quinta-feira, 24 de dezembro de 2015
A NOSTALGIA DO NATAL
Por Jose Antonio Pagola
O Natal é uma festa cheia de nostalgia.
Canta-se a paz, mas não sabemos construí-la.
Desejamo-nos felicidade, mas cada vez parece mais difícil ser feliz.
Compramos presentes, mas o que precisamos é ternura e afeto.
Cantamos a um menino Deus, mas em nossos corações se apaga a fé.
A vida não é como gostaríamos que fosse, mas não sabemos torna-la melhor. Não é só um sentimento de Natal. A vida inteira está imbuída de nostalgia.
Nada preenche inteiramente nossos desejos. Não há riqueza que possa proporcionar paz total. Não há amor que responda plenamente aos desejos mais profundos. Não há profissão que possa satisfazer totalmente nossas aspirações.
Não é possível ser amados por todos. A nostalgia pode ter efeitos positivos. Permite-nos descobrir que nossos desejos vão além daquilo que hoje podemos possuir e desfrutar.
Ajuda-nos manter aberto o horizonte de nossa existência para algo pleno e maior do que já conhecemos. Ao mesmo tempo, nos ensina não pedir da vida o que ela não possa nos dar, não esperar das relações o que elas não nos podem proporcionar.
A nostalgia não nos deixa viver acorrentados unicamente a este mundo. É fácil viver abafando o desejo de infinito que lateja no nosso ser. Encerramo-nos em uma casca que nos torna insensíveis àquilo que possa haver além do que vemos e tocamos.
A festa de Natal, vivenciada desde a nostalgia, cria um clima diferente: nestes dias se percebe melhor a necessidade de lar e segurança. Entrando um pouco em contato com seu coração, intui que o mistério de Deus é nosso destino último.
Se formos crentes, a fé nos convida nestes dias a descobrir esse mistério, não num país estranho e inacessível, mas em uma criança recém-nascida. Simples e incrível. Temos de aproximar-nos de Deus como nos aproximamos de uma criança: de forma suave e sem barulho; sem discursos solenes, com palavras simples nascidas do coração.
Encontrarmo-nos com Deus quando abrimos lhe o melhor que há em nós. Apesar do tom volúvel e superficial que se cria em nossa sociedade, o Natal pode nos aproximar de Deus. Só, se o vivemos com uma fé simples e coração limpo.
Tradução: Katiuska Serafin
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