Páginas

pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

10.10.14

A velha e a nova polarização

08/10/2014 - Copyleft

A velha e a nova polarização

Os governos de FHC e os governos do PT colocaram as alternativas centrais do nosso tempo: neoliberalismo x antineoliberalismo.

por Emir Sader em 08/10/2014 às 04:25

Emir Sader


Pela quarta vez se enfrentam o PT e os tucanos no segundo turno. Repetição mecânica do passado? Falta de inovação na politica? Ou é a realidade que permanece colocando as mesmas alternativas para escolhermos?

O governo de FHC e os governos do PT colocaram as alternativas centrais do nosso tempo: neoliberalismo x antineoliberalismo. O primeiro representou, em estado puro, um programa neoliberal, que conteve a inflação, mas aumentou a exclusão social, até que foi incapaz de seguir contendo a própria inflação e jogou o país numa profunda e prolongada recessão economica.

Os governos do PT se erigiram em torno do tripé antineoliberal:

a) modelo econômico com distribuição de renda e não priorizando o ajuste fiscal

b) prioridade da integração regional e dos intercâmbios Sul-Sul e não a Tratado de Livre Comércio com os EUA

c) papel ativo do Estado como indutor do crescimento e garantia dos direitos sociais e contra a centralidade do mercado.

Desde então as alternativas do país giram em torno desse eixo: neoliberalismo ou antineoliberalismo. A direita não encontrou alternativa e retorna ao modelo do governo FHC. Bem que o Serra tentou, na primeira parte da campanha de 2010, mudar a plataforma da oposição, mas acabou recaindo na tradicional proposta neoliberal dos tucanos.

Eduardo Campos levou o PSB a romper com o PT, para finalmente recair numa aliança estratégica da oposição com os tucanos, tendo na Marina sua sucessora na mesma direção, confirmando a polarização entre neoliberalismo – que uns e outros encarnam – e posneoliberalismo – expresso no PT e no bloco de forças que ele dirige.

A esquerda radical tampouco conseguiu formular outro projeto e aglutinar forças em torno dele. Em 2006 buscou aparecer como força alternativa, mas nas campanhas seguintes – confirmando nesta – voltou a um papel secundário, sem lograr descaracterizar a polarização PT-tucanos, que representa a grande polarização da era neoliberal.

Por isso tudo parece repetitivo, mas o campo político reproduz a verdade histórica de cada época. A desta é a polarização entre projetos neoliberais – ainda hegemônicos em escala global no capitalismo – e governos posneoliberais. As palavras podem divagar sobre aspectos dessa polarização, mas a realidade é implacável, seleciona os projetos que correspondem à situação concreta do período histórico atual.

Os governos progressistas latino-americanos, com suas especificidades, correspondem a essa polarização. Por isso perduram no tempo. Hugo Chavez e as forcas que o sucedem na Venezuela. Evo Morales na Bolivia. O kirchnerismo na Argentina. A Frente Ampla no Uruguai. Rafael Correa no Equador. O PT de Lula e Dilma no Brasil.

Porque são governos que respondem ao desafio maior da nossa época: a superação do neoliberalismo e a construção de alternativas a esse projeto de radicalização do capitalismo. A polarização de hoje atualiza a contradição fundamental do Brasil e da América Latina contemporâneos, entre neoliberalismo e posneoliberalismo.


http://www.cartamaior.com.br/?/Blog/Blog-do-Emir/A-velha-e-a-nova-polarizacao/2/31949

Nenhum comentário:


Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz