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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

5.12.06

TURBULÊNCIAS MEXICANAS

O México já não está tão longe de Deus, desde que as relações do governo com a Igreja Católica – que havia encabeçado as principais mobilizações contra a Revolução Mexicana, no começo do século passado – se normalizaram. Embora agora o México esteja mais longe dos EUA, com a construção do muro na fronteira entre os dois países – em que há mais mortes anualmente do que em toda a existência do Muro de Berlim.
Em condições dramáticas, assumiu o novo presidente mexicano, com uma vitória muito questionada pelas acusações de fraude, tendo recebido pouco mais de 30% dos votos, em um país que enfrenta grandes mobilizações populares contra sua posse, ao mesmo tempo que o estado sulista de Oaxaca continua imerso em um processo de rebeldia e de ingovernabilidade. É difícil imaginar como será o desempenho de Felipe Calderón nos 6 anos de mandato que tem pela frente, com pouca legitimidade e um país convulsionado.
Vicente Fox, eleito em 2000, assumiu a presidência com um apoio eleitoral inquestionável e uma expectativa favorável de que se dariam transformações democráticas, com o fim do Estado construído em mais de 8 décadas pelo PRI. Fox manteve o mesmo aparato estatal, se aliou ao PRI e fracassou. Conseguiu eleger seu sucessor, mas nas condições mencionadas – uma vantagem de pouco mais de 200 mil votos, sem que se tenha feito a recontagem eleitoral, que poderia desfazer as dúvidas sobre as acusações de fraude, em um país conhecido por elas.
Quando fez a opção de assinar um Tratado de Livre Comércio com os EUA, em 1994, o México esperava receber os fluxos positivos do desenvolvimento econômico de duas potências globalizadoras – EUA e México. Porém, nesse mesmo ano, o México inaugurou a modalidade de crises financeiras trazidas pelo neoliberalismo, o que levou Washington a mobilizar imediatamente um empréstimo gigante, para acudir ao governo mexicano. Nesse mesmo momento se dava a sublevação dos zapatistas em Chiapas.
As promessas dessa forma de integração subordinada à globalização se resumiram a que o México passasse a ter mais de 85% do seu comércio exterior com os EUA e que se instalassem muitas fábricas na fronteira com esse país, para explorar a mão de obra barata. Mesmo enquanto funcionou, estes investimentos não se estenderam ao conjunto do país e, mesmo explorando força de trabalho de mulheres e de crianças, esses capitais encontraram melhores condições na China e abandonaram o México.
Calderón aliou-se ao PRI e tenta obter um apoio parlamentar que lhe blinde contra as mobilizações populares e as instabilidades econômicas. Seu discurso mais à direita do de Fox se traduziu em um ministério ainda mais conservador, em um continente em que as conseqüências negativas dos modelos econômicos vigentes tem levado à formação de uma opinião pública mais à esquerda – de que as recentes eleições de Daniel Ortega na Nicarágua e de Rafael Correa são as expressões mais recentes. Pode-se esperar que o México seja um dos cenários de maiores turbulências nos próximos anos.
Postado por Emir Sader às 09:11

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz