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3.12.13

03/12/2013 | N° 11858

ASSÉDIO MORAL

Ameaça invisível no trabalho

Caxias do Sul – Metas impossíveis de cumprir, ameaças constantes quanto à perda do emprego, controle de tempo e de idas ao banheiro. Essas e outras práticas constrangedoras vivenciadas em ambientes de trabalho são difíceis de serem comprovadas ou mensuradas e, por isso, consideradas “invisíveis”. Mas prejudicam cada vez mais a saúde dos trabalhadores. Com o passar do tempo, as humilhações recorrentes chegam a desencadear depressão.

Nas empresas, os danos também aparecem: queda de produtividade, gastos com empregados em licença-saúde e custos judiciais de processos trabalhistas são alguns dos reflexos corporativos.

Semanalmente, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) de Caxias recebe a média de cinco denúncias de assédio moral. O problema, destaca Vanius Corte, gerente regional do MTE, é que nem todas as reclamações se caracterizam de fato no problema e outras são complicadas de se comprovar.

– Às vezes o assédio é escancarado como uma denúncia que recebemos uma vez de uma empresa que fazia um mural com o “jumento do mês”, ou seja, humilhando o funcionário com menos produtividade no período. Mas, no geral, é um problema difícil de se comprovar – destaca.

Corte explica ainda que só se caracteriza por assédio moral uma prática constrangedora recorrente. Uma única agressão verbal, portanto, pode até ser enquadrada como dano moral, mas não assédio.

A maioria dos casos constatados, conforme o gerente, ocorre em empresas menores, em que chefes e subordinados se relacionam por um período de tempo maior. O comércio, especialmente as lojas de pequeno e médio porte, costuma liderar a lista de reclamações.

Pensando justamente em esclarecer o que é e quais são as causas e consequências desse problema, Caxias do Sul abrigou na última quinta e sexta-feira o 1º Seminário da Serra Gaúcha Sobre Assédio Moral no Trabalho, em uma parceria do MTE com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e mais de 30 entidades entre sindicatos dos trabalhadores e patronais.

– Precisamos estimular esse debate para que todos entendam até onde vai o poder do chefe com o subordinado e quando isso extrapola os limites – salienta Assis Melo, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos, entidade que sediou a abertura do seminário e que tem a maior representatividade de mão de obra na Serra.

Ricardo Garcia, procurador do MPT em Caxias, ressalta que o mal-estar é a palavra-chave para definir as situações em que pode se enquadrar o assédio moral.

– Esse tipo de problema contamina a empresa toda e tende a se manifestar sempre que não houver um ambiente sadio e democrático – acredita.

ana.demoliner@pioneiro.com

ANA DEMOLINER


- Anotar, com detalhes, todas as humilhações sofridas: dia, mês, ano, hora, local ou setor, nome do agressor, colegas que testemunharam os fatos, conteúdo da conversa e o que mais achar necessário
- Dar visibilidade, procurando a ajuda dos colegas, principalmente daqueles que testemunharam o fato ou que sofrem humilhações do agressor
- Evitar conversa, sem testemunhas, com o agressor
- Procurar seu sindicato e relatar o acontecido
- Buscar apoio junto a familiares, amigos e colegas
Instituições e órgãos que
podem ser procurados
- Ministério do Trabalho e Emprego (54.3221.3116)
- Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego
- Conselhos Municipais dos Direitos da Mulher
- Conselhos Estaduais dos Direitos da Mulher
- Comissão de Direitos Humanos
- Conselho Regional de Medicina
- Ministério Público
- Justiça do Trabalho
Fonte: Fonte: Cartilha Assédio Moral e Sexual no Trabalho, do MTE


- Ameaçar constantemente o trabalhador, amedrontando quanto à perda do emprego
- Repetir a mesma ordem para realizar tarefas simples, centenas de vezes, até desestabilizar emocionalmente o subordinado
- Sobrecarregar de tarefas ou impedir a continuidade do trabalho, negando informações
- Desmoralizar publicamente
- Rir, a distância e em pequeno grupo, direcionando os risos ao trabalhador
- Querer saber o que se está conversando
- Ignorar a presença do trabalhador
- Desviar da função ou retirar material necessário à execução da tarefa, impedindo sua execução
- Trocar o trabalhador de turno de trabalho sem prévio aviso
- Mandar executar tarefas acima ou abaixo do conhecimento do
trabalhador
- Dispensar o trabalhador por telefone, telegrama ou correio eletrônico, estando ele em gozo de férias
- Espalhar entre os colegas que o trabalhador está com problemas nervosos
- Sugerir que o trabalhador peça demissão devido a problemas de saúde
- Divulgar boatos sobre a moral do trabalhador
Fonte: Fonte: Cartilha Assédio Moral e Sexual no Trabalho, do MTE


Todo mundo pode ser vítima
O assédio moral se evidencia mais em relações hierárquicas autoritárias (de um ou mais chefes, dirigidas a um ou mais subordi-nados), mas pode se verificar também entre colegas e, excepcio-nalmente, na modalidade subordinado x chefe.


- Queda da produtividade e menor eficiência
- Imagem negativa da empresa perante os consumidores e mercado de trabalho
- Alteração na qualidade do serviço/produto e baixo índice de criatividade
- Doenças profissionais, acidentes de trabalho e danos aos equipamentos
- Troca constante de empregados, ocasionando despesas com rescisões, seleção e treinamento de pessoal
- Aumento de ações trabalhistas, inclusive com pedidos de reparação por danos morais
Fonte: Fonte: Cartilha Assédio Moral e Sexual no Trabalho, do MTE

http://www.clicrbs.com.br/pioneiro/rs/impressa/11,4352400,154,23268,impressa.html

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