros da elite" contra apoio a Bolsonaro
Semler, em artigo na Folha, exorta: "Colegas de elite, acordem. Não se vota com bílis. Precisamos de tempo, como nação, para espantar a ignorância e aprendermos a ser estáveis" - 02/10/2018
Ricardo Semler*
O empresário Ricardo Semler, sócio da Semco Style Institute e fundador das escolas Lumiar, assina artigo na Folha desta terça-feira (2), com o título "Alô, companheiros de elite", onde condena veementemente o apoio recorrente de empresários e colegas a qualquer candidatura que seja capaz de vencer o PT, inclusive agora ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL).
O empresário Ricardo Semler, sócio da Semco Style Institute e fundador das escolas Lumiar, assina artigo na Folha desta terça-feira (2), com o título "Alô, companheiros de elite", onde condena veementemente o apoio recorrente de empresários e colegas a qualquer candidatura que seja capaz de vencer o PT, inclusive agora ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL).
O ex-professor visitante da Harvard Law School e de liderança no MIT (EUA) se recorda que alertou colegas contra Collor e também contra "a ida das elites à Paulista para derrubar a Dilma equivalia a 'eleger' o Temer e seus 40 amigos".
Semler alerta que não compartilha "com os pressupostos ideológicos do PT e —até pouco— fui filiado a um partido só, o PSDB", mas reconhece "que as elites deste país sempre foram atrasadas, desde antes da ditadura, e nada fizeram de estrutural para evitar o sistema de castas que se instalou".
Diante do apoio a Bolsonaro, o empresário pergunta: "Quem terá coragem, num almoço da City de Londres, de defender a eleição de um capitão simplório, um vice general, um economista fraco e sedento de poder, e novos diretores de colégio militares, com perseguição de gays, submissão de mulheres e distribuição de fuzis à la Duterte?", alerta.
Ao final, exorta seus pares: "Colegas de elite, acordem. Não se vota com bílis. Precisamos de tempo, como nação, para espantar a ignorância e aprendermos a ser estáveis" e encerra: "Não vamos deixar o pavor instruir nossas escolhas. O Brasil é maior do que isto, e as elites podem ficar, também. Confiem".
https://www.revistaforum.com.br/o-empresario-ricardo-semler-alerta-companheiros-da-elite-contra-apoio-a-bolsonaro/
* Ricardo Frank Semler (São Paulo, 1959) é um empresário brasileiro, presidente do Conselho e sócio majoritário da Semco Partners, sucessora do grupo Semco. Foi vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), é articulista do jornal Folha de S.Paulo e Sócio da Tarpon Investimentos em São Paulo, Brasil. A revista TIME o apontou entre os "100 Jovens Líderes Globais", em uma série de reportagens sobre perfis de executivos publicada em 1994. O Fórum Econômico Mundial também o apontou em trabalhos semelhantes. Também foi citado em publicações do Wall Street Journal America Economia e revista "Wall Street Journal Latin America" como "Empresário do Ano na América Latina", em 1990 e "Empresário do Ano no Brasil", em 1992. Semler escreveu livros que se tornaram sucesso em vendas no Brasil e exterior, destacando-se o primeiro, Virando a Própria Mesa (1988) e Seven-days Weekend (2003).
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