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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

21.12.06

Melhores e piores de 2006

Bem, demorou, mas acabou o ano. Vamos lá. Se todo mundo faz, por que não nós? Faço minha primeira lista, depois acrescento outros. Façam vocês também. Vale tudo: filmes, CDs, etc.
Melhor derrota: a da mídia oligárquica nas eleições.
Melhor vitória: a de Jaques Wagner na Bahia.
Pior livro: Pornopolítica – da série não li e não gostei.
Melhor livro: Planeta Favela, de Mike Davis.
Pior leitura: prêmio dividido entre Folha de São Paulo e Veja.
Melhor leitura: prêmio dividido entre Carta Capital e Carta Maior.
Melhor programa de televisão: prêmio adiado para 2007.
Pior programa de televisão: Jô – da mesma série não vi e não gostei.
Pior humorista: empatados Chico Caruso e Millôr Fernandes.
Melhor cronista: Luis Fernando Veríssimo.
Maior mico: notícia da queda do avião da Gol não dada pelo Jornal Nacional.
Melhor personagem politico: Evo Morales.
Pior personagem político: FHC.
Melhor vitória esportiva: Internacional contra o Barcelona e seleção de vôlei masculino campeã mundial.
Pior momento esportivo: fiasco da seleção brasileira na Copa do Mundo.
Pior vitória: Itália campeã mundial de futebol.
Melhor cabeçada: Zidane.
Pior cabeçada: Zidane.
Postado por Emir Sader às 07:27

Sermão de um progressista a conservadores desmoralizados

Em um artigo publicado originalmente no Los Angeles Times e reproduzido no Courrier International, Michael Moore se dirige à direita norte-americana, no momento em que é lançado nos EUA seu novo filme, “Sicko”, um documentário sobre a miséria do sistema de saúde estadunidense. Quem sabe possa servir também para a desmoralizada direita brasileira.
"Eu gostaria de mandar um ramo de oliveira. Aqueles de vocês que se dizem conservadores e costumam votar nos republicanos têm passado semanas dolorosas. Tenham confiança em mim, eu sei o que é isso. De fato, nós, do campo oposto, não costumamos conhecer de verdade o que é a vitória... Eu sei que vocês estão desconcertados com os resultados das últimas eleições.
O que eu não quero é que vocês se deixem levar pelo grande pavor que nos invadiu a nós, de esquerda, durante mais de vinte anos. É verdade que acabou a revolução republicana de vocês, mas não desistam. Não se deixem abater. Nem eu, nem os milhões de eleitores que votaram nos democratas não estamos interessados em vingança por todos esses anos do governo de vocês. Ao contrário, quero fazer-lhes doze promessas sobre a atitude que adotaremos em relação à oposição nos próximos anos.
Este é o meu Sermão de um progressista a conservadores desmoralizados:
1. Nós respeitaremos vocês sempre. Nunca, nunca mesmo, nós os trataremos de antipatriotas simplesmente porque vocês não estão de acordo conosco. Mais do que isso, nós os incentivaremos à dissidência e ao desacordo.
2. Nós deixaremos que vocês se casem com quem queiram (e isto apesar de que alguns de vocês consideram o comportamento republicano como “diferente”, até mesmo “imoral”). Com queiram casar não é problema nosso. Amem, apaixonem-se – é um presente maravilhoso.
3. Nós não gastaremos dinheiro dos filhinhos de vocês para nossos caprichos pessoais ou para enriquecer a nossos amigos. São as finanças de vocês e nós as equilibraremos para vocês.
4. Logo, quando fizermos voltar do Iraque nossos filhos e nossas filhas, nós traremos também os filhos e as filhas de vocês. Nós nos comprometemos a nunca mais mandar os filhos de vocês em uma guerra fundada em uma apresentação de Power Point lamentável forjado por pessoas que nunca foram à guerra.
5. Quando nós fizermos dos EUA a última democracia ocidental a oferecer uma cobertura de saúde universal e que todos os norte-americanos se beneficiem de uma ajuda no caso de doença, nós lhes prometemos que vocês também poderão consultar um médico, se puderem pagá-lo ou mesmo se não puderem fazê-lo. E quando a pesquisa sobre células tronco permitir fazer tratamentos e produzir remédios contra as doenças que vocês tenham, nós o faremos de forma que os familiares de vocês e vocês também tenham acesso a esse avanço da medicina.
6. Quando nós despoluirmos nosso ar e nossa água, vocês também poderão respirar esse ar mais puro e essa água mais pura. Quando nós tivermos brecado o aquecimento do clima, vocês não terão mais necessidade de buscar sua futura casa na beira do mar de Yuma, bem no meio do Arizona.
7. Se chegar a acontecer que um assassino mate 3 mil pessoas em nosso país, nós consagraremos todos os nossos meios na sua busca e na sua tradução na justiça. Imediatamente. Nós os protegeremos.
8. Nós não olharemos jamais o que vocês fazem em privado ou o que acontece no ventre de vocês. O que vocês fazem como adultos responsáveis é problema de vocês. Nós continuaremos a calcular a idade de vocês a partir da data de nascimento de vocês, não a partir da data da concepção.
9. Nós não tomaremos os fuzis de caça de vocês. Mas se vocês têm necessidade de um fuzil de assalto ou de uma pistola para matar um pássaro ou um veado, é porque vocês não são bons caçadores e deveriam buscar um outro esporte. Enquanto isso, por dever de igualdade, não armaremos os veados.
10. Quando aumentarmos o salário mínimo, isso corresponderá também aos empregados de vocês. Eles usarão esse dinheiro para comprar mais, o que significa que vocês serão reembolsados! E quando as mulheres forem finalmente pagas da mesma forma que os homens, nós faremos de forma que as mulheres de direita também se beneficiem.
11. Nós respeitaremos as crenças religiosas de vocês, mesmo que vocês não às coloquem em prática. Nós faremos tudo para promover os aspectos mais audaciosos das crenças religiosas de vocês – “Felizes os que buscam a paz, pois eles serão chamados de filhos de Deus”, “Amai aos vossos inimigos”, “É mais fácil um camelo passar no fundo de uma agulha, do que um rico entrar no reino dos céus” e “Tudo o que vocês fizerem a um desses pequenos que são seus irmãos, é a mim que vocês fazem”. Nós faremos saber aos povos dos outros país que Deus não bendiz apenas os EUA, que ele bendiz todo o mundo. Nos desencorajaremos a intolerância e o fanatismo religioso – começando por tirá-lo da nossa própria porta.
12. Nós não toleraremos os políticos corruptos e que desrespeitam a lei. E nós prometemos levar nossa perseguição aos políticos corruptos começando por nosso próprio partido. Se nós não cumprirmos com esse compromisso, nós contamos com vocês para nos advertir. O simples fato de estar no poder não nos dá o direito de fechar os olhos se nosso partido comete desvios. Obrigado por realizarem o grande dever que incumbe a uma oposição leal.
Se eu assumo todos esses compromissos com vocês, é porque este país é também de vocês. Vocês são tão norte-americanos como nós. E estamos todos no mesmo navio. Obrigado por estes anos vividos a serviço do país e obrigado por nos terem dado a oportunidade de ver que nós podemos melhorar, mesmo que apenas um pouco, a sorte de nossos 300 milhões de compatriotas – e do resto do mundo.
E agora, recuperem-se e vão beber um Frapuccino.
Postado por Emir Sader
18/12/2006 às 07:38

Obituário com hurras -

Por Emir Sader
O poeta uruguaio Mario Benedetti escreveu um poema intitulado "Obituario con hurras", dedicado a Ronald Reagan. Seus versos seguem atuais para falar da morte do ditador Augusto Pinochet.
11/12/2006 22:03

15.12.06

OBITUARIO CON HURRAS

Mario Benedetti
Vamos a festejarlo
vengan todos los inocentes
los damnificados
los que gritan de noche
los que sueñan de dia
los que sufren el cuerpo
los que alojan fantasmas
los que pisan descalzos
los que blasfeman y arden
los pobres congelados
los que quieren a alguien
los que nunca se olvidan
vamos a festejarlo
vengan todos
el crápula se ha muerto
se acabó el alma negra
el ládron
el cochino
se acabó para siempre
hurra
que vengan todos
vamos a festejarlo
a no decir
la muerte
siempre lo borra todo
todo lo purifica
cualquier día
la muerte
no borra nada
quedan
siempre las cicatrices
hurra
murió el cretino
vamos a festejarlo
a no llorar de vicio
que lloren sus iguales
y se traguen sus lágrimas
se acabó el monstruo prócer
se acabó para siempre
vamos a festejarlo
a no ponermos tibios
a no creer que éste
es un muerto cualquiera
vamos a festerjarlo
a no volvermos flojos
a no olvidar que éste
es un muerto de mierda

11.12.06

Augusto Pinochet: epitafio para un tirano

Opiniones
El general asesino y traidor falleció en el Día Internacional de los Derechos Humanos Mario Amorós Rebelión
En enero de 1978 un tribunal italiano condenó a un policía llamado Eugenio D'Alberto por proferir una "ofensa imperdonable" a sus superiores: les había llamado "Pinochet". El juez dictaminó que este término era una "calificación injuriosa", ya que les acusaba de ejercer el mando con "métodos de naturaleza autoritaria y represiva" (Azócar, Pablo: Pinochet, epitafio para un tirano. Cuarto Propio, Santiago de Chile, 1998). A su muerte, 33 años después del golpe de estado que le instaló de manera ilegítima y brutal en el poder, Pinochet es repudiado como uno de los símbolos universales de la cobardía y la traición e incluso en Chile ha perdido numerosos apoyos desde que se descubrió que, además de ser el máximo responsable de crueles y masivas violaciones de los derechos humanos, saqueó los fondos públicos en proporciones multimillonarias.
Sin embargo, en su "legado" hallamos las claves que nos explican la situación actual de Chile. Al adelantarse en más de un lustro a Margaret Thatcher y Ronald Reagan en la aplicación del proyecto neoliberal, la dictadura de Pinochet condenó a la miseria a amplias capas de la población: en 1990, al ceder el poder al presidente Patricio Aylwin tras perder el plebiscito de 1988, el 45% de la población vivía en condiciones miserables. Aún hoy, a pesar de la reducción de la extrema pobreza, Chile es uno de los países donde la brecha social es más acentuada y donde la indefensión de los trabajadores frente al poder económico es mayor, puesto que está vigente el Código del Trabajo de 1980. Asimismo, las transnacionales del cobre, la pesca y la madera depredan los principales recursos naturales del país en virtud de su alabada "apertura" económica y la educación y la sanidad públicas han sufrido las consecuencias del "tsunami" neoliberal.
Por otra parte, y a pesar de los notables avances derivados de su histórica detención en Londres el 16 de octubre de 1998, la impunidad continúa vigente, gracias esencialmente al decreto-ley de amnistía de 1978, y la inmensa mayoría de los asesinos y torturadores goza de plena libertad. Durante los tres lustros de la interminable transición chilena sólo 46 personas han sido juzgadas y condenadas en firme por las violaciones de los derechos humanos y de ellas 24 ya han recobrado la libertad porque recibieron penas muy livianas. Los tres gobiernos anteriores al actual de Michelle Bachelet promovieron la elaboración de tres informes sobre los crímenes de la dictadura, pero no procuraron que sus responsables fueran juzgados, al contrario se empeñaron y se empeñan en garantizar su impunidad, desde las exitosas gestiones para lograr el retorno del tirano de Londres a, por ejemplo, el indulto en 2005 de Manuel Contreras Donaire, uno de los asesinos del sindicalista Tucapel Jiménez en 1981, por el presidente Ricardo Lagos.
Además del modelo neoliberal y de la ominosa herencia de la impunidad, Pinochet lega unas Fuerzas Armadas con privilegios inadmisibles en un régimen democrático y, aunque algunos de ellos han sido anulados por reformas constitucionales, todavía se apropian del 10% de los beneficios de la venta del cobre (la gran riqueza del país) y conservan una capacidad de intervención en la escena política considerable. Tampoco hasta el momento los militares han admitido su grave responsabilidad en la destrucción de la democracia el 11 de septiembre de 1973 y en la masacre del movimiento popular que sostuvo al Gobierno constitucional del Presidente Salvador Allende. Porque, como sostiene el sociólogo Tomás Moulian, "no tienen conciencia del daño que causaron, creen que esos asesinatos fueron necesarios, creen que formaron parte de la guerra por la civilización, contra el marxismo, que era el mal".
No obstante, Pinochet ha fallecido a los 91 años de manera muy diferente a la que soñó: salvado de sentarse en los tribunales por demente, abandonado por la mayor parte de sus fieles (desprovistos también del argumento de la supuesta "austeridad prusiana" del general), repudiado por la conciencia democrática de la humanidad y procesado en distintas causas judiciales por violaciones de los derechos humanos.
La dictadura que encabezó fue uno de los capítulos más oscuros y tenebrosos de la historia americana del siglo XX. Porque destruyó un esperanzador proceso de cambio social en democracia, porque refundó el país a partir de los dogmas neoliberales y porque de manera cruel masacró a miles de personas e institucionalizó la tortura, hasta el punto de que el 13 de noviembre de 1974 el tirano aseguró a los obispos Fernando Ariztía y Helmut Frenz en referencia al cura español Antonio Llidó, secuestrado por la Dirección de Inteligencia Nacional (DINA) el 1 de octubre y desaparecido tres semanas después: "Ése no es un sacerdote, es un marxista y a los marxistas hay que torturarles para que hablen. La tortura es necesaria para acabar con el comunismo".
La geografía de la memoria histórica en Chile tiene al menos dos visitas inexcusables. Por una parte, el impresionante Memorial levantado en el Cementerio General de Santiago en recuerdo de las 3.197 personas oficialmente asesinadas o hechas desaparecer por la dictadura, con el nombre de Salvador Allende en el centro. Y por otra, Villa Grimaldi, un nombre que por sí solo condensa todo el indescriptible horror de la dictadura de Pinochet, un lugar donde cinco mil "prisioneros de guerra", de la guerra que el tirano se inventó, fueron torturados de manera atroz y de donde al menos 226 personas fueron hechas desaparecer, probablemente al ser lanzados sus cuerpos al océano en helicópteros militares por agentes de la DINA.
Alejandra Holzapfel, una militante del Movimiento de Izquierda Revolucionaria (MIR) que fue torturada y violada en Villa Grimaldi cuando tenía 19 años, que incluso fue ultrajada después con perros en otro centro de detención de la DINA, asegura, en una metáfora de la suerte del pueblo chileno, que ha podido reconstruir su vida: "Ahora los que fuimos vejados y maltratados estamos sanos, tenemos vidas y familias normales, tenemos hijos y nietos, trabajamos. Yo todavía no pierdo las esperanzas, creo que va a llegar un momento en que vamos a construir una sociedad más justa, más solidaria, llena de amor".
Testimonios como éste y la lucha de la izquierda chilena por la construcción de una alternativa socialista al modelo neoliberal (impuesto por la dictadura y mantenido de manera acrítica por la Concertación) constituyen la auténtica derrota histórica de Pinochet y su legado.

Pinochet, mucho peor que un simple dictador: el primer gobernante que puso en práctica el neoliberalismo

http://www.telesurtv.net/
ConTexto
Juan Torres López
Rebelión

Se suele presentar a Pinochet como un dictador más de los tantos que han sembrado de muerte y desgracias la historia latinoamericana pero no conviene equivocarse.

El militar chileno, traidor a su gobierno legítimo, sanguinario desde joven y mentiroso siempre, fue, sobre todo, el instrumento necesario para poner en marcha y experimentar el proyecto neoliberal que los grandes centros del poder económico mundial diseñaban para recobrar las posiciones que les había hecho perder la gran crisis de los años sesenta y setenta.

El agotamiento del modelo económico y la fuerza que el pleno empleo había dado a las clases trabajadoras de los países occidentales minaba las tasas de beneficio, mientras que la presencia referencial de la antigua Unión Soviética mostraba al mundo entero que, por muy imperfecta que apareciese, había una alternativa efectiva al capitalismo.

A principios de los años setenta la situación se hizo especialmente problemática y desde Estados Unidos se comenzó a urdir una estrategia que se basaría en cuatro grandes procesos: una amplísima reconversión tecnológica (que lideraron las grandes empresas multinacionales), un sustancial cambio de coordenadas en la política económica (que planificó el equipo liberal del Presidente Nixon), una auténtica catarsis social mediante la generación planificada del desempleo (cuya otra cara sería la caída brutal de los salarios) y el endeudamiento generalizado (cuya contraparte sería una altísima retribución de los capitales gracias a los tipos de interés mucho más elevados) y una ofensiva ideológica y política (la ''revolución conservadora'') que abanderarían Ronald Reagan, Margaret Tatcher y el Papa Juan Pablo II.

Pero ese plan, cuyas estrategias y contenidos fueron solidificando a lo largo de la década de los setenta, era intrínsecamente conflictivo. Entre otras cosas, suponía desactivar la resistencia sindical, silenciar las reivindicaciones obreras, poner en marcha novedosas formas de regulación económica a través de las privatizaciones y de la liberalización de la industria y los servicios, obtener recursos para financiar y apoyar el gasto que iba a suponer a las empresas la reconversión tecnológica para lo que había que desmantelar el Estado y el gasto público y social, cambiar el discurso del bienestar por el del individualismo, desarticular las instituciones de diálogo y coordinación internacional...

Era, en consecuencia, un proyecto complejo y difícil, arriesgado y de casi imposible implantación simultánea en todo el planeta. Para ponerlo en marcha con éxito convenía actuar preventivamente en tres frentes fundamentales.

En primer lugar, bloqueando o incluso eliminando el papel referencial de la Unión Soviética, lo que llevó a diseñar planes de desestabilización en los países socialistas más sensibles a la atracción occidental, como Polonia y, al mismo tiempo, a dar un acelerón en la carrera armamentista que liquidara las posibilidades de desarrollo de la ya por sí enferma economía soviética.

En segundo lugar, abortando cualquier otro experimento de cambio social, por muy tímido o reformista que fuese, como el que se estaba llevando a cabo en Chile bajo el mandato del Presidente Salvador Allende.

Finalmente, se hacía necesario experimentar, en la medida de lo posible, las medidas más radicales de la estrategia liberalizadora. Unas medidas que en aquel tiempo sólo sostenía una minoría exigua de los economistas teóricos y prácticos más renombrados y sobre cuyos resultados sociales y económicos cabían todavía muchas dudas. Ese era el caso, por ejemplo, de la privatización de los sistemas de pensiones públicas o de la reducción radical del gasto público, pasos imprescindibles para que el capital privado pasara a disponer de fondos y rentabilidad suficientes en la coyuntura que se avecinaba.

A lo largo de la década de los setenta se fueron urdiendo todos esos procesos que culminarían con la llegada de Tatcher y Reagan al poder y con la elección del cardenal polaco Karol Woijtyla como máximo dirigente de la Iglesia católica.

La coordinación entre ellos, las reuniones mantenidas en instituciones y foros diversos, la similitud de los discursos que se fueron fraguando gracias a sus intervenciones públicas y la coincidencia de las orientaciones estratégicas que proyectaban esos tres dirigentes mundiales son bien conocidas y han sido amplísimamente documentadas.

Pero como acabo de señalar, el éxito final de ese proceso no hubiese sido posible sin las experiencias previas, sin los ensayos y sin el ejercicio de desmovilización que se llevó a cabo, principalmente, en el Chile fascista de Pinochet.

Es precisamente por eso que el auténtico papel histórico de Pinochet no puede ser entendido solo en su lectura nacional o como mera expresión del militarismo cesarista que inspiró tantas dictaduras latinoamericanas, e incluso ni siquiera sólo en términos de representar, como en tantas otras, a los sectores más privilegiados y reaccionarios de su país frente a la experiencia progresista de la Unidad Popular.

El dictador chileno mostró bien pronto que no actuaba solamente como el típico matón cuartelero sino que su régimen respondía, sobre todo, a una doctrina y a un proyecto económicos novedosos.

Así, Pinochet fue el primer gobernante en poner en marcha procesos de liberalización y privatización y no es casualidad que contara desde el principio con la simpatía y el apoyo de los liberales más preclaros de su tiempo, como Hayeck o el recientemente fallecido Milton Friedman.

Hayeck fue entrevistado en 1981 por el diario chileno El Mercurio y sus declaraciones dejaban ver claramente la naturaleza experimental de la dictadura chilena y el beneplácito que le daban los intelectuales que estaban dando apoyo ideológico al proyecto de implantación del neoliberalismo: ''Mi preferencia personal –dijo el Premio Nobel- se inclina a una dictadura liberal y no a un Gobierno democrático donde todo liberalismo esté ausente''.

Por su parte, Milton Friedman había visitado mucho antes Chile donde fue recibido con ''cálida hospitalidad'' según sus palabras. El propio Pinochet le pidió consejo y Friedman le envió una larga y cariñosa carta de apoyo en la que, además de darle recomendaciones, le reconocía su papel de adalid del neoliberalismo: ''Estoy conciente de que su gobierno ya ha dado pasos importantes y planea otros futuros en orden a reducir las barreras al comercio internacional y a liberalizarlo, y que, como resultado de ello, la ventaja competitiva real de Chile se refleja mejor en éste hoy que en las décadas pasadas (…)''. En otro momento, Friedman calificó el golpe de Estado como ''no más que un bache en la ruta'', ''un período de transición'' para lograr un crecimiento económico sostenido.

La pretensión neoliberal de la dictadura ha sido reconocida ampliamente. Así lo hace, por ejemplo, Jesús Piñera, que fue primero Ministro de Minería (devolviendo a la propiedad privada este sector estratégico) y luego ministro del Trabajo y Previsión Social y como tal artífice de la privatización del sistema chileno de pensiones, una privatización ejemplar para los liberales y desastrosa para los trabajadores, algo hasta tal punto sabido que el propio Pinochet no la aplicó a los militares y policías. En su artículo "Milton Friedman y sus recomendaciones a Chile" lo dice claramente: ''Las ideas de Milton Friedman fueron claves en la Refundación de Chile''.

Otro economista liberal de Chicago y una de las personalidades económicas más importantes de la administración norteamericana en los últimos decenios, George Shultz (al que significativamente se le ha llamado "el hombre del modelo chileno de fascismo"), también reconoció que detrás del golpe de Pinochet había todo una primicia del experimento neoliberal. En una entrevista con la televisión PBS el 2 de octubre del 2000, habló de la situación de Chile: ''Las Fuerzas Armadas tomaron el poder, y no cabe duda que hicieron cosas innecesariamente brutales en el proceso; pero, no obstante, lo tomaron. . . Hubo una gente en Chile que vino a conocerse como los 'Chicago Boys'; estudiaron economía en la Universidad de Chicago. . . Así, de forma gradual evolucionó en Chile una economía al estilo de la Escuela de Chicago. Y funcionó''.

El carácter precursor de lo que hizo Pinochet en Chile, no limitándose a establecer una dictadura al viejo uso en un país de la periferia sino experimentando el modo de civilización que se quería imponer más tarde a todo el mundo, fue lo que hizo que, a pesar de tener sus manos ensangrentadas y de ser un ladrón y un vil asesino, gozara del apoyo y la amistad de los principales gobernantes de su época, de Tatcher, de Reagan y, por supuesto, de la jerarquía católica que, con honrosas excepciones como las del cardenal Silva Henríquez, bendijo una y mil veces a la dictadura chilena.

El apoyo de Juan Pablo II y el Vaticano a Pinochet bien fue evidente. Durante la visita del Papa a Chile (y a diferencia de lo que el polaco solía hacer cuando se enfrentaba a teólogos de la liberación, dirigentes de la izquierda y políticos progresistas en general cuyas manos, sin embargo, nunca estuvieron llenas de la sangre que corría por las de Pinochet) no salió de su boca ni una sola palabra de condena de la dictadura ni de los continuos atentados contra los derechos humanos que de modo bien evidente se cometían en Chile. Siendo los crímenes de la dictadura harto evidentes, no cabe sino pensar que, con su silencio, Juan Pablo II los justificaba o legitimaba.

El teólogo católico Juan José Tamayo dice en su artículo "Los hombres de Pinochet en el Vaticano" que ''la estrategia seguida por el Vaticano en el caso de Pinochet me parece ética y evangélicamente injustificable'', y muy expresivamente expresa lo que entonces ocurría: ''una dictadura apoya y legitima otra dictadura''.

No se trata de hacer juicios de intenciones, ni tan siquiera es necesario interpretar la naturaleza del silencio papal ante los crímenes de la dictadura chilena pero sí hay que afirmar con toda rotundidad que Juan Pablo II fue cómplice de Pinochet en la misma medida en que ambos estaban comprometidos con un proyecto político evidente y en que ambos fueron operadores singulares de la puesta en marcha del neoliberalismo, uno como avanzadilla en Chile y otro en todo el mundo.

En definitiva, la historia política de Augusto Pinochet no es la de un dictador más de la periferia, sino la de un precursor del neoliberalismo. Y, por esa condición, legitimado, aplaudido y protegido por los mismos que más tarde lo pusieron en marcha en otros lugares.

Conviene saberlo y subrayarlo porque es imprescindible saber que el origen del neoliberalismo está lleno de sangre inocente, que es intrínsecamente contrario a la libertad y a la dignidad humanas, y que es desastroso en sus resultados económicos y sociales, como lo fue en Chile, en donde la economía y los beneficios crecieron pero con la mayor desigualdad de su historia, con la pobreza más elevada y con tremenda frustración social y personal.

No es casualidad, precisamente por eso, que la historia personal del propio dictador sea como la del neoliberalismo: mentirosa y corrupta. No es casualidad que el primer gobernante neoliberal fuese un dictador, un traidor a su patria y un ladrón de bienes públicos. Como no es casualidad que quienes tanto hablan de derechos humanos lo aplaudieran y protegieran, mostrando de esa forma la cínica forma de entender la justicia y el derecho del neoliberalismo.

Es una desgracia decirlo pero es algo que no podemos olvidar: desaparece Pinochet pero queda gran parte de su obra. Por eso lo respetan tanto y por eso lo protegieron en vida.

Pero sea como sea, al final de su vida quedó ya todo evidente. Supimos desde el principio que fue un traidor y un asesino; más tarde se descubrió que, además, fue un ladrón. Ahora van a saber quién fue hasta los mismísimos demonios. Nunca mejor dicho, porque será al infierno donde acuda si es que de verdad hay justicia eterna.

Juan Torres López es catedrático de Economía Aplicada en la Universidad de Málaga (España) y colaborador habitual de Rebelión. Su página web es www.juantorreslopez.com.

5.12.06

Chávez emprende gira latinoamericana tras su proclamación como presidente reelecto

Hugo Chávez, quien por tercera vez fue elegido presidente de Venezuela, visitará esta semana Brasilia, Buenos Aires y Cochabamba. También anunció que se reunirá con el presidente electo de Nicaragua, Daniel Ortega, quien llegó al país suramericano este martes.
El presidente venezolano, Hugo Chávez, emprenderá esta semana una gira por Latinoamérica, que incluye Brasil, Argentina y Bolivia, y, probablemente, Uruguay, para afianzar las relaciones bilaterales y consolidar la integración regional.
Esta será la primera gira internacional que realizará Chávez luego de haber sido reelegido presidente para el período 2007-2013.
El primer destino del periplo de Chávez será Brasilia, ciudad a la que prevé arribar el miércoles en la noche para establecer una serie de reuniones, la principal de éstas con el presidente brasileño, Luiz Inácio Lula da Silva.
En la jornada de trabajo del jueves, Chávez tiene pautado hacer una revisión de los ''convenios'' bilaterales, entre los que destacan el energético, y su ''grado de avance''.
''Revisiones rápidas y puntuales para fortalecer la integración latinoamericana'', precisó el gobernante en conferencia de prensa ofrecida en el Palacio de Miraflores luego de que fue proclamado como presidente reelecto.
Bueno Aires será el segundo destino de Chávez, quien se entrevistará con su par argentino, Néstor Kirchner.
''Luego seguiremos a Buenos Aires, pasado mañana (jueves), estaremos con (Néstor) Kirchner celebrando, seguramente una buena copa de vino de allá degustaremos, y a trabajar, a trabajar, a trabajar'', afirmó el gobernante, de acuerdo con las agencias internacionales de noticias.
La tercera estación de su gira podría ser Uruguay, para conversar con el presidente Tabaré Vásquez, aunque esta visita no está confirmada aún.
El presidente venezolano también confirmó que asistirá a la Cumbre de la Comunidad Sudamericana de Naciones, evento que se realizará entre el jueves y viernes en la ciudad boliviana de Cochabamba.
Reunión con Daniel Ortega
También anunció que este martes se reunirá con el presidente electo de Nicaragua, Daniel Ortega, quien llegó al final de la tarde al aeropuerto Internacional Simón Bolívar, a unos 25 kilómetros de Caracas.
''Hoy llega Daniel Ortega, por cierto, tenemos el tiempo limitado (para una rueda de prensa) para ir a recibir al camarada comandante presidente socialista Daniel Ortega, que nos honra con su visita a Venezuela'', dijo Chávez.
Fidel Castro se recupera favorablemente
El gobernante venezolano, además, leyó un mensaje de felicitación que le fue enviado por el presidente cubano, Fidel Castro, y aseguró que los trazos de la firma del líder antillano le permiten decir que éste se está recuperando.
''No tengo duda de la recuperación de Fidel'', destacó, y se mostró complacido por la mejoría que experimentaría la salud del líder cubano, quien se encuentra recuperándose de una intervención quirúrgica que le fue practicada a finales de julio pasado por problemas intestinales.
Reforma constitucional en 2007
En la rueda de prensa de este martes, el gobernante también anunció que al regresar de su periplo nombrará la comisión que se encargará de hacer una revisión a la Carta Magna desde ''la primera y hasta la última'' letra, para luego proponer una reforma constitucional.
Recordó que esa propuesta de reforma deberá ser aprobada por el pueblo en un referendo, por lo que ''el año que viene pudiéramos estar yendo a referendo para estar haciéndoles algunos cambios''.
También designará otras comisiones para revisar las diversas estrategias y políticas en distintas áreas, pero especialmente las referidas a la pobreza y la corrupción.
''Estas comisiones se dedicarán a evaluar las actividades en los sectores, tanto político como social y económico, y el resultado de esas evaluaciones se reportará en mejoras a nuestro proceso de inclusión de carácter socialista'', de acuerdo con la prensa local.
No obstante, sostuvo que mantendrá las políticas económicas y sociales, que después de varios años ahora es cuando están generando éxitos y avances.
Chávez precisó que se mantendrá el control de cambio de divisas extranjeras.
05/12/06 - 16:10 CCS http://www.telesurtv.net/

TURBULÊNCIAS MEXICANAS

O México já não está tão longe de Deus, desde que as relações do governo com a Igreja Católica – que havia encabeçado as principais mobilizações contra a Revolução Mexicana, no começo do século passado – se normalizaram. Embora agora o México esteja mais longe dos EUA, com a construção do muro na fronteira entre os dois países – em que há mais mortes anualmente do que em toda a existência do Muro de Berlim.
Em condições dramáticas, assumiu o novo presidente mexicano, com uma vitória muito questionada pelas acusações de fraude, tendo recebido pouco mais de 30% dos votos, em um país que enfrenta grandes mobilizações populares contra sua posse, ao mesmo tempo que o estado sulista de Oaxaca continua imerso em um processo de rebeldia e de ingovernabilidade. É difícil imaginar como será o desempenho de Felipe Calderón nos 6 anos de mandato que tem pela frente, com pouca legitimidade e um país convulsionado.
Vicente Fox, eleito em 2000, assumiu a presidência com um apoio eleitoral inquestionável e uma expectativa favorável de que se dariam transformações democráticas, com o fim do Estado construído em mais de 8 décadas pelo PRI. Fox manteve o mesmo aparato estatal, se aliou ao PRI e fracassou. Conseguiu eleger seu sucessor, mas nas condições mencionadas – uma vantagem de pouco mais de 200 mil votos, sem que se tenha feito a recontagem eleitoral, que poderia desfazer as dúvidas sobre as acusações de fraude, em um país conhecido por elas.
Quando fez a opção de assinar um Tratado de Livre Comércio com os EUA, em 1994, o México esperava receber os fluxos positivos do desenvolvimento econômico de duas potências globalizadoras – EUA e México. Porém, nesse mesmo ano, o México inaugurou a modalidade de crises financeiras trazidas pelo neoliberalismo, o que levou Washington a mobilizar imediatamente um empréstimo gigante, para acudir ao governo mexicano. Nesse mesmo momento se dava a sublevação dos zapatistas em Chiapas.
As promessas dessa forma de integração subordinada à globalização se resumiram a que o México passasse a ter mais de 85% do seu comércio exterior com os EUA e que se instalassem muitas fábricas na fronteira com esse país, para explorar a mão de obra barata. Mesmo enquanto funcionou, estes investimentos não se estenderam ao conjunto do país e, mesmo explorando força de trabalho de mulheres e de crianças, esses capitais encontraram melhores condições na China e abandonaram o México.
Calderón aliou-se ao PRI e tenta obter um apoio parlamentar que lhe blinde contra as mobilizações populares e as instabilidades econômicas. Seu discurso mais à direita do de Fox se traduziu em um ministério ainda mais conservador, em um continente em que as conseqüências negativas dos modelos econômicos vigentes tem levado à formação de uma opinião pública mais à esquerda – de que as recentes eleições de Daniel Ortega na Nicarágua e de Rafael Correa são as expressões mais recentes. Pode-se esperar que o México seja um dos cenários de maiores turbulências nos próximos anos.
Postado por Emir Sader às 09:11

Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz