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Luiz Eurico Tejera Lisbôa

Luiz Eurico Tejera Lisbôa

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Luiz Eurico Tejera Lisbôa (Porto União, 1948 — c. 1972) foi um militante político brasileiro, preso pela ditadura militar em 1972 e desaparecido desde então. 1

Biografia[editar | editar código-fonte]

Primogênito de sete irmãos (sendo um deles o músico Nei Lisboa), iniciou sua militância política na Juventude Estudantil Católica, depois integrou o Partido Comunista Brasileiro, a VAR-Palmares e a Ação Libertadora Nacional2

Estudou no Colégio Estadual Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, centro da efervescência do movimento estudantil secundarista, onde fez parte do Grêmio Estudantil e acabou expulso, junto com outros colegas, por motivos políticos. Mudou-se para Santa Maria e foi membro da diretoria da União Gaúcha dos Estudantes Secundários.

Em março de 1969, casou-se com Suzana Keniger Lisbôa e começou a trabalhar como escriturário no Serviço Nacional de Indústrias (SENAI). Porém, em outubro do mesmo ano, o inquérito policial-militar no qual tinha sido absolvido por unanimidade foi rearberto à revelia e condenou-o a seis meses de prisão, o que levou o casal a optar pela clandestinidade.

Esteve algum tempo em Cuba, retornando ao Brasil em 1971, na tentativa de reorganizar a ALN em Porto Alegre. Foi preso em circunstâncias desconhecidas em São Paulo, na primeira semana de setembro de 1972 e desaparecido desde então. Supõe-se que tenha morrido poucos dias depois, sob tortura, aos 24 anos de idade.

Legado[editar | editar código-fonte]

Somente em junho de 1979 o Comitê Brasileiro pela Anistia conseguiu localizar o corpo de Luiz Eurico, enterrado com o nome de Nelson Bueno, no Cemitério Dom Bosco, em Perus, São Paulo. Dentre os desaparecidos políticos do período da ditadura militar, ele foi o primeiro cujo corpo foi encontrado. 3

Dois meses depois, uma foto do jovem Luiz Eurico foi capa de várias revistas nacionais, e a carta escrita por sua mãe, Clélia Tejera Lisbôa, com o título "Não choro de pena de meu filho", tornou-se um símbolo da luta pela anistia e pelo reconhecimento da existência dos desaparecidos políticos no Brasil.

Em 1993, a Editora Tchê, em parceria com o Instituto Estadual do Livro do Rio Grande do Sul, publicou o livro Condições Ideais para o Amor, com poesias e cartas de Luiz Eurico Tejera Lisbôa e depoimentos de pessoas que o conheceram, edição organizada por Antônio Hohlfeldt4

O título do livro foi retirado do texto de uma carta escrita por ele a sua companheira Suzana, em 5 de julho de 1968:

"Fiquei com pena de todos eles, Suzana. Dos que mentem, dos que invejam, dos empertigados, dos ambiciosos, dos que fazem do amor um remédio, um passatempo, um negócio, um paliativo. E percebi quão poucos entre nós chegaram ao sentido final do combate que travamos. Eles não compreendem, Suzana, que nós somos um momento na luta que o Homem vem enfrentando através da História, cada vez mais conscientemente, pela felicidade. Não entendem que nós buscamos, em última análise, as condições ideais para o amor. Tanto no plano coletivo, como individual." 5

Em junho de 2013, laudo da Comissão Nacional da Verdade refutou a versão oficial de que Luiz Eurico tinha cometido suicídio. 6

Luiz Eurico Tejera Lisbôa é hoje nome de rua em Porto Alegre (Bairro Rubem Berta), Caxias do Sul (Bairro Nossa Senhora de Fátima) e Criciúma (Bairro Vila Vitória).

Referências

  1. Ir para cima Página sobre Luiz Eurico Lisboa no sítio "Desaparecidos políticos". Página visitada em 20 de dezembro de 2013.
  2. Ir para cima Principais dados biográficos retirados de: "Condições ideais para o amor", de Luiz Eurico Tejera Lisbôa, org. Antônio Hohlfeldt, editora Tchê, 1993.
  3. Ir para cima "Direito à memória e à verdade", Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, Brasília, 2007, pp. 309-311.
  4. Ir para cima "Condições ideais para o amor" no Google Books. Página visitada em 20 de dezembro de 2013.
  5. Ir para cima "Condições ideais para o amor", p. 110.
  6. Ir para cima "Laudo da CNV nega suicídio de Eurico Lisbôa". Página visitada em 20 de dezembro de 2013.


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