Daniel Dantas teria fracassado (tomara), porque ficou tentando adular a governantes para ganhar favores. Enquanto que a Ambev teria tido sucesso, porque adula aos acionistas, isto é, ao mercado.
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O governo dos Kirchner é condenado, porque aumentou impostos à exportação do campo, que acumula fortunas descomunais com o boom da demanda externa. E intervêm para resgatar empresas em quebra – como Aerolineas Argentinas. Não recordam que quem quebrou a empresa argentina foi a Iberia, empresa privada espanhola, que já havia quebrado a empresa venezuelana Viasa, deixando o país sem empresa aérea internacional. Não recordam que Kirhcner resgatou a Argentina quebrada, depois do prolongado porre privatista de Menem, que terminou com todas as empresas estatais, incluído a YPF, que dava autosuficiencia de petróleo ao país e hoje o deixa com problemas energéticos sério, em meio ao predomínio da empresa privada espanhola Repsol. Do porre da paridade menemista entre dólar e peso, bomba de tempo que levou o país à maior retração de um país, no começo desta década, da mesma forma que a Rússia havia sofrido na década passada, na sua privatização mafiosa.
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Silêncio constrangido sobre Daniel Dantas, Nahas, Pitta, desagrado de ver ricos algemados – pela primeira vez o tema, chega, porque até aqui eram pobres os algemados. E sobre a chegada do Cacciola – este não dá para ligar ao governo Lula, as orelhas de FHC e de tantos outros, fervendo -, cobertura como se se tratasse de tema anódino, sem nenhum esclarecimento dos antecedentes das acusações, do governo envolvido no escândalo Cacciola.
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O tema da nova onda de quebras de bancos nos EUA, tratado como uma gripe passageira, um acidente natural. Os bancos, todos privados, o socorro, estatal, como sempre: privatização dos lucros e socialização dos prejuízos, como até o Paul Krugman reconhece. Para as empresas privadas, os ganhos, para o Estado, o pagamento pelos pratos despedaçados pelos banquetes empresariais.
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Aumento de salário dos funcionários públicos é parte do caderno de economia, porque é computado como maiores gastos do Estado. Não é abordado como maior remuneração para trabalhadores dos setores de educação e saúde – professores, enfermeiros -, que são a grande maioria dos trabalhadores estatais.
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O governo Lula incomoda quando fortalece o Estado, é discretamente aplaudido quando favorece o grande empresariado, como no caso dos agronegócios de exportação, com transgênicos.
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É preciso, todas as manhãs, constatar o país e o mundo pintados pela mídia mercantil e depois reconstruir o país e o mundo reais, contrapondo um ao outro.
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Postado por Emir Sader - 16/07/2008 às 07:40
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